segunda-feira, 1 de agosto de 2011

O Nascimento de Jesus


O Nascimento
de Jesus

         1,26   No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galiléia  chamada  Nazaré, 1,27 a uma virgem desposada com um homem que se chamava José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria. 1,28 Entrando o anjo, disse-lhe: -Salve, cheia de graça, o Senhor é contigo! 1,29 Perturbou-se ela com estas palavras e pôs-se a pensar no que significaria semelhante saudação. 1,30 O anjo disse-lhe: -Não temais, Maria, pois encontraste graça diante de Deus. 1,31  Eis que conceberás e darás à luz um filho, e lhe porás o nome de Jesus. 1,32  Ele será  grande e chamar-se-á Filho da Altíssimo e o Senhor Deus lhe dará o trono de seu pai Davi; e reinará para sempre na casa de Jacó. 1,33 E o seu reino não terá fim. 1,34 Maria perguntou ao anjo: -Como se fará isso, pois não conheço homem? 1 ,35 Respondeu-lhe o anjo: -Santos espíritos chegarão até ti e a força do Altíssimo te envolverá com a sua sombra. Por isso, o Ente que nascer de ti será chamado Filho  de Deus. 1,36  Também Isabel, tua parente, até ela concebeu um filho na sua velhice; e já está no sexto mês, aquela que é tida por estéril; 1,37 Porque a Deus nenhuma coisa é impossível. 1,38 Então, disse Maria: - Eis aqui a serva do Senhor. Faça-se em mim segundo a tua palavra. E o anjo afastou-se dela. 1,39 Naqueles dias, Maria se levantou e foi, às pressas, as montanhas a uma cidade de Judá.

         Para Lc (1,26-38) -Nascimento; leiamos a Sayão em “Elucidações Evangélicas”:

            “...insistindo em algumas observações já feitas quando tratamos da genealogia de Jesus, diremos que, embora os materialistas se obstinem em revesti-lo de um invólucro de carne, idêntico aos nossos, sem que cheguem jamais a imitá-lo, para nós, espíritas, aproximados dos deístas que lhe negam a divindade, Deus é uno, é o único princípio universal, a única potência criadora. Assim sendo, Jesus é, como nós, seu filho, modelo divino que o Pai nos ofereceu, divino por ser, pela sua pureza absoluta, a maior essência espiritual, relativamente à Terra, depois de Deus, com quem se acha e sempre esteve em relação direta. 

            Ora, dada a sua condição de Espírito de pureza perfeita e imaculada, não podia ele nascer e não nasceu de homem, não entrando de forma alguma a matéria perecível no conjunto de suas perfeições. E, note-se que, tomando a aparente forma humana com que se apresentou entre os homens e de que se revestiu, porque assim o exigia o desempenho da sua missão naquela época, nenhuma das leis da Natureza foi derrogada, como não o foi em nenhum dos fatos por Ele produzidos, que geralmente se denominam milagres, na suposição de que, assim chamados, melhormente elevam o espírito dos crentes e lhes atraem os corações para as maravilhas do seu poder e para os auxílios da sua bondade.

            A ciência espírita explica de modo satisfatório e racional o aparecimento de Jesus na Terra, sem ser por meio de um nascimento humano. As leis de Deus são absolutas, imutáveis e eternas. Jesus, portanto, não as podia preterir, nem lhes abrir exceções, para deixar e tomar a vida, como fazia, aparecendo e desaparecendo, conforme o declarou (João 10,18). Mas, se neste caso, Ele nenhuma lei natural preteria ou derrogava, como supor a necessidade de preterição ou derrogação de alguma, para que pudesse aparecer na Terra, sem nascer?

            Considere-se, ao demais, que, depois de crucificado, morto e sepultado, Jesus reapareceu com o mesmo corpo que tinha antes, tanto assim que Tomé o apalpou. Ora, se Ele pode “reaparecer”, após a crucificação, sem haver nascido por que não poderia “aparecer” do mesmo modo, sem nascimento? Será porque o sacerdócio romano proíbe se entenda o que dizem os Evangelhos e manda se creia de olhos fechados? Só assim se compreende que, sendo esse “um mandamento do Pai”, não deva ser entendido.

            É inconcebível que a inteligência, a razão, a lógica, o raciocínio, meios que Deus nos outorgou para a compreensão de tudo, só não devam ser utilizados para a dos ensinamentos do Divino Mestre, não obstante haver Ele dito que nada há que não deva ser conhecido.

