domingo, 10 de junho de 2012

Amor e Amores...



“Amor e Amores...” JUN 10
           
                            
             Era na véspera da festa pascal. Sabia Jesus que era chegada a hora de passar deste mundo para o Pai e, como amava aos seus que estavam no mundo, até ao extremo os amou.
            Fizeram a ceia. Já o demônio insinuara no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o entregasse. Conquanto Jesus soubesse que o Pai lhe entregara tudo nas mãos, e que de Deus saíra e para Deus tornaria: levantou-se da ceia, depôs o manto, tomou uma toalha e com ela se cingiu; depois deitou água numa bacia e principiou a lavar os pés aos discípulos, enxugando-os com a toalha com que estava cingido.
            Veio a Simão Pedro, Este, porém, lhe disse: “senhor, tu me lavas os pés?”
            Respondeu-lhe Jesus: “O que eu faço, ainda agora não o compreendes; mais tarde, porém, o compreenderás.”
            Tornou-lhe Pedro: “Não me lavarás os pés eternamente.”
            Disse-lhe Jesus: “Se não te lavar, não terás parte comigo.”
            Respondeu Pedro: “Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça.”
            Replicou-lhe Jesus: “Quem tomou banho, não precisa senão de lavar os pés, e todo ele está limpo. Vós também estais limpos, mas nem todos.”
            É que conhecia o seu traidor; por isso disse: “Nem todos estais limpos.”               
João  13, 1 ss


                                                              * * *


Amor... Deus do céu, que horrendo abuso se tem feito desta palavra!... como foi desonrada esta formosa filha primogênita de Deus!...

Anda pelo mundo, esquálida mendiga, coberta dos imundos farrapos de abjeta luxúria, de vil egoísmo, de sórdido interesse, de infame exploração, de astuto mercantilismo... E tudo isso se chama amor...

            Que tem de comum essa horripilante caricatura com aquela excelsa maravilha que, na pessoa do Nazareno, jaz de joelhos aos pés de seus discípulos a prestar-lhes serviço de ínfimo escravo?

            “Como amava os seus, até ao extremo os amou...”

            Amor que não ama ao extremo não é amor... Amor que não sofre, que não se sacrifica, exaure, aniquila pelo amado, não é amor. O amor não quer ser servido – quer servir.
           

Huberto Rohden
in “Em Espírito e Verdade”
(Edição da Revista dos Tribunais, SP - 1941


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