Discípulo
Fiel e Prudente
in ‘Reformador’ (FEB) Abril
1974
Somos muito
absoluto em nossas ideias?
Somos um cabeçudo
com quem nada se pode fazer?
Ah! meu Deus, cada
um tem seus pequenos defeitos;
temos o de não pensar ora branco, ora preto;
temos uma linha traçada
e dela não nos desviamos para ser agradável a ninguém.
É provável que
sejamos assim até o fim."
(Allan Kardec,
Revue Spirite, 1866, páginas
115/6. Le Spiritisme Indépendant.)
Retornou ao mundo espiritual de que
se afastara para o cumprimento de difíceis tarefas no plano físico, o velho
companheiro e amigo - ex-Presidente da Federação Espírita Brasileira -, o nosso
confrade Antônio Wantuil de Freitas.
É praticamente difícil, num simples
artigo elaborado às carreiras, quando este periódico já devia estar rodando nas
oficinas, dizer o suficiente sobre quem liderou o movimento espírita durante
tanto tempo - o mais longo período de um Presidente da FEB. Tentaremos, porém, dizer apenas o indispensável, em algumas linhas,
relativamente a uns poucos aspectos de sua marcante presença na Casa-Máter do
Espiritismo.
Em 24 de julho de 1936, o então Presidente
da FEB, Dr. Guillon Ribeiro, por
carta, solicitou a A. Wantuil de Freitas aquiescência para a
indicação de seu nome à Assembleia Deliberativa, exatamente para o cargo de
Gerente do “Reformador”. Por correspondência do dia seguinte, Wantuil recusava amavelmente o honroso
convite, por razões que Guillon Ribeiro
fulminou em mensagem do dia 27 do mesmo mês:
“O
que a malevolência ou a perversidade dos que procuram detrair o Espiritismo, ou
combatê-Io sem escrupulizar na escolha das armas de que se valham, possam
inventar para impedir que qualquer de nós sirva, da melhor maneira possível, à
causa santa de que ele, o Espiritismo, é símbolo, jamais deverá, nem poderá
constituir obstáculo a que acudamos ao chamamento dos nossos maiores, para o
desempenho da tarefa que nos hajam designado. Digo assim, porque, não
procedendo nunca precipitadamente à busca dos companheiros que venham ocupar um
posto na fileira, em que nos encontramos, dos que aqui na Federação se acham à
frente da obra que lhe está confiada; sendo antes essa busca fruto de maduras
cogitações, de meditações demoradas, bem podemos considerá-la resultado de inspiração
do Alto, o que vale dizer: feita, realmente, pelos nossos maiores da
Espiritualidade, por aqueles que são os verdadeiros dirigentes desta
Instituição. Foram eles, pois, que o escolheram e, como não agem senão
inspirados, a seu turno, pelo Mestre Divino, a Este, em última análise, é que
pertence a escolha de que falo (...).”
A epístola de Guillon se estende ainda a outras considerações, finalizando na
pressuposição de que a resposta, agora, só poderia ser favorável. No documento,
do próprio punho do nosso amigo recém-desencarnado, figura esta informação:
“Wantuil
não aceitou ainda. Guillon lhe telefonou para um entendimento na Federação.
Wantuil foi conhecer pessoalmente o seu futuro amigo. Confessou-Ihe todas as
suas imperfeições, mas, desse entendimento, resultou a sua eleição para a
Diretoria. Não houve argumentos que destruíssem os de Guillon.”
Durante mais de sete anos
consecutivos, Wantuil respondeu pela
Gerência do "Reformador”, cargo no
qual se houve com o valor que todos lhe conhecêramos.
