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SESSÃO DE 24 DE JANEIRO DE 1940
Comunicação final, sonambúlica
Refere-se toda ela à circunstância de achar-se gravemente enfermo um companheiro do Grupo, o qual, mais tarde, graças a Deus, recuperou quase completamente a saúde.
Dirigindo-se diretamente aos servidores da treva, Bittencourt Sampaio lhes afirma que não conseguirão o escândalo que procuram, promovendo a falência, à ultima hora, daquele que se fizera propagandista ardoroso da palavra revelada.
Assinala a ilusão em que, insensatos, laboram, supondo que, se conseguissem o escândalo, prejudicariam a obra. – Declara que esta irá até ao fim porque a coorte do Evangelho está vigilante. – As lutas que aguardam os admitidos ao serviço do Evangelho. – Necessidade do critério e da ponderação nesse serviço. – Como deve o discípulo do Evangelho imitar o Mestre. – Orientação aconselhada aos obreiros da Casa de Ismael.
Médium: J. CELANI
O soldado do Cristo está sob a guarda dos seus servos fieis e dedicados. Deus vela. Se tomba um homem, centenas de homens se erguem para a defesa da causa, que não dos homens e sim daquele que o Pai enviou para a cristianização desde planeta.
Quereis o escândalo (dirige-se a invisíveis representantes da treva), montando guarda em volta do instrumento da propaganda da palavra relevada? Não o conseguireis. A vossa ação irá tão somente até aos limites demarcados pela lei sábia e justa do nosso Criador e Pai.
Não ignoro que sabeis aproveitar as falhas do homem e que sabeis também explorar-lhe o trabalho desarrazoado e a ação nem sempre criteriosa e medida, a serviço da Verdade. Quereis explorar a retumbância do escândalo, que seria a falência de tão evidente propagandista da Nova Revelação.
Pensais que essa retumbância retardaria sequer de um passo a marcha ascensional da ideia que brotou para humanidade na manjedoura, que cresceu, evoluiu e empolgou a mesma humanidade, faltando apenas que seja por ela assimilada em toda a sua essência para reunir o rebanho e unificá-lo em torno do Pastor divino?
Cegos que sois! Criaturas empolgadas pelo ódio e obscurecidas pelo orgulho, que não deixa perceber o amor do Cristo, nem a sua caridade para com aqueles que, levantados por Ele um dia do abismo do crime, tomaram a sua cruz para segui-lo.
Insensatos! a vossa obra não irá até o fim, porque a coorte do Evangelho está vigilante e saberá romper as novas fileiras, no momento oportuno, para salvação do acervo de N. S. Jesus Cristo.
Meus companheiros, que terríveis lutas guardam todos aqueles que foram admitidos ao serviço do Evangelho! Vede que as minhas palavras, as advertências fraternas tantas vezes feitas ou dirigidas ao companheiro tinham razão de ser.
Ao Cristo se serve mais com a ação criteriosa e ponderada, com a vigilância e com a sutileza necessária no mundo das paixões, do que com os entusiasmos frequentemente improdutivos. E’ preciso seguir cautelosamente a estrada e não avançar demais, porque o lobo ronda e espreita.
Somente aqueles que possuem cabedal moral estão salvaguardados da ação dessas matilhas que se colocam de alcateia ao rebanho do Cristo. Ao menor descuido, torna-se presa fácil aquele que se afoita demasiado, sem os predicados indispensáveis à sua defesa.
O discípulo do Evangelho deve, sobretudo, imitar o Mestre que, na sua missão gloriosa, pregava às massas, exemplificava as suas afirmações e fazia promessas comedidas e veladas, a fim de que produzissem frutos naqueles que as pudessem compreender e fizessem a sua obra no futuro, pelos anos em fora.
Esta a orientação sempre aconselhada aos obreiros da Casa de Ismael: expor a doutrina pela palavra escrita ou falada, com moderação e critério. Em vez das polêmicas azedas e apaixonadas, fraternas trocas de ideias entre filhos do mesmo Pai.
Somos partidários do trabalho unificado na Casa de Ismael, porque a dispersão de forças é prejudicial, esgota os poucos trabalhadores, os põe combalidos e accessíveis ao trabalho da treva, que combate a luz e o advento da Verdade.
Não se pode ir além dos limites traçados pelos méritos da humanidade. E’ do Evangelho. O Cristo o disse. Não podereis modificar o estado da alma daqueles que ainda não logram compreender os ensinos do Cristo, como vós os compreendeis. São cegos para os quais ainda não chegou a hora da iluminação.
Envolvei, portanto, o companheiro abatido nos eflúvios dos vossos sentimentos, pois que ele avançou muito e uma falência seria desastrosa para o seu Espírito.
Rogai por ele à Virgem, para que com o seu amor o proteja e o liberte do envolvimento que se prenuncia ao seu derredor, no intuito de quebrar o seu contato com os servos da seara, tornando, em consequência, muito difícil a sua defesa.
Meus companheiros, o convívio dos crentes entre si é uma necessidade. Os apóstolos, perseguidos pelos Césares da Roma pagã, se reuniam humildes nas catacumbas para a oração; mais do que para a oração: para receberem os mensageiros do Cristo, que os fortaleciam no desempenho das suas missões, sem quebra da responsabilidades que lhes cabiam, como Espíritos prepostos à obra de cristianização da humanidade. Esse apostolado veio vindo desde então com o tempo e chegou aos vossos dias quase nas mesmas condições de terror, dadas as tendências dos Césares modernos.
A diversidade da época não mais permite o refúgio nas catacumbas. Estas, no entanto, porem ser revividas nos vossos centros de estudos, nos vossos lares, nos vossos corações.
Oremos, pois, companheiros, por todos os componentes, presentes e ausentes, desta escola de sentimentos, porém oremos com mais fervor por aquele que se encontra em maior perigo de soçobro. E aproveitai as lições que os acontecimentos vos oferecem, para firmardes a vossa orientação cristã, ao serviço da Casa de Ismael.
Eis o que me cabe dizer-vos, cumprindo o dever de encerrar com uma mensagem do Alto
o vosso estudo de hoje.
Que Jesus vos ampare, que seu Espírito vos reconduza aos vossos lares, abençoe as vossas esposas e filhos, a fim de poderdes dar cumprimento aos vossos deveres e responsabilidades. – Bittencourt.