domingo, 26 de junho de 2011

As Bodas de Caná


As Bodas de Canã, Galiléia              

         2,1 Três dias depois, celebravam-se bodas em Canã da Galiléia e achava-se ali a mãe de Jesus. 2,2 Também foram convidados Jesus e os seus discípulos. 2,3 Como viesse a faltar vinho, Sua mãe  disse-Lhe: -Eles já não tem vinho. 2,4 Respondeu-lhe Jesus:
“ - Mulher, isso compete a nós? Minha hora ainda não chegou” 2,5 Sua mãe disse aos serventes: - Fazei tudo quanto Ele vos disser! 2,6 Ora, achavam-se ali seis talhas de pedra para as purificações dos Judeus, que continham cada qual duas ou três medidas
( ± 40 litros)  2,7 Jesus ordenha-lhes: - Enchei as talhas de água”. Eles encheram até em cima  2,8 “ - Tirai agora”, disse-lhes Jesus, “e levai ao chefe dos serventes” E levaram 2,9 Logo que o chefe dos serventes provou da água tornada vinho, não sabendo donde era (se bem o soubessem os serventes, pois tinham tirado a água) chamou o esposo 2,10 e disse-lhe: “ - É costume servir primeiro o vinho bom, e depois, quando os convidados já estão quase embriagados, servir o pior. Mas, Tu, guardaste o vinho melhor até agora. 2,11 Este foi o primeiro ato de Jesus: Realizou-o em Canã da Galiléia. Manifestou a Sua glória, e os discípulos creram Nele. 2,12 Depois disso, desceu para Cafarnaum, com Sua mãe, Seus discípulos e Seus irmãos; e, ali, só demoraram poucos dias.
               
        Para   -As  Bodas  de  Canã,  GaliléiaJo (2,1-12), tomemos “A Gênese”, de Allan Kardec:
           
            “Este milagre, referido unicamente no Evangelho de S. João, é apresentado como o primeiro que Jesus operou e nessas condições, deveria ter sido um dos mais notados.       

            Entretanto, bem fraca impressão parece haver produzido, pois que nenhum outro evangelista dele trata. Fato tão extraordinário era para deixar espantados, no mais alto grau, os convivas e, sobretudo, o dono da casa, os quais, todavia, parece que não o perceberam.

           Considerado em si mesmo, pouca importância tem o fato, em comparação com os que, verdadeiramente, atestam as qualidades espirituais de Jesus. Admitido que as coisas tenham ocorrido, conforme foram narradas, é de notar-se seja esse, de tal gênero, o único fenômeno que se tenha produzido. Jesus era de natureza extremamente elevada, para se ater a efeitos puramente materiais, próprios apenas a aguçar a curiosidade da multidão que, então, o teria nivelado a um mágico. Ele sabia que as coisas úteis lhe conquistariam mais simpatias e lhe granjeariam mais adeptos, do que as que facilmente passariam por fruto de grande habilidade e destreza.

         Se bem que, a rigor, o fato se possa explicar, até certo ponto, por uma ação fluídica que houvesse, como o magnetismo oferece muitos exemplos, mudado as propriedades da água, dando-lhe o sabor  do vinho, pouco provável é se tenha verificado semelhante hipótese, dado que, em tal caso, a água, tendo do vinho unicamente o sabor, houvera conservado a sua coloração, o que não deixaria de ser notado. Mais racional é se reconheça aí uma daquelas parábolas tão frequentes nos ensinos de Jesus, como a do filho pródigo, a do festim das bodas, do mau rico, da figueira que secou e tantas outra que, todavia, se apresentam com caráter de fatos ocorridos. Provavelmente, durante o repasto, terá ele aludido ao vinho e a água, tirando de ambos um ensinamento.  Justificam esta opinião as palavras que a respeito lhe dirige o mordomo: “Toda gente serve em primeiro lugar o vinho bom e, depois que todos o têm bebido muito, serve o menos fino; tu, porém, guardas até agora o bom vinho”

            Entre duas hipóteses, deve-se preferir a mais racional e os espíritas não são tão crédulos que por toda parte vejam manifestações, nem tão absolutos em suas opiniões, que pretendam explicar tudo por meio de fluidos.”

            Para  Jo (2,5), - Palavra de Mãe - Emmanuel, por Chico Xavier, em “Caminho, Verdade e Vida”, nos esclarece:

            “O Evangelho é roteiro iluminado do qual  Jesus é o centro divino. Nessa Carta de Redenção, rodeando-lhe a figura celeste, existem palavras, lembranças, dádivas e indicações muito amadas dos que lhe foram legítimos colaboradores no mundo.

            Recebemos aí recordações amigas de Paulo, de João, de Pedro, de companheiros outros do Senhor, e que não poderemos esquecer.

            Temos igualmente, no Documento sagrado, reminiscências de Maria. Examinemos suas preciosas palavras em Caná, cheias de sabedoria e amor materno.

            Geralmente, quando os filhos procuram a carinhosa intervenção da mãe é que se sentem órfãos de ânimo ou necessitados de alegria. Por isso mesmo, em todos os lugares do mundo, é comum observarmos filhos discutindo com os pais e chorando ante corações maternos.

            Interpretada com justiça por anjo tutelar do Cristianismo, às vezes é com imensas aflições que recorremos a Maria.

            Em verdade, o versículo do apóstolo João não se refere a paisagens dolorosas. O episódio ocorre numa festa de bodas, mas podemos aproveitar-lhe a sublime expressão simbólica.

            Também nós estamos na festa de noivado do Evangelho com a Terra. Apesar dos quase vinte séculos decorridos, o jubilo ainda é de noivado, porquanto não se verificou até agora a perfeita união...

            Nesse grande concerto da idéia renovadora, somos serventes humildes. Em muitas ocasiões, esgota-se o vinho da esperança. Sentimo-nos extenuados, desiludidos... Imploramos ternura maternal e eis que Maria nos responde:

            Fazei tudo quanto Ele vos disser...

            O conselho é sábio e profundo e foi colocado no princípio dos trabalhos de salvação.

            Escutando semelhante advertência de Mãe, meditemos se realmente estaremos fazendo tudo quanto o Mestre nos disse.” 



Um comentário:

  1. Há uma máxima para a interpretação profunda do Evangelho que sempre funciona. Toda vez que a interpretação fizer referência somente a um momento histórico ou personagens exteriores estamos lidando com a interpretação literal ou alegórica, mas quando a interpretação fizer referência à reforma íntima estamos fazendo a interpretação profunda. Recentemente percebi a riqueza da parábola do Samaritano. Descer de Jerusalem (sagrado) para Jericó (cidade de negócios) significa baixar o padrão vibratório, os ladrões são as nossas más tendências. Como é comum julgarmos as pessaos com as quais temos uma difícil convivência quando deveriamos nessa hora sermos como o Samaritano, deitar sobre suas chagas o vinho do amor e o óleo do perdão. Como é bom poder aprender e compartilha o que já aprendí. Espero manter-me vigilante e não deixar acabar o vinho do amor, essa essência divina. Fica com Deus.

    ResponderExcluir