quarta-feira, 25 de maio de 2011

Conteúdo e Interpretação dos Textos Bíblicos


Série
de Artigos de ‘Reformador’(FEB)
sobre  conteúdo
 e Interpretação
dos Textos  Bíblicos

1º)  Em Janeiro 1941:

            Versículo 18 do capítulo I do Evangelho de João:
            Como impresso pela Sociedade Bíblica Americana e pela Sociedade Bíblica Britânica;
            O texto certo: “Ninguém jamais viu a Deus; o Filho unigênito que está no seio do Pai, esse o revelou”; mas, por engano daquelas traduções o nome Filho está substituído por Deus. Assim, o texto ficou como a seguir:
            “Ninguém jamais viu a Deus o Deus unigênito que está no seio do Pai, esse o revelou.”
            Outro, muito notável por ser o mais velho, é atribuído a Jerônimo, desencarnado no ano de 420. Está no Apocalipse 5:8 que se lê “... foi-lhe dado poder sobre as quatro partes da Terra”. Pelo grego e pelas múltiplas outras traduções o correto seria: “...foi-lhes dado poder sobre uma quarta parte da terra...” 
            Este erro é encontrado até nas bíblias católicas como na de Pedreira de Figueiredo. Comenta ainda o Reformador: “Ora, neste momento em que se estão cumprindo as profecias do Apocalipse, é bem consolador leiamos que 75% da Terra não ficará entregue aquele anjo exterminador, mas somente 25% do nosso planeta!”
           
2º) Em Dezembro de 1946:

            Kardec foi continuamente alertado que a linguagem humana é muito pobre para expressar pensamentos espirituais, porque ela foi cunhada para  necessidades materiais.
            No grandioso resumo que o Cristo fez de toda a Religião, naquele período maravilhoso que tudo diz em poucas palavras, segundo Mateus 7:12, entra uma palavra elástica que motivou diferenças de tradução que, por vezes desfiguram a idéia. Referimo-nos ao pronome grego: autos que o dicionário define: “ele (mesmo), ela (mesma), isso (mesmo), este, esta, isso; em si, de si, próprio, justo, junto, com; igualmente”.
            Vejamos as traduções:
            Figueiredo: ‘E assim tudo o que vós quereis que vos façam os homens, fazei-o também vós a eles; porque esta é a lei e os profetas.’
            Almeida: ‘Portanto, tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós, porque esta é a lei e os profetas.’
            Edição Brasileira: ‘Portanto, tudo o que quiserdes que os homens vos façam, fazei-o também vós a eles; porque esta é a lei e os Profetas.’
            Pedreira de Castro: ‘E tudo o que quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós. Porque esta é a lei e os profetas.’
            A tradução fica ilógica ao desdobrarmos a última frase: Esta é a Lei e esta é os Profetas.
            A tradução em Esperanto, diz o autor do artigo, está boa pois traduz: Isto é a lei e os profetas.
            O artigo tem nota de rodapé elogiando a tradução do Padre Uberto Rohden que diz: “pois é nisto que consistem a lei e os profetas”.


 3º) Em Abril de 1949

            Em artigo sob título ‘Diferenças de Tradução’ o brilhante Ismael Gomes Braga destacava:

            a. No Decálogo, segundo Êxodo 34:7, as traduções católicas e protestantes acrescentaram uma palavrinha de três letras - até - que altera todo o sentido. O original diria, como se vê na tradução de Zamenhof: “puno a iniquidade dos pais nos filhos na terceira e quarta geração”, o que pode ser interpretado pelos reencarnacionistas como verdade velada. Na terceira ou na quarta geração, o culpado já voltou e recebe a punição, isto é, a conseqüência de suas próprias faltas e não das faltas dos pais, pois que realmente são os mesmos Espíritos que já se reencarnaram. No entanto, os tradutores católicos e protestantes, que não crêem (ou melhor, não sabem) que há reencarnação, acharam mau esse versículo e lhe acrescentaram um lamentável até, redigindo assim: “puno a iniqüidade dos pais nos filhos até a terceira e quarta gerações”. O sentido já é completamente outro: Pais, filhos, netos, bisnetos, tetranetos, todos recebem o castigo com esse até; quando, sem o até,  o castigo só pode cair nos bisnetos e tetranetos, isto é, fica o tempo necessário à volta do Espírito culpado para receber as conseqüências de seus próprios atos. Neste último caso reina a justiça perfeita de Deus. Cada um paga pelos seus pecados e não pelos pecados alheios; no primeiro caso há uma verdadeira blasfêmia, porque Deus castigaria o inocente pelo crime de seus antepassados.”
            Até Roustaing se deixou enganar por esse até corrigindo o engano entre a 2ª e a 3ª edições francesas, complementa Ismael Braga.
            No mesmo artigo, o autor cita caso de supressão de palavra, agora de parte de leitores e não de tradutores, em João 18:36, no diálogo entre Jesus e Pilatos. Diz o autor:
            ““O meu reino não é deste mundo” e logo após acrescenta: “... mas agora o meu reino não é daqui.” Só foi aceita como clara a primeira afirmação, sem limitação alguma: “o meu reino não é deste mundo”, e ficou esquecida a frase limitada no tempo: “agora o meu reino não é daqui.”
            A interpretação católica e protestante seria que o reino de Jesus é o céu, fora do planeta em outro lugar, e eternamente assim será. No entanto, na interpretação espiritista, o reino de Jesus será também na Terra, no futuro, quando os homens houverem progredido e adquirido a perfeição moral. Portanto, agora, o reino de Jesus não é deste mundo, mas no futuro será. Esse ‘agora’ toma uma importância capital. Em vez de citarmos a primeira frase, devemos citar sempre a segunda.