            A verdade, entretanto, é que a presença de Jesus entre os homens, de todas as vezes que se lhes manifestou sob as aparências da corporiedade humana, foi uma aparição espírita tangível, tão perfeita que dava a impressão de ser Ele um homem como os demais, conforme o exigia a natureza da sua missão.

            Considere-se ainda que, a não admitirmos que Jesus não foi um homem carnal, que o seu aparecimento na Terra não se deu por nascimento humano, por encarnação material, teremos que desprezar, negando-lhe qualquer vestígio de autenticidade, uma das mais belas  e grandiosas páginas do Evangelho, uma de suas passagens mais sublimes e comovedoras: a da revelação, feita a Maria, cuja figura de rutilante beleza espiritual então se apagaria logo, da missão altíssima para que o seu Espírito fora escolhido, a de que nela e por ela se ia cumprir o que pelos profetas vinha sendo, desde longo tempo, predito aos homens, como anúncio da mais portentosa manifestação do amor de Deus para com seus filhos.

            E, posto de lado esse lanço fundamental da narrativa da epopeia messiânica, a todos está aberta a porta e facultado o direito de  desprezarem estas e aquelas passagens, estes ou aqueles pontos dos Evangelhos, para só aceitarem, comodamente, os que lhes agradem, ou convenham.

            Mas, depois, que valor lhes restará? E, por que havemos de o transformar num corpo desarticulado, cujas partes componentes não se poderão ajustar, quando, pela revelação  de que Cristo desceu à Terra em Espírito, apenas revestido de um corpo de natureza perispirítica, de um corpo celeste, segundo a expressão de Paulo, único compatível com a condição celestial que lhe era própria, desaparecem todas as obscuridades das letras evangélicas e o Evangelho se nos patenteia qual maravilhoso e cristalino monólito, a refletir, em todos os seus infinitos e deslumbrantes matizes, a luz do mundo - Jesus?

          A razão não pode estar na escolha, a menos que esteja obliterada pelas ideias preconcebidas, pelas sugestões dos invisíveis inimigos da Verdade, ou pelas paixões sectaristas.” 


                   

            Para Lc 1,38, Leopoldo Cirne nos instrui em “A Personalidade de Jesus”, ao falar de Maria:

            “E que Espírito mais humilde, mais submisso e mais puro, exceção apenas feita de Jesus, encarnou jamais na Terra?

            Vede-a - a imaculada Virgem - na iminência do opróbrio do mundo e do repúdio do escolhido de sua alma - - por essa aparente concepção que ainda hoje provoca o sarcasmo das consciências materializadas - submetendo-se à injunção do anunciador: “Eis aqui a escrava do Senhor; faça-se em mim segundo a tua palavra”; vede-a depois, nos sobressaltos do seu inquieto coração, vigiando o amado filho na arrriscada missão com que se expunha aos ódios e às perseguições do mundo; vede-a por fim, alma piedosa, transbordando de crudelíssima amargura, como jamais - tão cedo pelo menos - o compreenderá esta grosseira humanidade, acompanhando-o na dolorosa via, até ao Gólgota, sem proferir um queixume, sem lançar a mais leve sombra de condenação aos algozes do seu inocente filho, e dizei que outra mãe seria capaz de tamanho e tão resignado sacrifício?

            Maria é, pois, a personificação da humildade, da submissão e do amor em sua mais elevada manifestação. E se tão alto, tão puro e luminoso se eleva o seu Espírito, acima dos horizontes sombrios deste mundo, que aviltante necessidade temos nós de a destituir da auréola de virgindade - o estado ideal por excelência - que completa admiravelmente a sua angélica figura, a fim de lhe podermos atribuir sentimentos que, para constituírem o seu apanágio, não dependiam de uma contingência material? Ao demais, a permanência dessa virgindade se corrobora com a constituição fluídica do corpo de Jesus, que julgamos ter suficientemente demonstrado, não tendo havido, por conseguinte, da maternidade mais que as aparências.”



            O Espírito Luiz Sérgio em “Dois Mundos Tão Meus” é categórico em suas afirmações:

            “Maria permaneceu virgem no parto e depois dele. Por que muitos ainda duvidam?

            O homem mundano rejeita este trecho do Evangelho (Mt1,25)- Contudo não a conheceu enquanto ela não deu a luz um filho, a quem pôs o nome de Jesus- porém, o Espírita duvidar dele causa-nos espanto. Como falar em Evangelho, rasgando as Escrituras? E nelas está bem clara a virgindade de Maria..”

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