quinta-feira, 10 de novembro de 2011

04 / 07 Algumas Ideias e Pensamentos de Allan Kardec


Allan Kardec
Algumas Ideias e Pensamentos (4)

Coligidos por Sylvio Brito Soares

Reformador (FEB)   Julho 1957

Siglas usadas no final de cada ideia ou pensamento, indicadoras das obras de onde foram extraídos.

C. I. - O Céu e o Inferno
E. - O Evangelho segundo o Espiritismo
G. - A Gênese
L. E. - O Livro dos Espíritos
L. M. - O Livro dos Médiuns
O. P. - Obras Póstumas
Oq. - O que é o Espiritismo
P. E. - O Principiante Espírita
R - Reformador
R. S. - La Revue Spirite


Espiritismo

            A crença no Espiritismo ajuda o homem a se melhorar, firmando-lhe as ideias sobre certos pontos do futuro. Apressa o adiantamento dos indivíduos e das massas, porque faculta nos inteiremos do que seremos um dia, E' um ponto de apoio, uma luz que nos guia. O Espiritismo ensina o homem a suportar as provas com paciência e resignação; afasta-o dos atos que possam retardar lhe a felicidade, mas ninguém diz que, sem ele; não possa ela ser conseguida. (L.E.- Pág. 442)

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            O lado mais belo do Espiritismo é o lado moral; é por suas consequências morais que ele triunfará, pois aí está a sua força, e por aí é invulnerável. Inscreveu em sua bandeira: Amor o Caridade, e diante desse paládio mais poderoso que o de Minerva, porque vem do Cristo, a própria incredulidade se inclina.(R. S., 1861 Pág. 57)

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            O Espiritismo é uma doutrina filosófica que tem consequências religiosas como toda filosofia espiritualista: por isso mesmo ele toca nas bases fundamentais de todas as religiões: Deus, a alma e a vida futura; mas não é uma religião constituída, posto que não tem culto, nem templo, e entre seus adeptos nenhum recebe o titulo de sacerdote ou grande-sacerdote. (R. S . 1869. – Pág. 25)

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            O Espiritismo proclama a liberdade de consciência  como um direito natural, reclamando-a para os seus adeptos, bem como para todo o mundo. Ele respeita todas as convicções sinceras, e pede para si tratamento reciproco. (R.S. 1867. Pág. 278)
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            O Espiritismo, marchando com o progresso jamais será excedido, visto que, se novas descobertas lhe mostrarem que está em erro sobre certo ponto, ele ai se modificará; se nova verdade se revelar ele a aceitará. (R.S. 1867. – Pág. 278)

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            O Espiritismo não diz: "Fora do Espiritismo não há salvação", mas com o Cristo: "Fora da Caridade não há salvação", princípio de união, de tolerância que reunirá os homens num universal sentimento de fraternidade, em vez de os dividir em seitas inimigas. Através desse outro princípio "A fé só é inabalável quando pode olhar a razão, face a face, em todas as épocas da Humanidade", o Espiritismo destrói o império da fé cega que aniquila a razão, o império da obediência passiva que embrutece, e emancipa a inteligência do homem. e levanta seu moral.  (R.S. 1866. –Pág.. 299)

Espírito

            O Espirito é quem dá à carne as qualilidades correspondentes ao seu instinto, tal como o artista que imprime à sua obra material o cunho do seu gênio. Libertado dos instintos da bestialidade, elabora um corpo que não é mais um tirano da sua aspiração, para espiritualidade do seu ser, e é quando o homem passa a comer para viver e não mais viver para comer. (C.l.- Pág. 85, R.S. Março, 1869)

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            Não se deve perder de vista que o Espírito não se transforma subitamente, após a morte do corpo. Se viveu vida condenável, é porque era imperfeito. Ora , a morte não o torna imediatamente perfeito. Pode, pois, persistir em seus erros, em suas falsas opiniões, em seus preconceitos, até que se haja esclarecido pelo estudo, pela reflexão c pelo sofrimento. (L. E. - Pág. 447)


