domingo, 25 de março de 2012

Antonio Wantuil de Freitas


Discípulo
Fiel e Prudente

inReformador’ (FEB) Abril 1974

Somos muito absoluto em nossas ideias?
Somos um cabeçudo com quem nada se pode fazer?
Ah! meu Deus, cada um tem seus pequenos defeitos;
 temos o de não pensar ora branco, ora preto;
temos uma linha traçada e dela não nos desviamos para ser agradável a ninguém.
É provável que sejamos assim até o fim."  

(Allan Kardec,
Revue Spirite, 1866, páginas 115/6. Le Spiritisme Indépendant.)


            Retornou ao mundo espiritual de que se afastara para o cumprimento de difíceis tarefas no plano físico, o velho companheiro e amigo - ex-Presidente da Federação Espírita Brasileira -, o nosso confrade Antônio Wantuil de Freitas.

            É praticamente difícil, num simples artigo elaborado às carreiras, quando este periódico já devia estar rodando nas oficinas, dizer o suficiente sobre quem liderou o movimento espírita durante tanto tempo - o mais longo período de um Presidente da FEB. Tentaremos, porém, dizer apenas o indispensável, em algumas linhas, relativamente a uns poucos aspectos de sua marcante presença na Casa-Máter do Espiritismo.

            Em 24 de julho de 1936, o então Presidente da FEB, Dr. Guillon Ribeiro, por carta, solicitou a A. Wantuil de Freitas aquiescência para a indicação de seu nome à Assembleia Deliberativa, exatamente para o cargo de Gerente do “Reformador”. Por correspondência do dia seguinte, Wantuil recusava amavelmente o honroso convite, por razões que Guillon Ribeiro fulminou em mensagem do dia 27 do mesmo mês:

            “O que a malevolência ou a perversidade dos que procuram detrair o Espiritismo, ou combatê-Io sem escrupulizar na escolha das armas de que se valham, possam inventar para impedir que qualquer de nós sirva, da melhor maneira possível, à causa santa de que ele, o Espiritismo, é símbolo, jamais deverá, nem poderá constituir obstáculo a que acudamos ao chamamento dos nossos maiores, para o desempenho da tarefa que nos hajam designado. Digo assim, porque, não procedendo nunca precipitadamente à busca dos companheiros que venham ocupar um posto na fileira, em que nos encontramos, dos que aqui na Federação se acham à frente da obra que lhe está confiada; sendo antes essa busca fruto de maduras cogitações, de meditações demoradas, bem podemos considerá-la resultado de inspiração do Alto, o que vale dizer: feita, realmente, pelos nossos maiores da Espiritualidade, por aqueles que são os verdadeiros dirigentes desta Instituição. Foram eles, pois, que o escolheram e, como não agem senão inspirados, a seu turno, pelo Mestre Divino, a Este, em última análise, é que pertence a escolha de que falo (...).”

            A epístola de Guillon se estende ainda a outras considerações, finalizando na pressuposição de que a resposta, agora, só poderia ser favorável. No documento, do próprio punho do nosso amigo recém-desencarnado, figura esta informação:

            “Wantuil não aceitou ainda. Guillon lhe telefonou para um entendimento na Federação. Wantuil foi conhecer pessoalmente o seu futuro amigo. Confessou-Ihe todas as suas imperfeições, mas, desse entendimento, resultou a sua eleição para a Diretoria. Não houve argumentos que destruíssem os de Guillon.”

            Durante mais de sete anos consecutivos, Wantuil respondeu pela Gerência do "Reformador”, cargo no qual se houve com o valor que todos lhe conhecêramos.

