A Trave no Olho
7,3 Por que reparas o cisco no olho de teu irmão e não vês a trave que está no teu?
7,4 Como ousas dizer a teu irmão: Deixa-me tirar o cisco do teu olho, quando tens uma trave no teu?
7,5 Hipócrita! Tira primeiro a trave de teu olho e assim verás para tirar o cisco do olho do teu irmão.
Para Mt (7,3) -Por que reparas no cisco no olho de teu irmão?- busquemos a palavra de Emmanuel, por Chico Xavier, em “Fonte Viva”:
“A pergunta do Mestre, ainda agora, é clara e oportuna.
Muitas vezes, o homem que traz o argueiro num dos olhos traz igualmente consigo os pés sangrando. Depois de laboriosa jornada na virtude, ele revela as mãos calejadas no trabalho e tem o coração ferido por mil golpes da ignorância e da inexperiência.
É imprescindível habituar a visão na procura do melhor, a fim de que não sejamos ludibriados pela malícia que nos é própria.
Comumente, pelo vezo de buscar bagatelas, perdemos o ensejo das grandes realizações. Colaboradores valiosos e respeitáveis são relegados à margem por nossa irreflexão, em muitas circunstancias simplesmente porque são portadores de leves defeitos ou de sombras insignificantes de pretérito, que o movimento em serviço poderia sanar ou dissipar.
Nódulos na madeira não impedem a obra do artífice e certos trechos empedrados do campo não conseguem frustrar o esforço do lavrador na produção da semente nobre.
Aproveitamos o irmão de boa vontade, na plantação do bem, olvidando as nugas que lhe cercam a vida. Que seria de nós se Jesus não nos desculpasse os erros e as defecções de cada dia?
E, se esperamos alcançar a nossa melhoria, contando com a benemerência do Senhor, por que negar ao próximo a confiança no futuro?
Consagremo-nos à tarefa que o Senhor nos reservou na edificação do bem e da luz e estejamos convictos de que, assim agindo, o argueiro que incomoda o olhar, se desfará espontaneamente, restituindo-nos a felicidade e o equilíbrio, através da incessante renovação.”
Ainda para Mt (7,3) -Por que vês o cisco no olho de teu irmão? - leiamos “Palavras de Vida Eterna” de Emmanuel por Chico Xavier:
“Habitualmente guardamos o vezo de fixar as inibições alheias, com absoluto esquecimento das nossas. Exageramos as prováveis fraquezas do próximo, prejulgamos com rispidez e severidade o procedimento de nossos irmãos...
A pergunta do Mestre acorda-nos para a necessidade de nossa educação, de vez que, de modo geral, descobrimos nos outros somente aquilo que somos.
A benefício de nossa edificação recordemos a conduta do Cristo na apreciação de quantos lhe defrontavam a marcha. Para muitos, Maria de Magdala era a mulher obsidiada e inconveniente; mas para Ele surgiu como sendo um formoso coração feminino, atribulado por indizíveis angústias, que, compreendido e amparado, lhe espalharia no mundo o sol da ressurreição.
No conceito da maioria, Zaqueu era usurário de mãos azinhavradas infelizes; para Ele, no entanto, era o amigo do trabalho a quem transmitiria alevantadas noções de progresso e riqueza. Nos olhos de muita gente, Simão Pedro era fraco e inconstante; para Ele, contudo, representava o brilhante entranhado nas sombras do preconceito que fulgiria à luz do Pentecostes para veicular-lhe o Evangelho.
Na opinião do seu tempo, Saulo de Tarso era rijo Doutor da lei mosaica, de espírito endurecido e tiranizante; para Ele, porém, era um companheiro mal conduzido que buscaria, em pessoa, às portas de Damasco para ajudar-lhe a Doutrina.
Observemos amando, porque apenas o amor puro arrancará por fim as escamas de treva dos nossos olhos para que os outros nos apareçam na Bênção de Deus que, invariavelmente, trazem consigo.”
Ainda para Mt (7,3-5) -A Trave no Olho - leiamos, em “ O Evangelho...”, de A. Kardec, o trecho abaixo:
“...Um dos defeitos da Humanidade é ver o mal de outrem antes de ver o que está em nós. Para julgar-se a si mesmo, seria preciso poder se olhar num espelho, transportar-se de alguma sorte, para fora de si, e se considerar como uma outra pessoa, perguntando-se: Que pensaria eu se visse alguém fazendo o que faço? Incontestavelmente, é o orgulho que leva o homem a dissimular os próprios defeitos, tanto ao moral quanto ao físico. ”
“...Se o orgulho é o pai de muitos vícios, é também a negação de muitas virtudes. Encontramo-lo no fundo e como móvel de quase todas as ações. Por isso, Jesus se dedicou a combatê-lo como principal obstáculo ao progresso.”
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