quarta-feira, 9 de maio de 2012

O Espiritismo e os Jovens


O Espiritismo
 e os jovens
           
            Não só no Espiritismo, mas em quase todos os movimentos existentes ou que já existiram na Terra, encontraremos a participação dos jovens, contribuindo de maneira decisiva para o êxito de empreendimentos os mais diversos.

            Se deixarmos de lado as realizações essencialmente humanas - principalmente as que se desenvolvem no mundo de hoje - e nos voltarmos para o Cristianismo nascente, lá observaremos, ao lado de denodados anciãos e homens em plena madureza, a figura de jovens fiéis que se dedicaram ao serviço da Boa Nova oferecendo, inclusive, em muitas ocasiões, o sacrifício da própria vida.

            Dos 12 apóstolos do Mestre, apenas Tiago, filho de Alfeu, Simão, o zelote, e Simão Pedro teriam mais de 40 anos de idade por ocasião da crucificação de Jesus. Os demais,  segundo os registros da época, teriam pouco mais de 20 e pouco menos de 30 amos, enquanto João Evangelista tinha menos de 20 anos quando se iniciou no apostolado e se fez “apóstolo amado”. Por sua vez,  João Batista era também jovem ao se tornar o precursor, com idade aproximada da de Jesus.

            De mãos dadas na vivência e na defesa de um ideal sublime, adultos e jovens se confraternizavam nas dores que marcaram os três primeiros séculos do Cristianismo, até mesmo diante das feras nos circos romanos, onde os mais moços não fraquejaram na fé,  conforme se pode ver nas narrativas mediúnicas acerca daqueles dias.

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            Mas não somente na alvorada do Evangelho. Não era moço Agostinho ao começar o seu trabalho? Vinte anos tinha Francisco de Assis - "O Cristo da Idade Média" - quando ouviu a advertência das vozes espirituais. Dezesseis anos tinha Antônio de Pádua quando deixou o lar para dedicar-se ao estudo das coisas celestes, tornar-se expoente da oratória religiosa e transformar-se num anjo de ternura para as crianças e excelente médium de desdobramento. Quem era Joana d'Arc, senão uma jovem de 18 anos a ouvir as vozes dos seus santos? Tantos outros, tantos...

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            No Espiritismo, desde a primeira hora, figuras jovens se fizeram seareiras da Nova Revelação, com o mesmo ardor que caracterizou o Cristianismo no século primeiro.  E prosseguem no seio da Doutrina onde todos se confundem como discípulos de Jesus.

            Em Hydesville, em 1848, os "raps" vieram por intermédio da mediunidade de jovens de 14 e 15 amos de idade - as irmãs Fox. Anos depois, Allan Kardec iria servir-se das faculdades mediúnicas de outras jovens, como as Senhoritas Japhet, Aline e Boudin, para elaborar a Codificação. Florence Cook, aos 16 anos, desafiava o sábio William Crookes com a materialização de Katie King por seu intermédio. Elizabeth d’Espérance desde menina entrava em contato com os Espíritos e ainda na juventude foi um dos grandes médiuns de efeitos físicos. O conde de Rochester escrevia os seus romances através da jovem condessa Krijanovsky.  As adolescentes Cora Poldge, Emma Britten e Nettie Colburn maravilhavam auditórios com temas profundos, enquanto em transe mediúnico. Léon Denis tornou-se espírita aos 21 anos de idade. E Allan Kardec, na viagem doutrinária que realizou no outono de
1862, pediu aos dirigentes de grupos espíritas que permitissem aos jovens o acesso às reuniões espíritas.