            Esses anos foram para o nosso companheiro como que severa iniciação às responsabilidades que iria assumir, nos 27 anos que se seguiriam, como Presidente da Casa de Ismael. Com efeito, ao contato com experimentados e valorosos disseminadores do Evangelho do Senhor, em espírito e verdade, à frente dos quais avultava o venerando Guillon Ribeiro por suas reconhecidas virtudes intelectuais e morais, foi A. Wantuil de Freitas absorvendo, assimilando, diríamos melhor: conscientizando-se das firmes diretrizes que as tradições espirituais da nossa venerável Instituição mantêm vivas ao longo de quase um século de trabalhos, de sacrifícios, de renunciações, inspirada nos exemplos e testemunhos do Cristo de Deus.

            Dentre as tradições a que nos referimos, uma delas corresponde à linha programática do “Reformador”. Para ilustrar essa assertiva, reproduzimos o final da carta que o então Presidente Guillon Ribeiro dirigiu, em 1936, a confrade que se prontificava a colaborar nestas colunas:

            “ ... o Reformador, na qualidade de órgão da Federação, obedece a uma orientação doutrinária definida e invariável: a dessa Instituição, orientação essa que não pode sofrer nenhuma solução de continuidade, por transigência com opiniões que dela divirjam ou se afastem muito ou pouco.”

            Na Gerência do “Reformador”, cargo a que sempre se referiu com respeitoso apreço, Wantuil viu fecharem-se as portas da FEB, por força de atos emanados de autoridades competentes para emití-Ios, por duas vezes: a 27-10-1937 e a 9-4-1941. Participou das providências e decisões que culminaram na reabertura da Casa, dias após cada uma daquelas datas.

            “A singularidade do golpe, que só mais tarde alcançou outras agremiações da mesma natureza, está, de certa maneira, a indicar que o verdadeiro alvo era o Espiritismo. Ferido seriamente na cabeça, não poderia ele subsistir. Era naturalmente o raciocínio dos que o hajam inspirado, sem levarem em conta a irrevocabilidade da lei divina ...” (1937) “ ... não podemos, nem devemos, para conhecimento dos que, de futuro, tratando da marcha do Espiritismo em nosso país, estudem o período que ora transcorre, deixar de dizer alguma coisa acerca do fato singularíssimo do fechamento de todas as agremiações espíritas desta Capital, a Federação inclusive, em virtude de uma Portaria ...” (1941).

            Foram os batismos de fogo do futuro Presidente da Casa de Ismael, cujos detalhes, alguns surpreendentes, são encontráveis nas coleções do “Reformador” dos anos indicados. Por razões óbvias, somente em 1948 seriam narrados episódios ligados a 1941 (“Reformador” de agosto de 1948[1], pp. 190/1), de que Wantuil teve direta, pessoal e perigosa participação.

            GuilIon Ribeiro, de há muito, desejava recusar a sua reeleição, com o que jamais concordaram os companheiros de Diretoria. Tampouco os Espíritos aconselhavam-lhe qualquer resolução definitiva nesse sentido. Alguns anos antes do seu desenlace, uma mensagem mediúnica, psicografada por Francisco Cândido Xavier, confirmava em linhas gerais, sob a responsabilidade do nome respeitável de Bittencourt Sampaio, orientação que lhe viera anteriormente, no Grupo Ismael : “Não podemos, no momento, prescindir da sua longa experiência ...”  Mas, o tempo foi passando, e os homens por ele. E é assim que, em 26-10-1943Guillon concluía um dos períodos mais brilhantes da Federação, regressando à Pátria Espiritual.

            A Assembleia Deliberativa reuniu-se e elegeu Antônio Wantuil de Freitas para terminar o mandato presidencial de Guillon Ribeiro, reelegendo-o, posterior e sucessivamente, enquanto a saúde permitiu-lhe manter-se a testa da Casa Máter do Espiritismo, vinte e seis vezes.

