‘Ãnimo Cristão’
Contrariamente ao que muitos possam presumir, a mensagem do Evangelho não é vivenciável pelos covardes de ânimo, nem pelos de pouca fé, mas somente por quem já adquiriu a serena coragem dos pobres de espírito, dos famintos de justiça e dos puros de coração. Ela não serve para os que ainda se comprazem no egoísmo, para os temerosos do mundo, para os que, receosos de abraçar a própria cruz, são ainda incapazes de seguir as pegadas do Mestre e de avançar com Ele à luz do dia e aos olhos da multidão.
Quantos pretendam um condutor acomodatício e maneiroso, um instrutor dúbio e oportunista, um guia preocupado em escolher caminhos floridos e fáceis, para realizações amenas e efêmeras, certamente se enganarão se procurarem a Jesus.
Cristo é mestre de coragem e de renúncia, que jamais se esquivou aos testemunhos ásperos da verdade e do trabalho e foi fiel a Deus até o supremo sacrifício de si mesmo.
Comodidades e aplausos, doçuras perenes e obras de aparência, não se encontram na sua messiânica exemplificação de austera e veraz simplicidade. Na seara das realidades crísticas, ninguém encontrará senão o pão vivo do bem fazer e a água lustral do suor santificante. A cátedra do Excelso Ensinador é a da renovação para a eternidade e não a da ilusão falaz que só dura um rápido minuto fugidio.
Firmemo-nos, assim, na sagrada disposição e no corajoso desprendimento de quem aceita a honra do Celeste Convite para construir, com Jesus, o Reino de Deus, pedra a pedra, tijolo a tijolo, palmo a palmo, nas sombras e nos charcos do abismo.
O desafio que a Excelsa Bondade faz ao cristão é o chamamento a uma luta que não conhece quartel, que não sabe o que sejam armistícios ou acomodações com o mal.
Se o nosso coração já amadureceu bastante para aceitá-lo, tomemos nosso cajado e varemos confiantes a noite em que as circunstâncias transitórias nos obriguem a caminhar. Afinal, sabemos para onde vamos, conhecemos o rumo certo e temos a visão clareada pela luz que vem de Cima.
Jesus segue à nossa frente. Que possamos segui-lo, valorosamente, deve ser nossa sincera oração de todos os dias ao Pai que está nos Céus.
Jacó
por Hernani T. Sant’Anna
in “Correio entre Dois Mundos” 1ª Ed. FEB 1990
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