sexta-feira, 13 de abril de 2012

Algumas Definições


Algumas definições

por Roque Jacintho


            Espiritismo é inovação no campo religioso.
            Rompendo com o milenar passado, reedita, com Jesus, os mais ajustados conceitos sobre a vida e a eternidade, dando-nos maioridade no campo espiritual.
            Valerá sempre apreender a dinâmica de suas definições.

Deus

            A primeira pergunta formulada por Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", inicia a revolução religiosa espírita: "Que é Deus?"
            Rompendo com o hábito de querer humanizar o Pai Celestial, quando se indagava: "Quem é Deus", à vista das limitações de nossa capacidade de analisar o abstrato, a Doutrina Espírita torna claro que há total despreocupação de querer dar ao Criador as roupagens ou forma humanas.
            É um encontro com Deus-essência e não homem.
            A resposta dos Espíritos é sintética: "Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas."

Justiça Divina

            Por milênios confundíamos Justiça Divina com um tribunal de julgamento, onde todas as nossas menores faltas eram anotadas e, após, cobradas sem comiseração pelas potências espirituais.
            Com isso, criamos lugares de punição para os faltosos.
            Céu, inferno, limbo, purgatório - são expressões do que julgávamos fossem os tribunais divinos ou os recantos construídos para a liquidação de nossos débitos espirituais.
            O Espiritismo, porém, esclarece que a Providência Divina é manifestação de amor sem limites e que a Espiritualidade (ou Deus), não são juízes empenhados em catalogar nossas falhas e omissões e nem estarão entregues ao afã de sentenciar-nos ou castigar-nos.          
            A Justiça é expressão de misericórdia.
            Os mais avançados tribunais humanos - porfiando pela reeducação de delinquentes ou transgressores das leis -  estão muito longe de exprimir toda a caridade com que somos envoltos pelos Maiores da Espiritualidade.
            O estado de consciência é que exprime a auto pena.
            Justiça não é sinônimo de pena de resgate.

Reencarnação  

            O nosso retorno às lides terrenas, por revestir-nos de um outro corpo, não é castigo e nem poderá ser confundido de imediato e sem ressalvas com manifestação da Justiça Divina.
            É Justiça, a reencarnação, no sentido de esquecimento do passado e, consequentemente, a nossa incapacidade de identificar com clareza os amigos e os inimigos.
            Graças ao olvido temporário, reingressamos em lares que já destruímos. Conseguimos ter por pais aqueles a quem podemos, quiçá, ter ofendido e maltratado. Poderemos amamentar-nos naquelas que ferimos e vilipendiamos. Recebemos oportunidade de re-harmonização, sem humilhação, com nossos desafetos.
            Os sofrimentos, no curso de uma romagem terrena, são efeitos imediatos da nossa falta de evolução espiritual. As dores não nos são impostas; nós as tomamos do acervo de nossa própria inexperiência.
            As frustrações, os traumas, as decepções, as desilusões, a insatisfação - exprimem a nossa condição evolutiva e não representam a cobrança imposta, o resgate planificado pelo Mundo Maior.

A Caridade é a Salvação

            Quebrando com o espírito de seita que sempre nos caracterizou nas mais diferentes épocas e nos mais diversos graus civilizatórios, o Espiritismo não aponta a si mesmo como o salvo-conduto para um mundo melhor.
            Ser espírita é tornar-se consciente das leis divinas.
            Mas o que efetivamente nos coloca acima de nossas paixões menos felizes é a vivência do amor fraternal, uma expressão da caridade moral. Poderemos ou não ser espíritas, sem que tal titulação religiosa, por si só, seja salvaguarda de impulsos grosseiros.
            Por outro lado, estamos sendo conclamados a não confundir caridade com esmola ou beneficência. Estas poderão ser uma das facetas da caridade. O seu princípio, um primeiro passo. Mas, a caridade que nos liberta do egoísmo e do orgulho é aquele movimento espontâneo de integração com o nosso semelhante, com o nosso companheiro de lutas redentoras, acima de qualquer expressão dinheirosa.
            É imensamente significativo, num mundo subdividido por grupos que se defendem de outros grupos, um conceito tão universal e anti-sectário como este esposado e difundido basilarmente pela Doutrina Espírita.

Evangelho  

            A Boa Nova do Senhor Jesus, enfeixada em expressões verbais no Evangelho, não é um livro de poderes mágicos, capaz de afastar o mal tão-somente por ser compulsado. Não é, igualmente, um tomo de obrigações religiosas, que leremos com mais ou menos fervor, desejando cumprir um ritual.
            Se não tem poderes especiais em si mesmo, não é fonte de controvérsias infindáveis, onde as expressões literais tenham mais força que o gênio que contenham.
            É roteiro de luz aos que já se conscientizaram de que, sem vida espiritual, ainda não tomamos distância das feras de que nos sabemos uma ramificação biológica.
            São as leis espirituais dinamizadas ...

            O Espiritismo precisa, dia a dia, ser redefinido por nós, notadamente pelos contrastes que levanta entre o que consagrávamos por correto e humano e o que efetivamente é natural e divino.

Reformador (FEB)  Março 1974



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