            Quantas iniciativas de profundas repercussões marcaram a administração dinâmica e corajosa de A. Wantuil de Freitas? Outros companheiros dirão, melhor do que nós, quanto foi feito em tantas áreas e em diversas épocas, com relação ao Esperanto, a que ele deu plena cobertura, ao Pacto Áureo e ao Conselho Federativo Nacional, ao chamado “Caso Humberto de Campos”, ao “Reformador”, às obras de sua autoria, aos centenários da Codificação do Espiritismo e de cada obra da Codificação, às emissões de selos postais comemorativos (os únicos no mundo), etc., etc. Dezenas e dezenas de livros, os mais importantes e significativos para a era do Espírito, foram transferidos do Plano Espiritual para o “Coração do Mundo” durante a longa e profícua permanência desse querido confrade na direção terrena dos destinos febianos.

            Mas, de todas as obras, uma delas, paralelamente ao “Reformador”, que lhe merecia um carinho muito grande, a do livro espírita, recebeu de Wantuil de Freitas dedicação ininterrupta desde o início de sua administração, conhecida no país e no exterior pela sua profunda significação. Historiamos, em diversos artigos no “Reformador”, a vida deste (outubro de 1972) e do Departamento Editorial, a nossa “Cidade do Livro”, em São Cristóvão, (outubro de 1973), além de cada etapa da  expansão do programa do livro (vide coleções de 1970/1973)[2], de sorte que não cansaremos o leitor com repetições desnecessárias, bastando que ele recorra a fascículos ou coleções indicados para sua completa elucidação com pertinência ao gigantesco empreendimento, gigantesco pelo alcance quase ilimitado da instrução espiritual que, graças a ele, a Espiritualidade Maior proporciona ao Espírito em evolução, e gigantesco, ainda, face aos recursos mobilizados junto a uma comunidade de crentes, quais soem ser os espíritas, grandemente onerada com responsabilidades de variada gama no capítulo de auxílio e assistência ao próximo.

            Vale a pena, neste ensejo, respigar alguns tópicos de Wantuil no “Reformador”, a propósito da obra do livro que, pela sua natureza, envolve sempre os mais diversos setores da atividade espírita. Por eles, lembraremos as lutas constantes que precisou enfrentar em laboriosos decênios, recordando, também, a energia com que invariavelmente precisou revestir suas atitudes e decisões, frente às insinuações e acusações de toda sorte. Em 1947, o “Reformador” de agosto apresentou, em diversas páginas, impressionantes relatos sobre os ataques à obra do livro espírita e as incursões dos inconformados com o programa da Federação.

            “Se examinarmos a História do Espiritismo, verificaremos que não foram os adversários humanos os ocasionadores do desaparecimento das grandes sociedades espíritas existentes em vários países no fim do século passado; antes, concluiremos que tais adversários contribuíram indiretamente, estimulando aquelas sociedades ao trabalho, e elas estariam até hoje prestando à Humanidade os seus serviços, se a campanha dos adversários continuasse apenas dos púlpitos, dos jornais e dos livros.” “ ... chegaremos à conclusão de que o maior perigo reside dentro do nosso próprio meio, no qual agem os antagonistas do outro plano da vida, inspirando discórdias, ataques e lutas, na esperança de também ocasionarem o derrocamento do Espiritismo brasileiro. “No Brasil, além da chamada questão do corpo fluídico, com a qual se iniciaram na Europa para a destruição posterior da obra de Kardec, o que realmente conseguiram, outros processos são utilizados, quais os de espalharem mentiras e até mesmo calúnias, ora afirmando que a nossa Sociedade deixou de publicar as obras do Codificador; ora nos tachando de interpoladores de princípios doutrinários em obras mediúnicas, numa tentativa de apoucamento do respeito existente pelos nossos melhores médiuns, ora, finalmente, apresentando a Federação, à qual devem o conhecimento superficial que puderam adquirir da Doutrina, como muito mais perigosa que a reunião do clero de todas as religiões que há um século nos combatem.”

