Centésima obra:
‘’Poetas Redivivos”
Cem livros!
O acontecimento internacional - não apenas espírita, mas da literatura mundial! -, marcado com o lançamento do centésimo livro psicografado pelo médium Francisco Cândido Xavier, é algo de tornar-nos perplexos.
Deveria ser enaltecido em si mesmo.
É fato inédito nos anais da literatura espírita.
Conviria, talvez, falar-se das mais de vinte mil páginas produzidas com raro esmero gramatical marcando verdadeiro curso de língua portuguesa pela sua correção, pela sua impecabilidade.
Poderíamos, quem sabe, esclarecer que mais de sessenta diferentes autores lhe tomaram o
lápis, revelando-se por seu estilo, pela amplitude de visão, pela profundidade de seus conceitos, pela beleza de sua criação.
Ou deveremos deter-nos a considerar que, com seus lançamentos e suas reedições, mais de dois milhões de exemplares circulam, no Brasil e no mundo, afora alguns vertidos para outras línguas, quais o castelhano, o inglês, o francês, o japonês e o esperanto!
Cremos que fosse mais apropriado elucidar que todos os grandes temas da cultura humana, tanto os filosóficos e científicos como os religiosos, foram abordados com clareza, perfeição, inatacabilidade, criando a mais polimórfica bibliografia jamais conhecida!
Não, não ...
Ou deveríamos exumar os testemunhos do passado, com um crítico literário de renome, qual Agripino Grieco, católico praticante, testemunhando pericialmente sobre a exatidão de um Humberto de Campos post-mortem. Um Juiz proferindo sentença que validava a psicografia e limitava ao túmulo os direitos autorais. Ou um acadêmico referindo-se a essas, obras como a sua fonte de informações e formação intelecto-moral. Um mestre do vernáculo incluindo, em sua antologia, páginas do espírito de Meimei. Periódicos católicos reproduzindo, sem menção de origem, páginas de André Luiz, Emmanuel ...
De tudo se poderia falar.
O que mais comove, porém, é saber que, esses livros foram endereçados ao coração de milhões de criaturas, gotejando neles um bálsamo de esperança e acendendo-Ihes nova e vigorosa fé, que lhes sustenta a vida.
O que mais comove, todavia, é saber que algumas centenas de quase-suicidas sustaram o gesto de desatino, chamados à realidade espiritual da existência, no compulsar de algumas dessas páginas do Cristianismo-redivivo.
O que mais nos toca, porém, é saber que a velha mãezinha abandonada num desvão da casa
senhorial, no avançado da noite ou na procela que se abate sobre a sua fronte, encontra refrigério nos capítulos comovedores de algumas dessas obras que se imortalizam pela grandeza, pela ternura, por esse quase sussurro de alma para alma.
O que mais induz é saber que, graças a eles:
- o operário se transformou num colaborador do capital;
- o cidadão se integrou em sua Pátria;
- filhos buscaram de novo o regaço materno;
- cônjuges reconstroem o próprio lar, após a tormenta que lhes feria a embarcação da experiência;
- desvalidos da fortuna encontram novos tetos, cuja inspiração se deve a esses roteiros imensuráveis de Espiritismo-cristão;
- órfãos alimentam-se e são educados;
- professores amam os seus discípulos:
- presidiários se redimem do passado culposo;
- fortunas, cujas comportas estavam trancadas pela usura, ganham a libertação, tornando-se caudais de empregos;
- a própria Ciência se renova;
- a Filosofia sente os ares da dulcificação;
- o egoísmo e o orgulho se diluem ...
É todo um povo que se reconstrói, nessa inspiração.
O poder de regeneração da alma, imanente nessas obras, é a chama da civilização do porvir, caldeando a nova raça dos trópicos no cadinho da fraternidade legítima, ascendendo nos céus do Brasil a legenda: Coração do Mundo e Pátria do Evangelho, com Ismael a sustentar a flâmula: Deus, Cristo e Caridade.
Jesus transborda o seu doce magnetismo.
Dos horizontes da Terra do Cruzeiro - a nova Manjedoura singela e humilde -, projetando-se na direção de todas as Nações, as radiações do Mestre do Amor são um grande sol, a cuja luz se repete, a afirmação do Evangelho:
- Paz na Terra e boa vontade para com os homens!
J. Alexandre
in Reformador (FEB) Março 1970
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