04 / 05 Antônio
Wantuil de Freitas
in ‘Reformador’ (FEB)
Abril 1974
"Por
Que Sou Cristão"
Na edição do "Reformador"
de junho de 1942, páginas 128/129, Wantuil
de Freitas subscreveu um pequeno artigo, à guisa de reafirmação de
profissão de fé, contando como se tornou cristão. Embora conhecendo bem o
Antigo e o Novo Testamentos, interpretados por outras correntes religiosas, ele
não se sentia satisfeito com os "milagres" ali mencionados, não vendo
neles algo que pudesse, realmente, apresentar uma base racional aceitável. Graças, porém, a "Os Quatro
Evangelhos", essa obra mediúnica de extraordinária valia, pôde ele
compreender a natureza intrínseca dos fatos citados pelos evangelistas.
O artigo, em sua eloquente
naturalidade e a seguir reproduzido, transmitirá ao leitor o que ocorreu com o
nosso companheiro. Intitulou-o: "Por
que sou cristão".
Cremos que 95% dos que formam nas hostes
espiritistas do Brasil foram trazidos pela dor.
Católicos, protestantes e materialistas
que militam hoje na propagação evangélica, segundo o Espiritismo, ou, seja, em
espírito e verdade, sofreram primeiramente o efeito salutar do buril divino,
para que então se voltassem para o Cristo
de Deus.
Os fatos comigo se passaram de maneira
diferente. Conhecendo o Antigo e o Novo Testamentos, interpretados por
católicos e protestantes, por ter eu estudado em colégios dessas duas
religiões, quando recebi convite para assistir a uma reunião espírita,
lembrei--me das palavras de Paulo - Examinai tudo e escolhei o que for bom - e
me dirigi para a sessão, aliás, convencido de que conseguiria desmascarar, ou,
pelo menos, explicar os fenômenos que me haviam relatado.
Inútil será dizer aos que me leem que não
consegui o que a minha vaidade humana aspirava e, assim, ao voltar da reunião,
trazia no bolso a lista das obras de Kardec,
que me foram aconselhadas pelo presidente da
sessão.
De posse dos livros básicos, passei a
estudar o Espiritismo e, durante meses, nada mais fiz que ler toda a literatura
existente em português e francês e em traduções de outras línguas para estas
duas. Li para mais de
duzentas obras e já acreditava na veracidade dos fenômenos. Admitia-os como
produzidos pelos desencarnados, mas, ainda havia um
vácuo no meu espírito: - não compreendia a razão por que misturavam o Cristianismo
com o Espiritismo.
Habituado às ciências positivas e
experimentais, eu não admitia que Jesus-Cristo
houvesse podido realizar os fenômenos relatados no Novo Testamento. Todas as
obras que me haviam tornado crente não conseguiram que eu acreditasse na
ressurreição e nos demais fenômenos, de sorte que, admiti-Ios sem que a minha
razão os aceitasse, seria enganar a mim mesmo e estar, ainda, de encontro à
-própria Doutrina que me aconselhava o cultivo da fé raciocinada e baseada nos
fatos experimentais.
Alguns meses levei nesta luta Intima e nela continuaria até
hoje, se não encontrasse a explicação dos pontos que me afastavam do Cristianismo,
explicação que só encontrei na obra - Os
Quatro Evangelhos, de Roustaing. Foi aí, nessa obra monumental, que
aprendi a estudar o Evangelho, conseguindo, finalmente, solidificar a minha fé
religiosa e compreender que o Espiritismo não é um ramo do Cristianismo, mas o
próprio Cristianismo redivivo.
Como veem, foi Roustaing quem me fez assimilar o Evangelho e compreender as obras
básicas que os Espíritos transmitiram a Allan Kardec, autor este que vem sendo
disseminado no Brasil, graças ao punhado de espíritas que, há 60 anos, fundaram
a Federação Espírita Brasileira, onde, durante todo esse tempo, vêm sendo
estudadas bissemanalmente as obras desses dois grandes missionários do século
XIX.
Se a Allan
Kardec devo o conhecimento da Doutrina que me forneceu os princípios
filos6ficos e científicos, a Roustaing
devo a felicidade de crer em Jesus-Cristo.
Roustaing não s6 me deu a certeza de
haver existido o Divino Mestre, como me fez crer na sua qualidade de Ser
Superior e, por isso mesmo, conhecedor dos fluidos, fluidos que, aos poucos, mui
lentamente, se tornam conhecidos dos homens.
Como, entretanto, a luz em demasia pode
ocasionar cegueiras e incompreensões, tal como aconteceu ao aparecer o Cristo na Terra, e mesmo por sabermos
que a evolução religiosa do Planeta sempre se processou por etapas, supomos que
a obra de Roustaing só poderá ser
compreendida e assimilada por todas as camadas sociais, quando a evolução
chegar à sua época.
O Cristo
s6 começou a ser compreendido centenas de anos depois de haver pregado a sua
Doutrina e, ainda assim, deturpada ou combatida
muitas vezes.
Que ele, o Cordeiro de Deus, se apiade de
seus governados da Terra e nos dê a luz de que necessitamos para levar ao nosso
próximo a certeza absoluta da bondade, da
justiça, da misericórdia e do amor paternal do Deus.
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