            Mas, o cuidado do nosso amigo não ficava apenas na constatação do quadro desolador, pois em seguida a outras considerações, com riqueza de detalhes, nos adverte:

            “Esforcemo-nos por nulificar-lhes o trabalho maléfico, sem contudo nos esquecermos de que tais criaturas merecem (ser) amparadas pelas nossas preces, a fim de que não venham a cair ainda mais e possam, assim auxiliadas, reparar o mal...”  “Verificando que muita razão tinha Kardec em se dedicar à difusão da Doutrina pelo livro, único veículo de penetração rápida e segura em todos os meios sociais, tivemos a felicidade de fazer-nos compreendidos por um pequenino grupo de abnegados companheiros, e, então, sem prejuízo dos serviços normais, há vários decênios prestados pela Casa aos que lhe batem à porta e atualmente aumentados, nos pusemos à obra de ampliação de nossas oficinas gráficas, ao mesmo tempo que passávamos a selecionar os livros que mereciam (ser) divulgados. “Infelizmente, porém, contrastando com o exemplo de confrades que, nessa e em outras oportunidades, têm colaborado financeiramente no trabalho de difusão da Doutrina pelo livro, outros companheiros, embora em condições de prestar auxílio, preferiram, mais uma vez, permanecer insensíveis, agarrados ao dinheiro de que são transitoriamente depositários; outros, por influência daqueles mesmos Espíritos que agiram em outras regiões do planeta, lhe são até mesmo contrários, e, num terceiro grupo, ainda outros existem cuja capacidade de visão não está à aldura de perceber a finalidade da difusão do livro espírita.”

            E encerrando, em 1947, o seu relatório, na parte ligada à Editora, escrevia Wantuil de Freitas:

            “Deixamos, pois, registrados neste Relatório, que certamente será lido pelos nossos sucessores (profecia que se cumpre plenamente!), não somente os planos que nos foram inspirados e as dificuldades que os Espíritos trevosos sempre apresentaram, apresentam e apresentarão através dos seus instrumentos humanos, mas também a certeza de que os Espíritos superiores jamais nos abandonarão, desde que sigamos a estrada até aqui palmilhada, com a mesma abnegação, o mesmo carinho e a mesma fé que nos vêm orientando, dirigindo e fortalecendo. Há movimento e ação em todos os nossos departamentos. Há trabalho, esforço e dedicação entre todos os companheiros. Há, finalmente, a proteção espiritual do Alto. Trabalhemos, portanto, com Jesus, por Jesus e para Jesus, suplicando-lhe a continuação de suas bênçãos para nós e para quantos nos estimulam ao trabalho através do mal que nos pretendem fazer.”

            As prestações de contas, que na Federação abrangem minucioso exame das ocorrências principais no campo espírita, se fizeram sempre acompanhar de palavras francas e, por vezes, duras, como estas de 1949:

            “Já vos dissemos de nossas constantes dificuldades financeiras, motivadas pelo nosso processo de não visarmos lucro, mas de tornarmos o livro acessível ao público, fazendo-o penetrar em todos os lares, mesmo nos classificados como paupérrimos. Essa tem sido a nossa campanha, infelizmente pouco compreendida, porque, em geral, a maioria dos nossos confrades só compreende a caridade-dinheiro, alimento, pão material, desconhecendo a caridade maior, a que leva o pão espiritual às criaturas, adaptando-as à Lei e conduzindo-as à felicidade a que todos aspiramos.”   “... à exceção de meia dúzia de companheiros, os demais nem sequer pensaram no assunto, receosos talvez de que a consciência lhes ordenasse retirar do bolso os cruzeiros que supõem ser cambiáveis na aduana do Além. Grande, porém, enorme, colossal, foi o número dos que nos procuraram combater por esse ou aquele meio, tentando levar-nos ao desânimo, esperançosos de que nos fariam sucumbir, como aconteceu à personagem do capítulo XXII do livro “Alvorada Cristã”.  “A luta se travou entre nós e os invisíveis que se apossaram de seus instrumentos humanos. Aos poucos, no entanto, fomos observando que as nossas preces eram atendidas, que a obra se ia concretizando e que, pela estrada, quais epilépticos em crise, os adversários ficaram caídos, à espera da misericórdia de Deus, que, sabemos, lhes tocará um dia os corações.”