Espíritos

            Dizemos que os Espíritos são imateriais, porque, pela sua essência, diferem de tudo o que conhecemos sob o nome de matéria. Um povo de cegos careceria de termos para exprimir a luz e seus efeitos. O cego de nascença se julga capaz de todas as percepções pelo ouvido, pelo olfato, pelo paladar e pelo tato. Não  compreende as ideias que só lhe poderiam ser dadas pelo sentido que lhe falta. Nós outros somos verdadeiros cegos com relação à ausência dos seres sobre-humanos. Não os podemos definir senão por meio de comparações imperfeitas ou  por um esforço da imaginação. (L.E. - Pág. 79)


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            Colocando-se num ponto de vista diferente, cada um compreenderá que, não sendo os Espíritos mais que as almas dos homens, todos nós seremos Espíritos, depois da morte, e que, nestas condições, não havemos de ter muita disposição a servir de joguetes, para satisfação da fantasia dos curiosos. (P. E. - Pág. 52)
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            Faz-se, geralmente uma ideia muito errônea do estado dos Espíritos; eles não são, como alguns acreditam, seres vagos e indefinidos, nem chamas semelhantes a fogos-fátuos, nem fantasmas como os pintam nos contos de almas de outro mundo. São seres nossos semelhantes, tendo como nós um corpo, mas fluídico invisível no estado normal. (Oq. - Pág. 107)

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            Os Espíritos revestidos dos seus corpos materiais constituem a Humanidade ou mundo corporal visível; despojados desses corpos, formam o mundo espiritual ou invisível que povoa o espaço e no meio do qual vivemos, sem disso desconfiar, como vivemos no meio do mundo dos infinitamente pequenos, de que não suspeitávamos, antes da invenção do microscópio. (Oq. – Pág. 109)

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            O Espiritismo não descobriu nem inventou os Espíritos, como não descobriu o mundo espiritual, no qual se acreditou em todos os tempos; todavia, ele o prova por fatos materiais e o apresenta em sua verdadeira luz, desembaraçando-o dos preconceitos e ideias supersticiosas, filhos da dúvida e da incredulidade. (Oq. – Pág. 143)

Evangelho

            O Espiritismo, longe de negar ou destruir o Evangelho, vem, ao contrário, confirmar, explicar e desenvolver, pelas novas leis da Natureza, que revela, tudo quanto o Cristo disse e fez; elucida os pontos obscuros do ensino cristão, de tal sorte que aqueles para quem eram ininteligíveis certas partes do Evangelho, ou pareciam inadmissíveis, as compreendem e admitem, sem dificuldades, com o auxílio desta doutrina; veem melhor o seu alcance e podem distinguir entre a realidade e a alegoria; O Cristo Ihes parece maior;  já não é simplesmente um filósofo, é um Messias divino, (G. – Pág. 32)

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            Os fatos que o Evangelho relata e que foram até hoje considerados milagrosos pertencem, na sua maioria, à ordem dos fenômenos psíquicos, isto é, dos que têm como causa primária as faculdades e os atributos da alma. (G. - Pág. 292)

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Evolução

            Sucedeu ao Espiritismo o que sucede no começo  de todas as coisas: os primeiros não puderam ver tudo, cada um viu de seu lado e se apressou em comunicar suas impressões do seu ponto de vista, de conformidade com suas ideias e seus preconceitos. Ora, não se sabe que, conforme o meio, um objeto pode parecer quente a um, enquanto que outro o achará frio ?  (R.S. - 1858; R. - Dezembro 1948)

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            Com o desenvolvimento das ideias, tudo tem que progredir em torno do homem, porque tudo se liga, tudo é solidário em a Natureza: ciências, crenças, cultos, legislações, meios de ação. O movimento para a frente é  irresistível, porque é lei da existência dos seres. O que quer que fique para trás, abaixo do nível social, é posto de lado, como vestuário que se tornou imprestável e, finalmente, arrastado pela onda que se a avoluma. (O. P. - 193)

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            As almas ou Espíritos progridem mais ou menos rapidamente, mediante o uso do livre arbítrio, pelo trabalho e pela boa vontade. (O.P. – Pág. 182)

Exploradores

            Os que vivem à custa das privações dos outros exploram, em seu proveito, os benefícios da Civilização. Desta tem apenas o verniz, como muitos há que de religião só tem a máscara. (L.E. – Pág. 331)

