Contrição
por Casimiro Cunha
Reformador (FEB) 15 Novembro 1904
Era ateu, nem Jesus nem Deus lhe mereciam
Um momento sequer de refletido estudo;
Zombava da moral e ria-se de tudo,
Até dos próprios pais, que tanto se afligiam!
Chegou, porém, um dia em que ele, ao peito, o agudo
Punhal da dor sentiu; as forças lhe fugiam;
Rogou a ciência humana a vida, e crente, e mudo
Esperou, mas debalde; os males seus cresciam.
Chega o instante final; e o triste, os olhos pondo
Em roda, em cada olhar encontra a mesma chama
Da fé, a mesma prece em cada boca, e rí...
Mas logo após reflete... e, o vago olhar depondo
No céu, desfeito em pranto, arrependido, exclama:
- Perdão! Perdão, meu Deus! Eu creio. Eu creio em ti!...
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