terça-feira, 27 de setembro de 2011

Infecção e Purgação



“Infecção e Purgação

            Acionados os mecanismos do gravador comum, a fita magnética vai sendo sensibilizada pelas vibrações sonoras que nela se registram. Quando termina a gravação, se se quer ouvir o que nela foi gravado, deve-se reenrolar a fita em sentido contrário.

            Mutatis mutandis, ocorre também com os registros da memória. Nela se vão gravando automaticamente todos os acontecimentos da vida, até que o choque biológico da desencarnação desata os mecanismos de revisão e arquivamento de todas as experiências gravadas ao longo da etapa existencial encerrada.

            Acontece que nem sempre todas as experiências então revistas podem ser simplesmente arquivadas na memória profunda da mente, por não haverem sido por esta absorvidas. São os casos pendentes, ainda não encerrados, que traduzem, na maioria das vezes, realidades que a consciência não consegue aceitar.

            Essa rejeição consciencial gera conflito mental interno, ou indigestão psíquica, provocando no espírito o reconhecimento do erro e o consequente remorso, ou, o que é pior, a orgulhosa ou cega ratificação do erro, causadora da revolta e empedernimento.

            De qualquer modo, a rejeição consciencial tem como inelutável consequência a não assimilação das concentrações energéticas correspondentes às formas pensamentos que duplicam os fatos, mantendo-os “vivos” e atuantes na aura do espírito, à maneira de tumores autônomos, simples ou em rede, a afetarem o corpo espiritual e o lesarem.

            No caso do remorso, o tumor se transforma em abcesso energético, a exigir imediata drenagem; no caso do empedernimento, o tumor cria carnição e se estratifica, realimentado pela continuidade dos pensamentos-força da mente, arrastando o espírito a longas incursões nos despenhadeiros da revolta, onde não raro se transforma transitoriamente em demônio, a serviço mais ou menos prolongado das Trevas.

            As operações de drenagem psíquica são dolorosas e variam de tempo e intensidade, caso por caso, mas resultam sempre na recuperação relativa do espírito para futuras retificações de conduta, sem prejuízo da continuidade, a breve trecho, de sua marcha evolutiva ascensional.

            Quando a revolta se cristaliza no monoideísmo, onde as ideias fixas funcionam como escoadouros de energia, em excessivo dispêndio de forças vitais, pode o espírito chegar facilmente à perda do psicossoma, ovoidizando-se, caso em que se reveste tão só da túnica energética mental, à maneira de semente em regime de hibernação.

            Chegue ou não a esse extremo, o espírito responderá, naturalmente, perante si mesmo, pelos fulcros de lesões mento-psicofísicas que gera, para seu próprio prejuízo, imediato e futuro.

            No que tange à drenagem a que nos referimos, importa consideremos que o pus energético a ser expelido decorre das transformações psicofísico-químicas das energias degeneradas que foram segregadas pela mente e incorporadas à economia vital do ser, representando forças ideo-emotivas de teor e peso específicos.

            Necessário entendamos que as formas-pensamentos nem sempre são concentrações energéticas facilmente desagregáveis. Conforme a natureza ideo-emotiva de sua estrutura e a intensidade e constância dos pensamentos de que se nutrem, podem tornar-se verdadeiros carcinomas, monstruosos “seres” automatizados e atuantes, certamente transitórios, mas capazes, em certos casos, de subsistir até por milênios inteiros de tempo terrestre, antes de desfazer-se.

            A expiação, de que fala a Doutrina Espírita, não é senão a purgação purificadora do mal que infectou o espírito. Este, através dela, restaura a própria saúde e se liberta das impurezas que o afligem e lhe retardam a felicidade.

            Notemos, porém, que os mecanismos expiatórios não obedecem a uma fórmula única. Se a dor dissolve o mal, o amor consegue transformá-lo.

            Lembremo-nos de que tudo o que existe é suscetível de servir ao bem, sob o comando soberano da mente espiritual. O mal, seja qual for a sua natureza, é sempre apenas uma degenerência do bem[1], porque a essência de toda a Criação repousa na Suprema Perfeição do Amoroso Criador dos Universos. “


Áureo
por Hernani T. Sant’Anna
inUniverso e Vida(2ª Ed FEB 1987)


[1]  Irmão Thiesen,

Paz Convosco.

         Realmente, o bem absoluto jamais degenera. Entretanto, o bem absoluto é exclusividade divina. A lição de Jesus é clara: “Só Deus é bom.” Na relatividade dos valores universais tudo está sempre evoluindo, o que importa dizer: tudo está em permanente transformação, longe daquela definitividade ideal do absoluto.
          Gerar é formar; degenerar é deformar. O mal, a rigor, é sempre isso, isto é, uma enfermação, uma degenerência, um aviltamente do bem, sempre de natureza transitória. Ele surge da livre ação filiada à ignorância ou á viciação, e correspondente a uma amarga experiência no aprendizado ou no aprimoramento do espirito imortal.
         É necessário termos em conta que Deus só cria o bem. E como é Deus o Pai de toda a Criação, tudo é sempre essencialmente bom. O bem é a substância intrínseca de tudo quanto existe. O mal é a deformação transitória, que sempre é reparada por quem lhe dá causa, rigorosamente de acordo com a lei de justiça, imanente na Criação Divina.
         Apesar disso, sempre que uma ideia exige mais tempo para ser compreendida ou aceita pelos companheiros de nossa equipe, entendo do meu dever evitar insistir em sua enunciação, para não suscitar dificuldades evitáveis ou constrangimentos sem proveito.
          Ademais, nenhum de nós é infalível e, no meu caso particular, reconheço-me de muitas poucas luzes e sujeito a frequentes enganos.   peço-lhe, desse modo, retirar do texto nº 7, da série que assino, as expressões que foram objeto de reparo.
         Agradecendo pela cooperação e pela tolerância com que tenho sido honrado, peço ao Senhor Jesus que nos abençoe, agora e sempre.

                                               Áureo

         Estranhando expressões usadas pelo Espírito Autor – degenerência do bem -, fizemos-lhe observação que nos valeu a resposta acima, em 6-8-1978. À sugestão de retirar do último parágrafo aquelas expressões, preferimos, à guisa de novo ensinamento, reproduzir aqui as palavras esclarecedoras de Áureo, que o próprio leitor avaliará.

                                               A Direção de “Reformador

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