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            Todos quantos veem no Espiritismo coisa diferente de uma exibição  de fenômenos curiosos, que compreendem e tomam a peito a dignidade, consideração e os verdadeiros interesses da Doutrina, reprovam toda espécie de especulação, qualquer que seja a forma ou disfarce com que se apresente. (Oq . – Pág. 56)

Fenômenos

            Os fenômenos espíritas, longe de abandonarem os falsos Cristos e os falsos profetas, como a algumas pessoas apraz dizer, golpe mortal desferem neles, Não peçais ao Espiritismo prodígios, nem milagres, porquanto ele formalmente declara que os não opera. (E. – Pág. 270)

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            Os fenômenos espíritas, longe de serem a parte essencial do Espiritismo constituem lhe apenas o acessórios, um meio suscitado por Deus para vencer a incredulidade que invadiu a sociedade. É sobretudo na aplicação dos seus princípios morais que o Espiritismo se destaca, e é dentro deste o aspecto que se reconhecem os espíritas sinceros. (R.S. 1865 – Pág. 92)

Fraternidade

            Quando os homens compreenderem o Espiritismo, compreenderão também a verdadeira solidariedade e, conseguintemente, a verdadeira fraternidade. Uma e outra deixarão de ser simples deveres circunstanciais, que cada um prega as mais das vezes no seu próprio interesse, não no de outrem. (O. P. - Pág. 200)

Futuro

            Bem poucos homens vivem despreocupados do dia seguinte. Ora, se cada um se inquieta pelo que virá após o dia que está transcorrendo, com mais forte razão é natural se preocupe com o que haverá depois do grande dia da vida, pois já não se trata de alguns instantes, mas da eternidade.  Viveremos ou não viveremos, findo esse grande dia?  Não há meio termo; é uma questão de vida e de morte; é a suprema alternativa!... (O. P. - Pág. 176)

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            A Doutrina Espírita transforma completamente a perspectiva do futuro. A vida futura deixa de ser uma hipótese para ser realidade. O estado das almas depois da morte não é mais um sistema, porém  o resultado da observação. (C. I. - Pág. 23)

Generosidade

            A verdadeira generosidade adquire toda a sublimidade quando o benfeitor; invertendo os papéis, acha meios de figurar como beneficiado diante daquele a quem presta serviço. Eis o que significam estas palavras: Não saiba a mão direita o que dá a direita. (E. – Pág. 178)

Gêneses
            De todas as Gêneses antigas, a que mais se aproxima dos modernos dados científicos, sem embargo dos erros que contém, postos hoje em evidência é, incontestavelmente a de Moisés. Alguns desses erros são mesmo mais aparentes  do que reais e provem, ou de falsa interpretação atribuída a certos termos cuja primitiva significação perdeu, ao passarem de língua em língua pela tradução, ou cuja acepção mudou  com os costumes dos povos, ou, também, decorrem da forma alegórica peculiar ao estilo oriental e que foi tomada ao pé da letra, em vez de se lhe procurar o espírito. (G. - Pág. 83)

Infalibilidade

            O homem que julga infalível a sua razão está bem perto do erro. Mesmo aqueles, cujas ideias são as mais falsas, se apoiam na sua própria razão e é por isso que rejeitam tudo o lhes parece impossível. Os que outrora repeliram as admiráveis descobertas de que a Humanidade se honra, todos endereçavam seus apelos a esse juiz para repeli-las. O que se chama razão não é muitas vezes senão orgulho disfarçado e quem quer que se considere infalível apresenta-se como igual a Deus. Dirigimo-nos, pois, aos ponderados que duvidam do não viram, mas que, julgando o futuro pelo passado, não creem que o homem haja chegado ao apogeu, nem que a Natureza lhe tenha facultado ler a última página do seu livro  (L. E.- Pág.28)

Inferno

            O inferno está no próprio coração do culpado, que tem nos remorsos o seu castigo, não mais, todavia, eterno, e ao mau, que toma o caminho do arrependimento se depara de novo com a esperança, sublime consolação dos desgraçados. (O. P. – Pág. 146)

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            Dependendo o sofrimento da imperfeição, como o gozo da perfeição, a alma traz consigo o próprio castigo ou prêmio, onde quer que se encontre, sem necessidade de lugar circunscrito. O inferno está por toda parte em que haja  almas sofredoras, e o céu, igualmente onde houver almas felizes. (C. I. – Pág. 88.)


- Continua  -

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