segunda-feira, 13 de junho de 2011

43 Trabalhos do Grupo Ismael


43



SESSÃO DE 22 DE MARÇO DE 1940

Comemorativa do sacrifício do Gólgota
(sexta-feira ‘’santa’’)

 Terceira manifestação, sonambúlica, do Espírito que, 
pela segunda vez, se manifestara dois dias antes.


Médium: J. CELANI


            Espírito. – Venho de uma peregrinação pelos templos, onde se comemoram os fatos da semana santa. Fi-lo acompanhando deste Espirito que houve por bem ajudar-me na transmutação do meu eu espiritual, quanto à forma de interpretar o Cristianismo de Jesus.
            Interroguei-o bastas vezes sobre pontos que ainda não pudera compreender. A respeito de uns, deu-me ele explicações; quanto aos outros, disse que eu aguardasse a oportunidade de compreendê-los em espírito e verdade.
            Até a pouco eu via reproduzir-se aqui no espaço, no meio em que vivia, as mesmas fórmulas de culto que ai pratiquei, quando de minha última jornada terrena.
            Agora não mais as vejo e o meu Espírito, desconsolado por não sentir o alivio que experimentava, procurou descobrir a causa dessa mutação.
            A voz amiga então me disse:  Volta lá á Oficina de Ismael; Inquire e terás a resposta. Aqui, pois, estou como pedinte insatisfeito, que ainda necessita de uma esmola de amor, de caridade.
            Dizei-me: porque a vossa crença põe de lado o fulgor das festividades da Igreja? Não são elas necessárias para alertar os espíritos dos crentes? Que tendes para atrair as massas carentes de um freio que lhes dome as paixões?
            Eis o que peço me esclareceis, a fim de que o meu Espírito dê o verdadeiro rumo ao seu progresso.

            (O diretor, por entre explanações de vários pontos do Evangelho, lhe faz ver que o Cristo, falando à Samaritana, disse viria o tempo, e já viera, em que não mais se adoraria a Deus nem no templo de Jerusalém, nem no monte Garizim; em que o Pai seria adorado em espírito e verdade no templo dos corações, o que implica a abolição, por inúteis, de todos os cultos exteriores; que os que o adorem assim, em espírito e verdade, são os seus verdadeiros adoradores, os que Ele quer ter; que, por isso, Jesus não instituiu, nem praticou qualquer culto exterior, demonstrando constantemente consistir a sua doutrina  tão só na prática do bem, das boas obras, em obediência ao mandamento do amor a Deus e ao próximo e na exemplificação das virtudes, cujo modelo supremo Ele é. Pondera que o Espiritismo, sendo o Consolador prometido, não poderia obrar de outra forma.

            E. – (Após alguns momentos de silêncio): - Sim, o Consolador veio à Terra com a mesma simplicidade do Messias, há  20 séculos. Fala diretamente aos corações,  desataviado de pompas, indiferente às fórmulas, procurando tocar as almas e não, apenas, iludir os sentidos.
            Não são as luzes materiais, nem as harmonias da Terra, que levam os Espíritos a meditar sobre as obras do modelo oferecido à humanidade, mas a compreensão dos seus ensinos e da finalidade da sua missão.
            As diferenças devem ser lançadas à conta da diferenciação que apresentam as almas. A uns, basta uma só palavra, para lhes despertar o sentimento: a outros só o tempo e a dor os encaminharão para o carreiro que os conduzirá ao aprisco.
            Isso o que me diz o vosso e hoje meu mentor espiritual.

            (Depois de alguns momentos de silêncio): - Graças sejam dadas ao Senhor, por me tirar do Espírito
o vazio e por me fazer compreender que toda a minha obra junto dos que ainda me seguem deve ser em sentido contrário ao que lhe imprimi na Terra.
            Para que? perguntas tu.  Para podermos, todos os que nos desviamos do caminho certo, retomá-lo, a fim de chegarmos ao aprisco; para resgatarmos os nossos erros e merecermos o perdão daquelas a quem transviamos com a falsidade das nossas interpretações.
            Esse o dever que nos corre, uma vez que nos achamos convencidos de nossos erros e capacitados da necessidade de repará-los, de maneira a demonstrarmos que não agimos com insinceridade, mas, sim, apoiados na convicção íntima de que servimos à Verdade
            Esta a esmola que recebi, meus amigos, neste dia.
            Tal como o bom ladrão, crucificado com o Senhor, posso dizer que doravante com Ele estarei.
            Glória ao Mestre e paz a todos vós que procurais servi-lo, servindo à nova Igreja que surge para o pontificado do Espírito Santo.
            Obrigado! Obrigado, meus irmãos.
            Extraordinário!
            A Igreja dita do Cristo, imensa, envolvida na política das paixões, não sente, nem se lembra das palavras de Jesus a Pilatos: Nenhum poder terias sobre mim, se te não fosse dado lá do Alto.
            Vendo solapados seus alicerces temporais pela ação dos tiranos, ela olvida que o Messias, dispondo embora da grande força moral das suas virtudes, abaixou a cerviz aos desígnios divinos, em vez de impor a palavra de ordem, para salvar a humanidade.
            Na obra da Igreja colaborei com sinceridade, porque convencido estava de que somente a força moral
não bastava para conter os desvarios das massas.
            Eu não conhecia o poder fluídico, a sua força extraordinária para dominar o mal.
            Repararei, meus caros amigos, bem o espero, esse passado, tomando um posto nas fileiras dos novos levitas.
            E agora me vou, porque um dos vossos Guias vos quer dizer algumas palavras.
            Obrigado. Que o divino Mestre vos santifique a obra, para que ela produza cada vez melhores frutos nesta terra fadada a grandes empreendimentos em prol da humanidade. – Joaquim.