Esses anos foram para o nosso
companheiro como que severa iniciação às responsabilidades que iria assumir,
nos 27 anos que se seguiriam, como Presidente da Casa de Ismael. Com efeito, ao contato com experimentados e
valorosos disseminadores do Evangelho do Senhor, em espírito e verdade, à
frente dos quais avultava o venerando Guillon
Ribeiro por suas reconhecidas virtudes intelectuais e morais, foi A. Wantuil de Freitas absorvendo,
assimilando, diríamos melhor: conscientizando-se das firmes diretrizes que as tradições
espirituais da nossa venerável Instituição mantêm vivas ao longo de quase um
século de trabalhos, de sacrifícios, de renunciações, inspirada nos exemplos e
testemunhos do Cristo de Deus.
Dentre as tradições a que nos
referimos, uma delas corresponde à linha programática do “Reformador”. Para ilustrar essa assertiva, reproduzimos o final da
carta que o então Presidente Guillon
Ribeiro dirigiu, em 1936, a confrade
que se prontificava a colaborar nestas colunas:
“
... o Reformador, na qualidade de órgão da Federação, obedece a uma orientação
doutrinária definida e invariável: a dessa Instituição, orientação essa que não
pode sofrer nenhuma solução de continuidade, por transigência com opiniões que
dela divirjam ou se afastem muito ou pouco.”
Na Gerência do “Reformador”, cargo a que sempre se referiu com respeitoso apreço, Wantuil viu fecharem-se as portas da FEB, por força de atos emanados de
autoridades competentes para emití-Ios, por duas vezes: a 27-10-1937 e a 9-4-1941.
Participou das providências e decisões que culminaram na reabertura da Casa,
dias após cada uma daquelas datas.
“A
singularidade do golpe, que só mais tarde alcançou outras agremiações da mesma
natureza, está, de certa maneira, a indicar que o verdadeiro alvo era o
Espiritismo. Ferido seriamente na cabeça, não poderia ele subsistir. Era
naturalmente o raciocínio dos que o hajam inspirado, sem levarem em conta a
irrevocabilidade da lei divina ...” (1937) “ ... não podemos, nem devemos, para
conhecimento dos que, de futuro, tratando da marcha do Espiritismo em nosso
país, estudem o período que ora transcorre, deixar de dizer alguma coisa acerca
do fato singularíssimo do fechamento de todas as agremiações espíritas desta Capital, a Federação inclusive, em virtude de uma
Portaria ...”
(1941).
Foram os batismos de fogo do futuro
Presidente da Casa de Ismael, cujos
detalhes, alguns surpreendentes, são encontráveis nas coleções do “Reformador”
dos anos indicados. Por razões óbvias, somente em 1948 seriam narrados episódios
ligados a 1941 (“Reformador” de
agosto de 1948[1], pp. 190/1), de que Wantuil teve direta, pessoal e perigosa
participação.
GuilIon
Ribeiro, de há muito, desejava recusar a sua reeleição, com o que jamais
concordaram os companheiros de Diretoria. Tampouco os Espíritos
aconselhavam-lhe qualquer resolução definitiva nesse sentido. Alguns anos antes
do seu desenlace, uma mensagem mediúnica, psicografada por Francisco Cândido Xavier, confirmava em linhas gerais, sob a
responsabilidade do nome respeitável de Bittencourt
Sampaio, orientação que lhe viera
anteriormente, no Grupo Ismael : “Não
podemos, no momento, prescindir da sua longa experiência ...” Mas, o tempo foi passando, e os homens por
ele. E é assim que, em 26-10-1943, Guillon
concluía um dos períodos mais brilhantes da Federação, regressando à Pátria
Espiritual.
A Assembleia Deliberativa reuniu-se
e elegeu Antônio Wantuil de Freitas
para terminar o mandato presidencial de Guillon
Ribeiro, reelegendo-o, posterior e
sucessivamente, enquanto a saúde permitiu-lhe manter-se a testa da Casa Máter
do Espiritismo, vinte e seis vezes.
