Falsos Profetas
7,15 Acautelai-vos dos falsos profetas
que se vos apresentam disfarçados em ovelhas,
mas, por dentro, são lobos perturbadores.
Para Mt (7,15) -Falsos Profetas- leiamos, em “Jesus e Kardec”, de Roque Jacintho:
“Espiritismo Organizado...
- Por que não é o Espiritismo uma religião organizada? Bastas vezes você terá refletido, examinando os quadros de trabalho do Espiritismo-cristão: por que motivos uma doutrina tão fértil e consoladora não se organiza, a fim de tornar-se mais eficiente na distribuição de sua orientação e na sustentação de seus princípios a favor de toda a humanidade.
Ponderemos essas aspirações. O que para você poderá semelhar-se a deficiência, constitui um dos mais preciosos predicados do cristianismo renascente, impedindo que, ao tomar os canais das preferências e dos moldes das organizações humanas, secularmente viciados, venha a erigir-se numa outra seita religiosa que disputa a influência sobre os poderes temporais.
Quando o humano sufoca o divino inscreve-se a falência dos mais dignos propósitos.
Os grupos separados, mas não divergentes; os companheiros trabalhando em setores diferenciados, mas sem se oporem uns aos outros -são contingências para assegurar a continuidade da expressão religiosa divina, não humana, do Espiritismo, obstando, ao mesmo tempo, que inteligências brilhantes, porém não espiritualizadas, tentem tomar a rédea da coletividade Espírita e terminem por conduzi-la aos mais disparatados projetos de amplo domínio sócio-físico na face da Terra. O redil do Senhor é nosso orbe todo. No mundo, Jesus congrega todas as almas em evolução, respeitando-lhes os degraus mentais, sem que ninguém e nenhuma instituição possua outorga de procuração para apresentar-se como Presidente, com especial missão de reunir sob a sua égide o rebanho aparentemente disperso.
Organizar o Espiritismo será sufocá-lo, atrofiando-lhe as mais belas expressões de liberação espiritual e, contrariamente a romper o cativeiro, será erigir uma outra senzala, condicionando o impulso religioso ao sabor de algumas criaturas falíveis.
Espiritismo é doutrina dos Espíritos, não dos homens.
O Codificador, preconizando a multiplicidade de agrupamentos, atendia à lei da afinidade espiritual, dentro da qual conseguimos reformar-nos por dentro. Tais núcleos interrelacionando-se, permutam experiências preciosas, mas não criam liames de subordinação dogmática, à semelhança da hierarquia que mina as religiões que se deixaram organizar.
Preservando a liberdade religiosa, alimentando os grupos espiritas independentes, temos o quadro geral da “grande igreja espiritual”, apregoada ardentemente pelo apóstolo da Gentilidade, ou seja, a comunhão espiritual que representa a necessidade maior de nossa humanidade, cujas sublimes esperanças se tem frustrado pela opressão do egoísmo e do orgulho daqueles que não se contentam com a alforria afetiva de seus irmãos de caminhada.
Os que se atribuem a tarefa de organização trazem as mais cândidas e respeitáveis intenções e, se examinados ou pesqueiros com nossa métrica comum, expressam os mais belos e sadios propósitos. Na concretização de seus projetos, no entanto, fatalmente se deixam render aos seus pendores e fazem da religião o degrau de suas soluções individuais.
Espiritismo é caminho de regeneração.
Despertando as tendências mais nobres da criatura, individualmente considerada, sem atrofiar-lhe o livre arbítrio e sem apresentar-se por fórmula única de felicidade, o Espiritismo, se organizado pelos homens, se tornará um reflexo de nossos impulsos deficientes, um espelho de soluções pessoais, cujas conseqüências poderemos facilmente compreender bastando compulsar a história, a partir do século III de nossa era.
Trabalhemos para que o Espiritismo se torne devidamente apreciado em seus fundamentos, a fim de distribuir para todos a sua bênção redentora, sem esperar que um dia domine a Terra ou um povo que seja. O espírita será o servo e não o senhor do Mundo.”
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