4º)  Em Agosto de 1949

            Sob o título “Morte? Sepultura? ou Inferno?” lemos:
            “Comparando diversas traduções da Bíblia, encontramos a mesma palavra traduzida por morte, sepultura e inferno, no versículo 55 do capítulo 15 da Primeira Epístola de Paulo aos Coríntios.
            Na Vulgata lê-se: “Ubi est mors victoria tua? ubi est mors stimulus tuus?” Só faltam as vírgulas para ser literalmente o que se lê nas traduções de Pedreira de Figueiredo, na Edição Brasileira, na Edição de Vozes e outras que dizem: “Onde está, ó morte, a tua vitória? Onde está ó morte, o teu aguilhão?” Igualmente em grego aparece a mesma forma: “pou sou, thánate, tò nîkos? Pou sou, thánate, tò kentron?”
            Na tradução inglesa oficial da Igreja Anglicana, porém, na segunda frase aparece “sepultura” (grave) em vez de morte; diz: “O death, where is thy sting? O grave, where is thy victory?” O mesmo na velha tradução de Theodoro Besae para o latim: “Ubi tua, o mors, victoria? ubi tuus, o sepulcrum, aculeus?”
            Na tradução oficial da Igreja Luterana, não vem “morte” nem “sepultura”, mas “inferno” (Hölle): “Tod, wo ist dein Stachel? Hölle, wo ist dein Sieg?”
            As pessoas que se apegam à letra das Escrituras não podem comparar muitas traduções para não perderem sua fé cega.

5º)  Em Abril de 1950

            Sob o título ‘Corrigiram velho erro’ lemos o seguinte artigo:
            “Nas traduções católicas da Bíblia vinha um erro vencendo os séculos renitentemente, mas foi agora corrigido na tradução de Frei João José P. de Castro O.F.M., publicada com aprovação da Igreja.
            Trata-se de João 2:4.
                No ‘Missal Quotidiano’, de D. Beda Keckeisen O.S.B., sexta edição, publicada em 1947, na Bahia, reimprimem o erro. Diz: “Mulher, que tenho eu contigo?” A nova edição católica, acima referida, diz: “Senhora, que tens tu comigo? Como se vê, a frase era incompreensível aos católicos, partidários da humanidade de Jesus, porque para eles Jesus foi Deus e Homem e Maria é Mãe de Deus. Não podendo compreender a frase, procuravam acomodá-la às suas convicções; mas o bravo franciscano teve coragem  de corrigir o erro, só alterando levemente a frase.
            Agora, correm entre os católicos duas traduções autorizadas, dizendo coisas completamente diferentes: numa versão Jesus teria dito que ele e Maria nada tinham que ver com a falta de vinho nas Bodas que assistiam. Frase ilógica, porque imediatamente tomou ele providências para transformar água em vinho. Pela outra versão, disse que entre ele e Maria não existia o parentesco que se supunha...
            ...A chave para a compreensão desse versículo, como a de tantos outros, teria de vir mais tarde, com o Espiritismo, como veio.”

            E, finalmente, em Reformador, em Janeiro de 1949, destacando trechos do livro ‘Cristianismo e Espiritismo’, de Léon Denis, cita a Orígenes, a Sto Agostinho e a Jerônimo:

            Orígenes: “As escrituras são de pouca utilidade para os que as tomam como foram escritas. A origem de muitos desacertos reside no fato de se apegarem à sua parte carnal e exterior.”

            Sto Agostinho: “Nas obras e nos milagres de Nosso Salvador, há ocultos mistérios que se não podem levianamente, e segundo a letra, interpretar, sem cair em erro e incorrer em graves faltas.”

            S. Jerônimo: “Toma cuidado, meu irmão, no rumo que seguires na Escritura Santa. Tudo o que lemos na Palavra santa é luminoso e por isso irradia exteriormente, mas a parte interior ainda é mais doce. Aquele que deseja comer o miolo deve quebrar a casca.”

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