Quantas iniciativas de profundas
repercussões marcaram a administração dinâmica e corajosa de A. Wantuil de Freitas? Outros companheiros dirão, melhor
do que nós, quanto foi feito em tantas áreas e em diversas épocas, com relação
ao Esperanto, a que ele deu plena cobertura, ao Pacto Áureo e ao Conselho
Federativo Nacional, ao chamado “Caso
Humberto de Campos”, ao “Reformador”,
às obras de sua autoria, aos centenários da Codificação do Espiritismo e de
cada obra da Codificação, às emissões de selos postais comemorativos (os únicos
no mundo), etc., etc. Dezenas e dezenas de livros, os mais importantes e
significativos para a era do Espírito, foram transferidos do Plano Espiritual
para o “Coração do Mundo” durante a
longa e profícua permanência desse querido confrade na direção terrena dos
destinos febianos.
Mas, de todas as obras, uma delas,
paralelamente ao “Reformador”, que lhe merecia um carinho muito grande, a do livro
espírita, recebeu de Wantuil de Freitas
dedicação ininterrupta desde o início de sua administração, conhecida no país e
no exterior pela sua profunda significação. Historiamos, em diversos artigos no “Reformador”,
a vida deste (outubro de 1972) e do Departamento Editorial, a nossa “Cidade do
Livro”, em São Cristóvão, (outubro de 1973), além de cada etapa da expansão do programa do livro (vide coleções de 1970/1973)[2], de sorte que não cansaremos o
leitor com repetições desnecessárias, bastando que ele recorra a fascículos ou
coleções indicados para sua completa elucidação com pertinência ao gigantesco
empreendimento, gigantesco pelo alcance quase ilimitado da instrução espiritual
que, graças a ele, a Espiritualidade Maior proporciona ao Espírito em evolução,
e gigantesco, ainda, face aos recursos mobilizados junto a uma comunidade de
crentes, quais soem ser os espíritas, grandemente onerada com responsabilidades
de variada gama no capítulo de auxílio e assistência ao próximo.
Vale a pena, neste ensejo, respigar
alguns tópicos de Wantuil no “Reformador”,
a propósito
da obra do livro que, pela sua natureza, envolve sempre os mais diversos
setores da atividade espírita. Por eles, lembraremos as lutas constantes que
precisou enfrentar em laboriosos decênios, recordando, também, a energia com
que invariavelmente precisou revestir suas atitudes e decisões, frente às
insinuações e acusações de toda sorte. Em 1947,
o “Reformador” de agosto apresentou,
em diversas páginas, impressionantes relatos sobre os ataques à obra do livro
espírita e as incursões dos inconformados com o programa da Federação.
“Se
examinarmos a História do Espiritismo, verificaremos que não foram os
adversários humanos os ocasionadores do desaparecimento das grandes sociedades
espíritas existentes em vários países no fim do século passado; antes,
concluiremos que tais adversários contribuíram indiretamente, estimulando
aquelas sociedades ao trabalho, e elas estariam até hoje prestando à Humanidade
os seus serviços, se a campanha dos adversários continuasse apenas dos
púlpitos, dos jornais e dos livros.” “ ... chegaremos à conclusão de que o
maior perigo reside dentro do nosso próprio meio, no qual agem os antagonistas
do outro plano da vida, inspirando discórdias, ataques e lutas, na esperança de
também ocasionarem o derrocamento do Espiritismo brasileiro. “No Brasil, além
da chamada questão do corpo fluídico, com a qual se iniciaram na Europa para a
destruição posterior da obra de Kardec, o que realmente conseguiram, outros
processos são utilizados, quais os de espalharem mentiras e até mesmo calúnias,
ora afirmando que a nossa Sociedade deixou de publicar as obras do Codificador; ora nos
tachando de interpoladores de princípios doutrinários em obras mediúnicas, numa
tentativa de apoucamento do respeito existente pelos nossos melhores médiuns,
ora, finalmente, apresentando a Federação, à qual devem o conhecimento
superficial que puderam adquirir da Doutrina, como muito mais perigosa que a
reunião do clero de todas as religiões que há um século nos combatem.”
