“Fora da Caridade
não há salvação...” JUN 08
Então dirá o rei
aos que se acharem à sua direita: Vinde, benditos de meu Pai; tomai posse do
reino que vos está preparado desde o princípio do mundo. Porque eu estava com
fome, e me destes de comer; estava com sede e me destes de beber; andava
forasteiro e me agasalhastes; estava nu e me vestistes; estava doente, e me
visitastes; estava preso, e me viestes ver.
Então lhe perguntarão os justos:
Senhor, quando foi que te vimos com fome, e te demos de comer? quando com sede,
e te demos de beber? quando te vimos forasteiro, e te demos agasalho? quando
nu, e te vestimos? quando te vimos doente ou preso e te fomos ver?
Responder-lhes-á o rei: Em verdade,
vos digo que o que fizestes a alguém destes meus irmãos mais pequeninos, a mim
é que o fizestes.
Mateus, 25: 31 ss
Fácil coisa seria ao homem salvar-se se
bastasse amar a Deus em Deus.
Mas, amar a Deus no homem – oh
tremenda dificuldade!...
Delicioso me é, Senhor, amar-te de
todo o coração, de toda a alma, de toda a mente e com todas as minhas forças –
mas como posso amar-te, infinita Verdade e Beleza, através duma criatura que é
quase sempre caricatura do teu Ser?...
Posso amar-te, sim, meu Deus,
através das luminosas pupilas de inocente criança.
Posso amar-te no sorriso de linda
donzela...
Posso amar-te na envolvente simpatia
dum jovem na flor da mocidade...
Mas como posso amar-te... meu Deus,
na imunda esqualidez de um mendigo?... sob os sórdidos andrajos dum
vagabundo?... através das chagas pútridas dum leproso?... e até na lealdade
moral de um criminoso encarcerado?...
Para possuir-te, Senhor, devo amar o
mais amável dos Seres através da mais desamoráveis das tuas criaturas...
Huberto
Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
(Edição da Revista
dos Tribunais, SP - 1941)
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