domingo, 31 de julho de 2011

As tentações no deserto



As Tentações no Deserto 
-A palavra de João Evangelista-

4,1 Em seguida, Jesus foi conduzido pelo espírito ao deserto para ser tentado.4,2 Jejuou durante 40 dias e 40 noites, depois teve fome. 4,3 O tentador aproximou-se dele e lhe disse: - Se és filho de Deus, ordena que estas pedras se tornem pães. 4,4 Jesus respondeu: “-Está escrito:“ -Nem só de pão vive o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus.“ (Deut. 8,3) 4,5 O tentador transportou-o à cidade santa, colocou-o no ponto mais alto do templo e disse-lhe: 4,6 -Se és Filho de Deus, lança-te abaixo, pois está escrito: “Ele deu a seus anjos ordens a teu respeito, proteger-te-ão com as mãos, com cuidado, para não machucares o teu pé nalguma pedra.”  (Salmo 90,112s)  4,7 Disse-lhe Jesus :“ -Não tentarás o Senhor teu Deus!” (Deut. 6,16) 4,8 O tentador transportou-o, uma vez mais, a um monte muito alto, e lhe mostrou os reinos dos mundos e a sua Glória, e disse-lhe: 4,9 -Dar-te-ei tudo isso, se, prostrando-se diante de mim, me adorares. 4,10 Respondeu-lhe Jesus: “ -Para trás, Satanás, pois está escrito: “ -Adorarás o Senhor teu Deus e só a Ele servirás! ” (Deut. 6,13) ” 4,11 Em seguida, o tentador o deixou, e os anjos aproximaram-se Dele para servi-lo.  

Para Mt (4,1-11) A Palavra de João Evangelista,  leimos  Kardec, em “A Gênese”, Cap. XV, reproduzindo mensagem recebida de João Evangelista, em Bordéus, no ano de 1862.

“ Jesus não foi arrebatado. Ele apenas quis fazer que os homens compreendessem que a humanidade se acha sujeita a falir e que deve estar sempre em guarda contra as más inspirações a que, pela sua natureza fraca, é impelida a ceder. A tentação de Jesus é, pois, uma figura e fora preciso ser cego para tomá-la ao pé da letra. Como pretenderíeis que o Messias, O Verbo de Deus encarnado, tenha estado submetido, por algum tempo, embora muito curto que fosse este, às sugestões do demônio e que, como diz o Evangelho de Lucas, o demônio o houvesse deixado por algum tempo, o que daria a supor que o Cristo continuou submetido ao poder daquela entidade? Não; compreendei melhor os ensinos que vos foram dados. O Espírito do mal nada poderia  sobre a essência do bem. Ninguém diz ter visto Jesus no cume da montanha, nem no pináculo do templo. Certamente, tal fato teria sido de natureza a se espalhar por todos os povos. A tentação, portanto, não constituiu um ato material ou físico. Quanto ao ato moral, admitiríeis que o Espírito das trevas pudesse dizer àquele que conhecia sua própria origem e o seu poder:
          “Adora-me, que te darei todos os reinos da Terra?” Desconheceria então o demônio aquele a quem fazia tais oferecimentos ? Não é provável. Ora, se o conhecia, suas propostas eram uma insensatez, pois ele não ignorava que seria repelido por aquele que viera destruir-lhe o império sobre os homens.
“Compreendei, portanto, o sentido dessa parábola, que outra coisa aí não tendes, do mesmo modo que nos casos do Filho Pródigo e do Bom Samaritano. Aquela mostra os perigos que correm os homens, se não resistirem à voz íntima que lhes clama sem cessar: “Podes ser mais do que és; podes possuir mais do que possuis; podes engrandecer-te, adquirir muito; cede à voz da ambição e todos os teus desejos serão satisfeitos”. Ela vos mostra o perigo e o meio de o evitardes, dizendo às más inspirações: Retira-te, Satanás ou por outras palavras: Vai-te, tentação!
As duas outras parábolas que lembrei mostram o que ainda pode esperar aquele que, por muito fraco para expulsar o demônio, lhe sucumbiu às tentações. Mostram a misericórdia do pai de família, pousando a mão sobre a fronte do filho arrependido e concedendo-lhe, com amor, o perdão implorado. Mostram o culpado, o cismático, o homem repelido por seus irmãos, valendo mais aos olhos do Juiz Supremo, do que os que o desprezam por praticar ele as virtudes que a lei de amor ensina.
Pesai bem os ensinamentos que os Evangelhos contém; sabei distinguir o que ali está em sentido próprio ou em sentido figurado, e os erros que vos hão cegado durante tanto tempo se apagarão pouco a pouco, cedendo lugar à brilhante luz da Verdade.”

Para  Mt  (4,4) - Nem só de pão vive o homem...,  trazemos à reflexão texto de “Fonte Viva” de Emmanuel por Chico Xavier:

“Não somente agasalho que proteja o corpo, mas também o refúgio de conhecimentos superiores que fortaleçam a alma. Não somente a beleza da máscara fisionômica, mas igualmente a formosura e nobreza dos sentimentos. Não apenas a eugenia que aprimora os músculos, mas também a educação que aprimora as maneiras. Não somente a cirurgia que extirpa o defeito orgânico, mas igualmente o esforço próprio que anula o defeito nocivo. Não só o domicílio confortável para a vida física, mas também a casa invisível dos princípios edificantes em que o espírito se faça útil, estimado e respeitável. Não apenas os títulos honrosos que ilustram a personalidade transitória, mas igualmente as virtudes comprovadas, na luta objetiva, que enriqueçam a consciência eterna. Não somente claridade para os olhos mortais, mas também luz divina para o entendimento imperecível. Não só aspecto agradável, mas igualmente utilidade viva. Não apenas flores, mas também frutos. Não somente ensino continuado, mas igualmente demonstração ativa. Não só teoria excelente, mas também prática santificante. Não apenas nós, mas igualmente os outros.
Disse o Mestre: - “Nem só de pão vive o homem”.
Apliquemos o sublime conceito ao imenso campo do mundo.
Bom gosto, harmonia e dignidade na vida exterior constituem dever, mas não nos esqueçamos da pureza, da elevação e dos recursos sublimes da vida interior, com que nos dirigimos para a Eternidade.”
   
   


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