Lembra-te, auxiliando
Emmanuel
por Chico Xavier
CEC, Uberaba, em 2-11-1962
Lembra-te dos mortos, auxiliando...
Indiscutivelmente, todos eles agradecem a flor de saudade que lhe atiras, mas, redivivos qual se encontram, se pudessem te rogariam diretamente mais decisiva cooperação, além do preito de superfície.
Supõe-te no lugar deles, de quando em quando, notadamente daqueles que se ausentaram da Terra carregando dívidas e aflições.
Imagina-te largando a convivência dos filhos recém-chegados ao berço crivado de privações e pensa na gratidão que te faria beijar os próprios pés dos amigos que se dispusessem a socorrer-lhes o estômago torturado e a pele desprotegida.
Prefigura-te na condição dos que se despediram de pais desvalidos e enfermos, por decreto de inapelável separação, e pondera a felicidade que te tangeria todas as cordas do sentimento, diante dos irmãos que te substituíssem o carinho, ungindo-lhes a existência de esperança e consolo.
Julga-te no agoniado conflito dos que partiram violentamente, sob mágoas ferozes, legando à família atiçados braseiros de aversão, e reflete no alívio que te sossegaria a mente fatigada, perante os corações generosos que te ajudassem a perdoar e servir, apagando o fogo do sofrimento.
Considera-te na posição dos que se afastaram à foça, deixando ao lar aflitivos problemas e medita no agradecimento que sentirias ante os companheiros abnegados que lhes patrocinassem a solução.
Presume-te no círculo obscuro dos que passaram na Terra, dementados por terríveis enganos, a suspirarem no Além por renovação e progresso, e mentaliza o teu débito de amor para com todos os irmãos que te desculpassem os erros, propiciando-te vida nova, em bases de esquecimento.
Podes, sim, trabalhar em favor dos supostos extintos, lenindo-lhes o espírito com a frase benevolente e com o bálsamo da prece, ou removendo as dificuldades e empeços que lhes marcam a retaguarda.
Lembra-te dos mortos, auxiliando...
Não apenas os vivos precisam de caridade, mas os mortos também.
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