As surpresas
que a Morte trás...
que a Morte trás...
Fidélis Alves por Newton Boechat
in “Na Madureza dos Tempos” (1987)
de Gilberto Perez Cardoso e Newton Boechat
Retratos sem Retoque
No dia do grande adeus
-Corpo duro no caixão –
Faz a Justiça Divina
Necessária avaliação.
Muita humildade, por vezes,
Encenando a hipocrisia,
Falará por nós, veemente,
Ao romper daquele dia.
Não basta desencarnar
Querendo metas de luz;
Existem cruéis tiranos
Que tem na boca Jesus.
Se nos pesa o “homem velho”
Nas lutas de cada dia,
Vamos domar dita fera,
Fazendo filantropia.
Zona infernal, sempre e sempre
Começa dentro da gente:
É a soma de negações
Que elaboramos na mente.
Trapaça, arapucas, laços,
Que armamos pelo caminho,
Transformam-se em densas redes,
A prender-nos, de mansinho...
Por certo, ninguém descrê
Que a nossa Mãe é Maria,
Contudo, ela não endossa
Golpes e velhacaria.
A tua senda, sempre aclaram
Mentores espirituais
Mas nada podem fazer
Se na preguiça te vais...
A hierarquia sublime
Inspira-te muito amor,
Porém, se afasta, ao buscares
Trilhas que originam dor.
Na sessão espiritista,
Pregaste desprendimento;
Estás, no entanto, atrelado
À sombra do teu lamento.
Lamentas por qualquer coisa,
A vida dizes ruim,
Convocado ao Bem, te isolas
Numa torre de marfim.
Se fosses alma tão pura,
Sem nódoa alguma que enfeia,
Na Terra não nascerias
A falar da vida alheia.
Quando a retratista Morte
Bater-te a fotografia,
Em vão, tu lhe falarás:
“Agora não! Outro dia!...”
Os retratos, sem retoque,
Aos milhares, aos milhões,
No além, existem em série,
Testando-nos condições.
Cuidado! Muito Cuidado!
Precaução te peço agora,
Pois a tal da retratista,
Costuma vir sem demora...
Abraços com simpatia,
Nesta tarde de beleza!
Fidélis Alves, às ordens,
Na festa da gentileza!...
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