            Sempre houve e há, ainda, quem entenda devamos deixar as nossas Instituições desguarnecidas totalmente quando atacadas, como se a omissão ou a acomodação com o mal fosse a solução aconselhada pelo Evangelho. (Aliás, a respeito desse importante tema seria bom relermos o capítulo 9 do livro “Nosso Lar” de André Luiz, ed. FEB.) Mas, Wantuil, como todos os presidentes da nossa Casa, inteirado do comportamento de Allan Kardec no trato com os inconformados e  Invejosos, jamais polemizava, não tomava conhecimento de denúncias anônimas, nem passava recibo às mentiras e às calúnias estampadas em certa imprensa que, vez por outra, surge no mercado das ideias para tentar denegrir e enlamear os pioneiros do progresso espiritual em nosso mundo. Nem à tal imprensa, nem às brochuras, grandes ou pequenas, que se rotulam de pesquisa ou estudo sério, mas que outro fim não visam senão tumultuar o trabalho disciplinado e produtivo, dava ele a menor confiança.

            Todavia, daí não se infira que ele silenciasse a ponto de recusar ao espírita incipiente, sempre o grande prejudicado pelas campanhas difamatórias, às criaturas de boa vontade ou de poucas luzes, às nossas Casas espalhadas pelas regiões interioranas do país e a todos os interessados, letrados ou não, a informação e o esclarecimento correto. Wantuil de Freitas, pelo “Reformador”, de tudo dava conhecimento aos espíritas, inclusive de quanto se passava, de importante, nas áreas das religiões e das ciências, agindo nos termos do pensamento de Emmanuel, expresso no item 144, Em meio de lobos, do livro “Vinha de Luz”:

            “... reportava-se (Jesus) a cordeiros fortes que conseguissem respirar em plano superior aos lobos vorazes. Seria razoável enviar ovelhas frágeis a bestas violentas? Seria o mesmo que ajudar a carnificina. O Mestre, indubitavelmente, desejava as qualidades da ternura e magnanimidade dos continuadores, mas não lhes endossaria as vacilações - e fraquezas. Aliás, para serviço de tal envergadura, desdobrado em verdadeiras batalhas espirituais, ele necessitava de cooperadores fiéis, bondosos, prudentes, mas valorosos. Enviava os discípulos ao centro do conflito áspero, não no gesto de quem remete carneiros ao matadouro, e sim à gleba de serviço, onde pudessem semear novos e sublimados dons espirituais, entre os lobos famintos, através da exemplificação no bem incessante. Entretanto, há companheiros, ainda hoje, que se acreditam colaboradores do Cristo apenas porque levantam aos céus as mãos postas, em atitude suplicante. Esquecem-se de que Jesus afirmou, peremptório: “Ide ! eis que vos mando!...”

            Aos que desejarem saber o que Wantuil fazia inserir no “Reformador”, de sua autoria ou da de companheiros, relativamente à virulência dos que imaginavam atingir-nos a Causa e a Casa, damos a seguinte pesquisa parcial, suficiente, porém, à formação de opinião justa sobre o assunto:

1) 1943, jan. e fev. (sobre acusação pertinente a direitos autorais das obras de Allan Kardec) ;

2) 1947, abro e jun., pp. 85 e 132, respectivamente, “Acusação temerária”;

3) 1949, mai., p. 118, “Demolidores”;

4) 1950, juI., p. 162, “Textos adulterados”, por I. G. B[3].;

5) 1953, jun., p. 127, “Obras das Trevas”; mai. (pp. 100/1) e ago. (p. 180), “Era fluídico o corpo de Jesus?”;

6) 1963, mai., pp. 105/9, “Diatribes à Casa de Ismael”, por Luciano dos Anjos (espécie de consolidação das calúnias esparsas, devidamente anotada);

7) 1965, jan., p. 8, “Censores inidôneos”, por Tibúrcio Barreto;

8) 1965, dez., “Literatura e Iiteratice”, por Nazareno Tourinho.

