O Reino dos Céus é
aqui e agora.
Todos os grandes iluminados da humanidade afirmam que o homem pode criar, aqui e agora, o reino de Deus. Mas os discípulos e epígonos dos grandes mestres foram incapazes de perpetuar os altos voos da intuição criadora deles, e desceram às baixadas das teologias humanas. Trocaram a Verdade pelo Poder - a Verdade do Eu pelo Poder do ego. Alguns desesperaram definitivamente da possibilidade de realizarem, aqui na terra, uma nova ordem de coisas, contentando-se com uma pseudo felicidade baseada em prazeres e bens materiais. Outros relegaram o reino dos céus para além da morte e a regiões distantes, que, supostamente, se alargam em outras partes do Universo; na vida presente, dizem eles, nada se pode modificar; ela tem de continuar assim como é, composta de exploradores e explorados.
Esses conformistas e esses escapistas se mancomunaram, há séculos, no desespero do reino de Deus sobre a face da terra, que eles consideram como uma utopia, sonho quimérico de uns pobres idealistas e otimistas.
Entretanto, todos os grandes mestres da vida, sobretudo o Cristo, afirmam que o reino dos céus pode e deve ser proclamado, pelo menos inicialmente, aqui e agora.
Ainda há pouco, um escritor inglês, Frederic Banders, no seu livro "In the power ot the Infinite" repetiu essa mensagem dos grandes iluminados, escrevendo, entre outras coisas, o seguinte:
"O reino do Cristo não jaz em alguma esfera longínqua; o reino de Deus não é condicionado por tempo e espaço. Muitos pensam que a vida terrestre, com os seus sofrimentos e suas angústias, seja um estágio preliminar para a vida eterna e que o homem deva suportar as misérias desta vida até que soe a hora da libertação.
Entretanto, o reino dos céus ficará distante enquanto nós o considerarmos distante. E, contudo, é agora mesmo que vivemos no reino de Deus, e não há nenhum outro mundo. Somente o nosso consciente obscurecido é que nos torna cegos para as glórias do mundo espiritual, no qual vivemos. O homem que tem a permanente consciência da presença de Deus vive agora mesmo na harmonia do seu reino, numa atitude inatingível pelas vicissitudes dos fenômenos externos.
Não podemos descrever a um surdo as belezas da música, nem podemos dar a um cego ideia das cores - e da mesma forma não podemos fazer compreender as glórias do reino do Cristo a um incrédulo que não as tenha experimentado pessoalmente. Da cadeia e do alcance dos seus próprios pensamentos tece o homem, dia a dia, o seu céu e o seu inferno.
Céu e inferno não são estados futuros que nos esperem depois da morte. A morte não modifica em nada o estado do homem; e os chamados mortos não estão mais perto de Deus do que os vivos. A morte não representa a transição para um estado perfeito. A disposição de espírito de um defunto continua a ser a mesma após-morte que foi durante a vida terrestre.
A revelação do reino de Deus se dá diariamente nas almas capazes de recebê-Ia, e cada pensamento espiritual acelera o advento universal desse reino."
Huberto Rohden
in “Roteiro Cósmico” (Ed. Freitas Bastos 1966)
Nenhum comentário:
Postar um comentário