*

Comunicação final,    sonambúlica


Recompensa ao esforço empregado. – Efeitos que produziria a transformação do Espirito que se fora. – Comemorações produtivas.– A luta nos dois planos.  – Porque prossegue. – Preparação do advento do reinado de um só Pastor.  – Atividade das hostes de Jesus. – A humanidade enferma. – Falência das religiões.  – O que faz o Messias. – Necessidade de sentir-se a epopeia do Calvário.
 – Aplicação da parábola do homem rico.  – Dias hão de vir piores . –  Os Pedro que hão de surgir .  – Possibilidade da manifestação de Ismael.  – Palavras de conforto e incitamento.


Médium: J. CELANI


            Paz, meus companheiros e amigos.
            Bem valeu o vosso esforço de vir até aqui, pelas consequências que resultarão desse fato. É uma esmola com que o Cristo quis galardoar o vosso labor fiel na Seara divina.
            A personalidade deste irmão que acaba de falar-vos, acatada, no espaço, por legiões inumeráveis, produzirá, em virtude da modificação por que vem de passar o seu Espirito, grandes e benéficos efeitos para a tarefa dos pregoeiros na Nova Revelação.
            São estas as comemorações produtivas na Seara do divino Mestre, onde tudo é aproveitado, porque tudo é trabalho do infinito.
            A luta, meus companheiros, é de vida e de morte, segundo a vossa expressão terrena. E, se são os daqui do infinito que preparam o aproveitamento dos discípulos, todo trabalho feito aqui repercute aí no mundo dos efeitos.
            A guerra ao Cristo começou com o início da sua missão; varou os séculos e atinge o auge no momento que viveis!
            As gerações se renovam e, afora aqueles que se esclarecem e tomam o caminho, os demais continuam a luta sem tréguas, convencidos de que servem à Verdade e de que a Verdade é patrimônio exclusivo deles.
            Chegou, porém, o momento em que terá começo a preparação do advento do reinado de um só Pastor e um só rebanho.
            Os instrumentos agem, convulsionam o mundo, manejam a espada e operam a destruição aí no vosso plano. E aqui?  Porventura, as decúrias e centúrias de Jesus se mantém inativas?  Não. Todas se acham a postos, com seus anjos à frente, aparelhando os que hão de baixar levando tarefas adequadas a cada povo,de acordo com as características da sua evolução, para que a obra cristã seja executada em espirito e verdade na consciência humana. É sem duvida confrangedor o quadro que vós e nós observamos. Todos mal, porém, tem seu remédio conforme a sua intensidade.
            A humanidade enfermou moralmente, degradou-se, esqueceu, por completo, a razão de ser da sua existência. As religiões faliram, perderam a autoridade moral sobre as massas e, quebrado o freio da crença, as massas se deixam tomar de paixões indignas da sua origem divina e se lançam à prática de atos que as categorizam entre as feras irracionais.
            O Messias contempla, do alto de sua glória, esse estado de coisas e prepara seus servos para intervirem na hora precisa. Quando soar essa hora e os colaboradores terrenos estiverem aparelhados,pelos corações, para a execução da parte que lhes cabe na obra, como outrora a seus discípulos, na Palestina, no início da tarefa sublimada, entre aqueles também haverá  gradações, quais houve entre estes; haverá os Pedro, os Judas e os João, o discípulo amado.
            É preciso, pois, meus caros companheiros, orar e vigiai, trabalhar os corações, compreender, sentindo-a, a epopeia do Calvário, compreender que o Cristo deixou, nesse monumento imperecível que é o Evangelho, o roteiro para os que quisessem servi-lo. Nas horas do desalento, lá está o conforto.
            Lembrai-vos da parábola do homem rico, a fim de compreenderdes que somente pode ser servidor do Cristo  aquele que puder enfrentar, de fronte erguida, o martírio. Porque, o mundo ainda não suportou todas as torturas necessárias à sua depuração. Piores dias virão, em que será experimentada a vossa fé, a vossa fidelidade ao Cristo de Deus.
            Haverá, já vo-lo disse, Pedros, na hora da provação; mas também surgirão os Pedros, na hora da provação; mas, também surgirão os Pedros que evangelizem o Cristianismo, após o cantar do galo.
            Por isso, eu aqui vim, a serviço de Ismael, para dizer-vos estas palavras. Não sei se me desobriguei da incumbência, segundo os desejos do nosso amado mestre e diretor.
            Fi-lo, porém, como me foi possível e estou certo de que, se nos ajudardes, futuramente ele poderá, sem interferências, trazer a sua palavra de incitamento e conforto aos seus colaboradores.
            Meus companheiros, eu vos asseguro que o vosso dever foi cumprido  e que podeis regressar aos vossos lares, satisfeitos e confortados.
            Que o olhar do Mestre não se aparte de vós. Ele segue os vossos passos, encaminhando-vos para o desempenho dos compromissos que assumistes de trabalhar na sua Seara.
            Ide, pois, levando no corações a sua bênção e os nossos votos de paz para os vossos lares,para todos quantos vos procuram  buscando receber por vosso intermédio uma palavra do Alto. Paz seja convosco. Bittencourt.



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