            O leitor atento observará que os mesmos temas foram abordados em três épocas, mais ou menos a cada decênio, certamente para bem esclarecerem as gerações novas que não tenham lido os escritos mais antigos.

            É óbvio que nos limitamos a citar os casos mais em evidência, pois os outros se contam às centenas e dificilmente o “Reformador” deixava de assinalá-los em suas edições.

            “Quando faço ou não faço uma coisa, é com madura reflexão e após ter pesado as consequências. Sabemos muito bem que, por não termos incensado certos indivíduos, os afastamos de nós, e eles se voltaram para o lado de onde vinha o incenso. Louvamos com alegria os fatos realizados, os serviços prestados, porém jamais, por antecipação, os serviços que possam prestar ou que prometam prestar. Quando cessamos de aprovar, não censuramos; guardamos silêncio, a menos que o interesse da Causa nos force a rompê-lo. Com eles (antagonistas de má fé ou de parti-pris) , toda polêmica é ociosa, porque sem propósito, já que não os faz mudar de opinião. Se às vezes rebato certos ataques e certas asserções errôneas é para mostrar que não é a possibilidade de responder que falta, e para dar aos espíritas meios de refutação, se necessário. (...)  Até aqui não há uma só objeção séria que não se ache refutada em meus escritos. (...) Digo, pois, a todos os espíritas: continuai a semear a ideia. Espalhai-a com doçura e persuasão, e deixai aos nossos antagonistas o monopólio da violência e da acrimônia, às quais só se recorre quando não se sente bastante forte pelo raciocínio.

            As palavras acima são do Codificador do Espiritismo (‘Revue Spirite’, 1865, p. 3, 1863, pp. 155/6) e espelham a conduta da Federação Espírita Brasileira, desde a sua fundação, em 1884.

            Finalizando este artigo, que já se torna longo, reproduziremos palavras de AIlan Kardec, dos anos 1864 e 1865 (pp. 327/8 e p. 165, respectivamente, da ‘Revue Spirite’ ), na convicção de que, guardadas as devidas proporções, elas consubstanciam uma realidade de que Antônio Wantuil de Freitas é um dos obreiros a quem elas têm plena aplicação:

            “O que fiz, outro poderia tê-lo feito em meu lugar. Em tudo isso, fui um simples instrumento dos desígnios da Providência, e rendo graças a Deus e aos bons Espíritos por se dignarem servir-se de mim. É tarefa que aceitei com alegria e da qual me esforço em me tornar digno, rogando a Deus me conceda as forças necessárias para desempenhá-la segundo sua santa vontade. Essa tarefa, entretanto, é pesada,  mais pesada do que possam imaginar; e se ela tem para mim algum mérito, é porque tenho a consciência de não haver recuado diante de nenhum obstáculo e de nenhum sacrifício : será a obra de minha vida até meu último dia, pois que, diante de objetivo tão importante, todos os interesses materiais e pessoais se apagam como pontos ante o infinito. Sentia que não tinha tempo a perder, e não o perdi, nem em visitas inúteis, nem em cerimônias ociosas. O Espiritismo foi a obra de minha vida. Dei-lhe todo o meu tempo, sacrifiquei-lhe meu repouso, minha saúde, porque diante de mim o futuro estava escrito em caracteres irrecusáveis.”


[1] Do blogueiro: Dispomos deste exemplar. Breve postaremos..
[2] Aqui também, afortunadamente, dispomos do material para a indispensável divulgação.
[3] Do blog: I.G.B. = Ismael Gomes Braga


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