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            No Brasil, os exemplos são também incontáveis até os dias atuais. Basta lembrar Francisco Cândido Xavier, que iniciou o seu apostolado aos 17 anos de idade. E ainda Yvonne Pereira, que era médium psicógrafa já aos 12 anos e que aos 20 tinha elaborados três dos seus livros mediúnicos e a responsabilidade de um posto para receituário e desobsessão. Leopoldo Cirne aos 21 anos foi eleito vice presidente da FEB (o Presidente era Bezerra de Menezes), passando à presidência dez anos depois.  Jovens também eram Frederico Júnior, Zilda Gama ao se integrarem no Espiritismo, assim como Divaldo Franco.

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            Segundo André Luiz, “infância, juventude, madureza e velhice são simples fases da experiência carnal". (1) Portanto, não se surpreenderá o espírita de idade avançada diante dos grandes trabalhos realizados por jovens no corpo, pois sabe que a evolução espiritual do ser não está bitolada à sua idade física. Nem conservará dentro de si o excessivo temor ante o jovem que busca responsabilidades.

            (1) e (2) "Mocidade e Velhice", mensagem do livro "Correio Fraterno", edição da FEB.
                (3) "Jovens e Adultos", mensagem publicada no "Brasil Espírita", suplemento de "Reformador" de agosto de 1971.

            É ainda André Luiz quem nos afirma que "mocidade da alma é condição de todas as criaturas que receberam com a existência o aprendizado  sublime. (2) Por isso, o espírita adulto mão se furtará ao convívio com os moços, evitando qualquer atitude ou estrutura de trabalho que levem ao isolamento das gerações, assim como os espíritas jovens não procurarão fugir ao convívio com os mais idosos,  beneficiando-se das suas experiências e reconhecendo com Emmanuel que "os jovens podem improvisar a formação de novos padrões para a existência e os adultos são naturalmente chamados a selecioná-Ios para que se conservem os que se mostrem bons - tudo isso nas bases do respeito mútuo", (3)

            O moço de hoje será o ancião de amanhã) o velho de agora retomará à Terra como jovem do futuro. No Espiritismo, as gerações se entrelaçam e produzem o bem que beneficiará a todos - os espíritos em evolução contemplados com os renascimentos sucessivos.

            Como se vê,  não há razão para que se coloquem obstáculos à integração do jovem no Centro Espírita - com a substituição dos processos que contribuem de várias formas para o isolacionismo - sem dúvida uma necessidade do movimento espírita. Afinal, o Espiritismo é um só.

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            Integrar o jovem no Centro Espírita é, pois, dever de todos nós, a fim de evitarmos movimentos paralelos, tais quais os que se verificam em muitos setores.

            As Mocidades Espíritas surgiram no Brasil como fruto das melhores intenções.
Entretanto, o reconhecimento desse antecedente não nos impede de afirmar que, ao longo dos anos (e já vão mais de quarenta anos), elas se tornaram em estímulos à bifurcação do movimento espírita, já tão ameaçado com as tentativas de compartimentalizações cada vez mais exóticas.

            Integrar é a palavra de ordem.

            Se o moço é um Espírito maduro em corpo novo, poderá produzir muito na seara espírita, ao lado dos mais velhos e sob as bênçãos dos ensinamentos evangélicos. Se é um desses que vemos constantemente inseguro e confuso, receberá, junto ao amor e a experiência dos mais vividos, a segurança e o roteiro precisos para caminhar na senda do Bem. Em qualquer circunstância, não há justificativa para se manter o jovem isolado do adulto e da instituição espírita. Sozinho é que ele estará mais próximo do abismo, pois os inimigos da Luz estão aí, prontos para indicar-lhe o caminho.

            Portanto, demos as mãos. E façamos no Centro Espírita um Culto Cristão do Lar mais amplo; tornemo-lo nossa outra família. Aliás, Emmanuel, respondendo à pergunta 363 do livro "O Consolador", afirma com clareza que os agrupamentos espíritas não devem ter estrutura semelhante à das instituições do mundo, guardando para si a característica familiar, com a luz da fraternidade a todos iluminando.


por Fomar José  Costa Morais 

inReformador’ (FEB) Janeiro 1974





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