Mas, o cuidado do nosso amigo não
ficava apenas na constatação do quadro desolador, pois em seguida a outras
considerações, com riqueza de detalhes, nos adverte:
“Esforcemo-nos
por nulificar-lhes o trabalho maléfico, sem contudo nos esquecermos de que tais
criaturas merecem (ser) amparadas
pelas nossas preces, a fim de que não venham a cair ainda mais e possam, assim
auxiliadas, reparar o mal...” “Verificando
que muita razão tinha Kardec em se dedicar à difusão da Doutrina pelo livro,
único veículo de penetração rápida e segura em todos os meios sociais, tivemos
a felicidade de fazer-nos compreendidos por um pequenino grupo de abnegados
companheiros, e, então, sem prejuízo dos serviços normais, há vários decênios
prestados pela Casa aos que lhe batem à porta e atualmente aumentados, nos
pusemos à obra de ampliação de nossas oficinas gráficas, ao mesmo tempo que
passávamos a selecionar os livros que mereciam (ser) divulgados. “Infelizmente,
porém, contrastando com o exemplo de confrades que, nessa e em outras
oportunidades, têm colaborado financeiramente no trabalho de difusão da
Doutrina pelo livro, outros companheiros, embora em condições de prestar
auxílio, preferiram, mais uma vez, permanecer insensíveis, agarrados ao
dinheiro de que são transitoriamente depositários; outros, por influência
daqueles mesmos Espíritos que agiram em outras regiões do planeta, lhe são até
mesmo contrários, e, num terceiro grupo, ainda outros existem cuja capacidade
de visão não está à aldura de perceber a finalidade da difusão do livro
espírita.”
E encerrando, em 1947, o seu
relatório, na parte ligada à Editora, escrevia Wantuil de Freitas:
“Deixamos,
pois, registrados neste Relatório, que certamente será lido pelos nossos
sucessores (profecia que se cumpre plenamente!), não somente os planos que nos foram inspirados e as dificuldades que os
Espíritos trevosos sempre apresentaram, apresentam e apresentarão através dos
seus instrumentos humanos, mas também a certeza de que os Espíritos superiores
jamais nos abandonarão, desde que sigamos a estrada até aqui palmilhada, com a
mesma abnegação, o mesmo carinho e a mesma fé que nos vêm orientando, dirigindo
e fortalecendo. Há movimento e ação em todos os nossos departamentos. Há
trabalho, esforço e dedicação entre todos os companheiros. Há, finalmente, a
proteção espiritual do Alto. Trabalhemos, portanto, com Jesus, por Jesus e para
Jesus, suplicando-lhe a continuação de suas bênçãos para nós e para quantos nos
estimulam ao trabalho através do mal que nos pretendem fazer.”
As prestações de contas, que na
Federação abrangem minucioso exame das ocorrências principais no campo
espírita, se fizeram sempre acompanhar de palavras francas e, por vezes, duras,
como estas de 1949:
“Já
vos dissemos de nossas constantes dificuldades financeiras, motivadas pelo
nosso processo de não visarmos lucro, mas de tornarmos o livro acessível ao
público, fazendo-o penetrar em todos os lares, mesmo nos classificados como
paupérrimos. Essa tem sido a nossa campanha, infelizmente pouco compreendida,
porque, em geral, a maioria dos nossos confrades só compreende a
caridade-dinheiro, alimento, pão material, desconhecendo a caridade maior, a
que leva o pão espiritual às criaturas, adaptando-as à Lei e conduzindo-as à
felicidade a que todos aspiramos.” “... à
exceção de meia dúzia de companheiros, os demais nem sequer pensaram no
assunto, receosos talvez de que a consciência lhes ordenasse retirar do bolso
os cruzeiros que supõem ser cambiáveis na aduana do Além. Grande, porém, enorme,
colossal, foi o número dos que nos procuraram combater por esse ou aquele meio,
tentando levar-nos ao desânimo, esperançosos de que nos fariam sucumbir, como
aconteceu à personagem do capítulo XXII do livro “Alvorada Cristã”. “A luta se travou entre nós e os invisíveis
que se apossaram de seus instrumentos humanos. Aos poucos, no entanto, fomos
observando que as nossas preces eram atendidas, que a obra se ia concretizando
e que, pela estrada, quais epilépticos em crise, os adversários ficaram caídos,
à espera da misericórdia de Deus, que, sabemos, lhes tocará um dia os corações.”
