A diabólica doutrina espírita!

Bittencourt Sampaio (com Bezerra e Sayão, o trio vanguardeiro da evangelização do Brasil)

Bittencourt Sampaio

e a Igreja

Bittencourt Sampaio

por Frederico Jr.

em “Do Calvário ao Apocalipse”(FEB)

           

            Venho de dizer-vos - acusam a doutrina espírita. Em verdade, não existe um só templo onde se não faça uma referência a essa diabólica doutrina! Satanás com as suas garras de abutre aguarda todos os que se entregam a esses místicos trabalhos, a esse místicos estudos, porque, di-lo a Igreja, as almas que vão não voltam e, se voltam, se alguma coisa de extraordinário algumas vezes se revela, é o demônio!

            Mas, entretanto, leitores, entretanto, cristãos, homens inteligentes a quem quero falar, a Igreja venera as Senhoras Aparecidas. -Serão também as Senhoras Aparecidas o demônio?

            Esses espíritos que, tomando a forma da Santíssima Virgem, se mostram nas fontes termais, dando lugar até a ereção de monumentos, essas senhoras serão porventura filhas de Satanás?

            Ou, por um monopólio de crenças, buscarão as Virgens Aparecidas somente esses lugares, onde o vosso comércio se exercita e a crendice se ajoelha?

            Pergunto aos homens inteligentes onde está a seriedade desses argumentos contraproducentes, onde a sinceridade da fé, a verdade da crença dos que do burel abusam, fazendo da túnica sagrada do Cristo um manto esfarrapado de misérias?

            Que tendes feito, vós que acusais a humilde doutrina que se levanta, não pela vontade dos homens, mas pela vontade de Deus - a Doutrina dos Espíritos? - Vós, que tendes feito, desde os primeiros tempos? Onde já implantaste, com o vigor com que o devíeis fazer, os ensinamentos do Divino e Amado Mestre? Que se vê, que se observa no mundo? Onde se encontra a moral verdadeiramente cristã?

            - Um fruto vosso, eu vo-lo aponto: - Sai de um bordel uma meretriz, da sentina onde no gozo se deleita; vem coberta de sedas e brilhantes, altiva, orgulhosa afrontando a moral, e, ao deparar com uma donzela pobremente vestida, olha-a de soslaio e sorrindo diz - uma mendiga! - Segue impávida e, após o bordel, o seu primeiro cuidado é o templo. Aí, contrita se ajoelha, reza as orações que a Igreja ensina e, sentindo-se satisfeita, a pobre desgraçada parte para de novo encontrar outras donzelas e de novo lançar-lhes olhares de escárnio e de desprezo!

            Eis o trabalho da Igreja! - Eis também o motivo destes livros sucessivos. - Eis a razão desse combate sem trégua, em que nos empenhamos. - Eis a razão da teimosia do nossos espíritos, pois sentimos que cumprimos um dever, levantando, tanto quanto nos permitem as nossas forças, o sentimento da verdadeira graça.

            Chamar a Jesus para os corações, eis o nosso esforço; mas, o Jesus Espírito, o Jesus Amor, o Jesus Perdão, o Jesus Extrema Bondade e não esse Jesus que a Igreja, como um estafermo, coloca diante dos seus altares, que não impressiona as almas e não o pode fazer, pois não tem vida, servindo apenas para mascarar sentimentos que degradam, caracteres que se esboroam, crenças mortas que procuram viver um momento, um instante, por meio de oblatas que tão somente na forma diferem das que ofereciam os pagãos, em outras eras, conduzindo aos holocaustos pombos, ovelhas e carneiros, para o suborno do seu Criador e Pai!

            Eis porque, leitores, assim falando, é o Espiritismo uma revelação diabólica, a arte do demônio. Mas, bendito demônio! Salve Satanás, que exerces o teu poder para fazer ressurgir o Evangelho de Nosso Senhor Jesus Cristo das podridões a que o lançaram aqueles que o exploram!