Coincidência
Na última palestra do ano, na Federação Espírita Brasileira, focalizamos o fenômeno dos "Agêneres", com base em "O Livro dos Médiuns" (cap. VII, da 2.a parte); em "O Evangelho segundo o Espiritismo" (cap. XXV e XXVII); na "Revista Espírita" (fevereiro de 1859, págs. 38 a 44); no Antigo Testamento ("O Livro de Tobias") e, ainda, no Evangelho do Senhor Jesus (Mateus, cap. XI, v. 11).
À noite, no "Fantástico", da TV Globo, em homenagem ao recém-desencarnado "Almirante", foi dramatizado um dos casos do seu arquivo, que é considerado um dos maiores do Brasil, organizado ao tempo em que dirigia o programa radiofônico "Incrível, Fantástico, Extraordinário".
Coincidência ou não, o caso apresentado, escolhido entre milhares, ocorrido em São Paulo, foi o da materialização espontânea de um Espírito ("agênere") que, no programa, foi considerado uma visita de "fantasma".
Enfoquemos algumas passagens.
O "fantasma" (sob a aparência de uma mulher) chega à casa onde os fatos se desenrolarão em companhia de uma senhora, que a conhecera na rua. Chegada natural, com as apresentações costumeiras, ficando esclarecido que a estranha "reside" no Rio de Janeiro e ali se encontra (São Paulo), para resolver um negócio. Conversação amena, interrompida pelo "fantasma" que, em dado momento, se levanta e, caminhando em direção a uma foto existente na sala, designa o nome de cada um dos fotografados, o que não pode ser confirmado pelas duas amigas que a recepcionam, pois a foto pertence ao marido da dona da casa, ausente. Ele, ao chegar, confirma os nomes indicados e se surpreende quando o "fantasma" lhe diz que o conhece de vista, pois que o via fazer refeições em determinado bar no Rio de Janeiro, o que é por ele confirmado prontamente.
À pág. 40 da "Revista Espirita", de fevereiro de 1859, o Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, assim se expressa:
"Um Espírito cujo corpo fosse inteiramente visível e palpável dar-nos-ia a aparência de um ser humano, poderia conversar conosco, sentar-se em nosso lar, como qualquer visita, pois que o tomaríamos como um de nossos semelhantes."
Apesar de ter "pernoitado" na casa, não aceitou alimentos e repetiu, muitas vezes, "tenho pouco tempo", "tenho sede".
Em "O Livro de Tobias", cap. XII, v. 19, o "anjo" que acompanhou Tobias, a que se refere Allan Kardec nos capítulos XXV e XXVII, de "O Evangelho segundo o Espiritismo", esclarece:
"A vós parecia-vos que eu comia e bebia convosco, mas eu sustento-me dum manjar invisível e duma bebida que não pode ser vista dos homens."
Em nenhum momento o "fantasma" se identifica como desencarnado, embora citasse ter tomado veneno e que fora submetido a uma operação cirúrgica, indicando o tempo decorrido, o nome e a localização da Casa de Saúde, no Rio de Janeiro (o que foi, posteriormente, confirmado pelo dono da casa).
O insigne Codificador da Doutrina Espírita, pág. 41, do já citado número da "Revista Espírita", ensina:
"O agênere propriamente dito não revela a sua natureza e aos nossos olhos não passa de um homem comum."
No dia seguinte o "fantasma" vem descendo a escada em direção à sala de refeições, onde as duas amigas já a esperam para o lanche, e, após repetir "tenho pouco tempo", "tenho sede", "estou cansada", se desmaterializa! Aqui os parabéns à TV Globo! Que exemplo de técnica! Milhões de telespectadores "viram" a desmaterialização!
Pois, no cap. XII, v. 21, do focalizado "O Livro de Tobias", encontramos:
"E tendo dito estas palavras, desapareceu diante deles, e eles não o puderam ver mais."
No final, quando o marido telefona para dar a notícia de que estivera na Clínica, confirmara todos os dados e acrescenta que a visitante "morrera" na mesa de operações, a dona da casa "compreende" que hospedara um "fantasma". Registre-se que a dona da casa ainda está encarnada e, entrevistada no início do programa, confirmou o fato.
É por isso que dizemos que o Espiritismo não veio criar ou inovar, veio esclarecer.
Os agêneres existiram, existem e existirão, mas só a Doutrina Espírita os explica de forma simples e racional, tirando o aspecto milagroso ou sobrenatural, como indica o Codificador em "O Livro dos Médiuns", em especial no capítulo VI, da 2ª parte, ao se referir ao perispírito e às suas propriedades.
José Dias Innocêncio
in “Reformador” (FEB) Fevereiro 1981
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