Sempre houve e há, ainda, quem
entenda devamos deixar as nossas Instituições desguarnecidas totalmente quando
atacadas, como se a omissão ou a acomodação com o mal fosse a solução
aconselhada pelo Evangelho. (Aliás, a respeito desse importante tema seria bom
relermos o capítulo 9 do livro “Nosso
Lar” de André Luiz, ed. FEB.) Mas, Wantuil, como todos os presidentes da
nossa Casa, inteirado do comportamento de Allan
Kardec no trato com os inconformados e
Invejosos, jamais polemizava, não tomava conhecimento de denúncias
anônimas, nem passava recibo às mentiras e às calúnias estampadas em certa
imprensa que, vez por outra, surge no mercado das ideias para tentar denegrir e
enlamear os pioneiros do progresso espiritual em nosso mundo. Nem à tal
imprensa, nem às brochuras, grandes ou pequenas, que se rotulam de pesquisa ou
estudo sério, mas que outro fim não visam senão tumultuar o trabalho
disciplinado e produtivo, dava ele a menor confiança.
Todavia, daí não se infira que ele
silenciasse a ponto de recusar ao espírita incipiente, sempre o grande
prejudicado pelas campanhas difamatórias, às criaturas de boa vontade ou de
poucas luzes, às nossas Casas espalhadas pelas regiões interioranas do país e a
todos os interessados, letrados ou não, a informação e o esclarecimento
correto. Wantuil de Freitas, pelo “Reformador”, de tudo dava conhecimento
aos espíritas, inclusive de quanto se passava, de importante, nas áreas das
religiões e das ciências, agindo nos termos do pensamento de Emmanuel, expresso no item 144, Em meio de lobos, do livro “Vinha de Luz”:
“... reportava-se (Jesus) a cordeiros fortes que
conseguissem respirar em plano superior aos lobos vorazes. Seria razoável
enviar ovelhas frágeis a bestas violentas? Seria o mesmo que ajudar a
carnificina. O Mestre, indubitavelmente, desejava as qualidades da ternura e
magnanimidade dos continuadores, mas não lhes endossaria as vacilações - e
fraquezas. Aliás, para serviço de tal envergadura, desdobrado em verdadeiras
batalhas espirituais, ele necessitava de cooperadores fiéis, bondosos,
prudentes, mas valorosos. Enviava os discípulos ao centro do conflito áspero,
não no gesto de quem remete carneiros ao matadouro, e sim à gleba de serviço,
onde pudessem semear novos e sublimados dons espirituais, entre os lobos
famintos, através da exemplificação no bem incessante. Entretanto, há
companheiros, ainda hoje, que se acreditam colaboradores do Cristo apenas
porque levantam aos céus as mãos postas, em atitude suplicante. Esquecem-se de
que Jesus
afirmou, peremptório: “Ide ! eis que vos mando!...”
Aos que desejarem saber o que Wantuil fazia inserir no “Reformador”, de sua autoria ou da de
companheiros, relativamente à virulência dos que imaginavam atingir-nos a Causa
e a Casa, damos a seguinte pesquisa parcial, suficiente, porém, à formação de
opinião justa sobre o assunto:
1) 1943,
jan. e fev. (sobre acusação pertinente a direitos autorais das obras de Allan
Kardec) ;
2) 1947, abro
e jun., pp. 85 e 132, respectivamente, “Acusação temerária”;
3) 1949,
mai., p. 118, “Demolidores”;
4) 1950,
juI., p. 162, “Textos adulterados”, por I. G. B[3].;
5) 1953,
jun., p. 127, “Obras das Trevas”; mai. (pp. 100/1) e ago. (p. 180), “Era fluídico
o corpo de Jesus?”;
6) 1963,
mai., pp. 105/9, “Diatribes à Casa de Ismael”, por Luciano dos Anjos (espécie
de consolidação das calúnias esparsas, devidamente anotada);
7) 1965,
jan., p. 8, “Censores inidôneos”, por Tibúrcio Barreto;
8) 1965,
dez., “Literatura e Iiteratice”, por Nazareno Tourinho.
