Jean-Baptiste Roustaing e Swedenborg
Reformador (FEB) pág. 23 Ano 1945 (?)
O autor, em artigo sob título “Problema Insolúvel sem Roustaing”, aborda, com sabedoria, livro lançado pela ‘Estudos Psíquicos Editora’, sob nome ‘Luz no Caminho’, de Isadoro Duarte Santos - uma série de estudos evangélicos em 82 capítulos. Particularmente analisa dificuldade que o autor teve que enfrentar e que o fez lançar fora a Escola de Kardec e abraçar conceitos já superados de Swedenborg. Daqui em diante reproduziremos o artigo na íntegra:
“No capítulo 73º o Autor trata da Ressurreição e diz: ‘J.-B. Roustaing resolve o caso com a hipótese do corpo fluídico, tão amplamente apresentada no seu livro “Os Quatro Evangelhos” e que nos abstemos de analisar, para não lançar confusão e dúvida no ânimo do leitor’.
A fim de evitar a confusão no leitor ignorante que não possa decidir por si mesmo se os ensinos de Roustaing estão certos ou errados, o nosso brilhante doutrinador foge dessa obra monumental e refugia-se em Du Ciel et de l’Enfer, de Emmanuel Swedenborg, dizendo textualmente:
“Quanto ao resto, a ressurreição de Jesus foi igual à ressurreição de todos os espíritos que vêm vindo à Terra. A morte ‘e a ressurreição. O corpo baixa à sepultura para alimento de vermes de plantas e se transforma em pó. O espírito evola-se no espaço infinito, sua verdadeira morada, onde continua seu progresso individual.”
“Ressuscitar é volver à vida. Jesus volveu à vida espiritual, abandonando o mundo físico, onde baixou para dar exemplos de fraternidade, de bondade, de amor e renúncia”.
Depois conclui o capítulo:
“Acreditamos na ressurreição dos mortos, segundo o ponto de vista aqui apresentado, isto é, na ressurreição do espírito. Os mortos somos nós, enquanto estivermos neste planeta de provação e expiação, em que as virtudes cristãs são a única bagagem que nos acompanhará na eternidade.”
Receando confusão, o autor fugiu da única explicação lógica e nos lançou contra a Doutrina Espírita de Kardec e Roustaing, na mais terrível confusão, pois que a Doutrina de Swedenborg, que ele nos apresenta, já está refutada pelos espíritos e por todos os escritores espíritas.
Kardec ensina que ressurreição é a reencarnação, o reaparecimento nem corpo de carne e “A reencarnação fazia parte dos dogmas judeus, sob a nome ressurreição. ...Designavam pelo termo ressurreição o que o Espiritismo, mais judiciosamente, chama reencarnação (O Evangelho...VI parágrafo 4).
Para conhecimento da Doutrina espírita sobre o sentido da palavra ressurreição, convém ler-se todo o capítulo quarto de “O Evangelho segundo o Espiritismo” É justamente o contrário da doutrina de Swedenborg esposada no livro do nosso confrade Isidoro Duarte Santos: para Kardec ressurreição é reencarnação; para Swedenborg e Isidoro Duarte Santos ressurreição é desencarnação.
Querendo evitar confusão para o leitor, o nosso brilhante confrade lusitano, lançou-o na mais tremenda das confusões, negando um princípio de Doutrina ensinado por Allan Kardec e aceito por todos os estudiosos e fazendo-nos voltar à nevoenta doutrina de Emmanuel Swedenborg, já abandonada por obscura, há mais de 100 anos.
O velho dogma de ressurreição, ensinado pelos judeus, aceito pelos católicos romanos, pelos gregos ortodoxos e pelos protestantes, é explicado pelos espíritas como sinônimo de reencarnação e não de desencarnação, como pretendeu Swedenborg, e agora nos diz o ilustre Autor lisboeta
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Quanto ao caso especial da ressurreição de Jesus, com o mesmo corpo, comendo e bebendo depois da morte, existe perfeita concordância entre os relatos dos evangelistas e as explicações dadas pelos Espíritos a Roustaing e não temos outra explicação satisfatória: temos necessidade de aceitar a explicação de Revelação da Revelação por falta de outra. Esta ‘revelação’, de que Jesus foi um Agênere e não um Espírito encarnado, projeta luz em muitos textos evangélicos que não podem ser compreendidos sem essa ‘hipótese’: nascimento sem união sexual, desaparecimento do ‘cadáver’ no túmulo, reaparecimento em corpo de aparência inteiramente material. Portanto, não há meios de evitar a obra de Roustaing, desde que se queira realmente estudar o Evangelho. Ao espírita ‘científico’ que se contenta com os fenômenos, não interessa o estudo do Evangelho; mas ao ‘religioso’ que queira ensinar Evangelho, como é o caso no livro “Luz no Caminho”, a aceitação da obra de Roustaing se impõe, sob pena de lançar o leitor na mais tremenda confusão.”
Lino Teles termina seu artigo com importantes elogios à cultura e operosidade do autor do livro, que, segundo Lino Teles, deveria estar presente em toda biblioteca espírita. O reparo é feito apenas quanto aos pontos destacados acima.
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