O leitor atento observará que os
mesmos temas foram abordados em três épocas, mais ou menos a cada decênio,
certamente para bem esclarecerem as gerações novas que não tenham lido os
escritos mais antigos.
É óbvio que nos limitamos a citar os
casos mais em evidência, pois os outros se contam às centenas e dificilmente o “Reformador” deixava de assinalá-los em
suas edições.
“Quando
faço ou não faço uma coisa, é com madura reflexão e após ter pesado as consequências.
Sabemos muito bem que, por não termos incensado certos indivíduos, os afastamos
de nós, e eles se voltaram para o lado de onde vinha o incenso. Louvamos com
alegria os fatos realizados, os serviços prestados, porém jamais, por antecipação,
os serviços que possam prestar ou que prometam prestar. Quando cessamos de aprovar, não
censuramos; guardamos silêncio, a menos que o interesse da Causa nos force a
rompê-lo. Com eles (antagonistas de má fé ou de parti-pris)
, toda polêmica é ociosa, porque sem propósito, já que não os faz mudar de
opinião. Se às vezes rebato certos ataques e certas asserções errôneas é para
mostrar que não é a possibilidade de responder que falta, e para dar aos
espíritas meios de refutação, se necessário. (...) Até aqui não há uma só objeção séria que não
se ache refutada em meus escritos. (...) Digo, pois, a todos os espíritas:
continuai a semear a ideia. Espalhai-a com doçura e persuasão, e deixai aos
nossos antagonistas o monopólio da violência e da acrimônia, às quais só se
recorre quando não se sente bastante forte pelo raciocínio.
As palavras acima são do Codificador
do Espiritismo (‘Revue Spirite’,
1865, p. 3, 1863, pp. 155/6) e espelham a conduta da Federação Espírita
Brasileira, desde a sua fundação, em 1884.
Finalizando este artigo, que já se
torna longo, reproduziremos palavras de AIlan
Kardec, dos anos 1864 e 1865 (pp. 327/8 e p. 165, respectivamente, da ‘Revue Spirite’ ), na convicção de que,
guardadas as devidas proporções,
elas consubstanciam uma realidade de que Antônio
Wantuil de Freitas é um dos obreiros a quem elas têm plena aplicação:
“O
que fiz, outro poderia tê-lo feito em meu lugar. Em tudo isso, fui um simples
instrumento dos desígnios da Providência, e rendo graças a Deus e aos bons Espíritos
por se dignarem servir-se de mim. É tarefa que aceitei com alegria e da qual me
esforço em me tornar digno, rogando a Deus me conceda as forças necessárias
para desempenhá-la segundo sua santa vontade. Essa tarefa, entretanto, é
pesada, mais pesada do que possam imaginar;
e se ela tem para mim algum mérito, é porque tenho a consciência de não haver
recuado diante de nenhum obstáculo e de nenhum sacrifício : será a obra de
minha vida até meu último dia, pois que, diante de objetivo tão importante, todos
os interesses materiais e pessoais se apagam como pontos ante o infinito.
Sentia que não tinha tempo a perder, e não o perdi, nem em visitas inúteis, nem
em cerimônias ociosas. O Espiritismo foi a obra de minha vida. Dei-lhe todo o
meu tempo, sacrifiquei-lhe meu repouso, minha saúde, porque diante de mim o
futuro estava escrito em caracteres irrecusáveis.”
[1] Do
blogueiro: Dispomos deste exemplar. Breve postaremos..
[2] Aqui
também, afortunadamente, dispomos do material para a indispensável divulgação.
[3] Do blog:
I.G.B. = Ismael Gomes Braga
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