História sem Véu
Fonte: “Roma e o Evangelho” (FEB)
por D. José Amigó y Pellícer
“Vedes como os raios do Sol, após uma tempestade, atravessam as negras nuvens que envolvem a Terra e encobrem o horizonte?
Vedes como amaina a tempestade, restabelece-se a calma, recobra-se a esperança, suspiram docemente as brisas, os passarinhos renovam seus melodiosos gorjeios, e a natureza se reanima?
Assim são as tormentas sociais e as tempestades humanas. O mundo físico, em suas perturbações e em seus violentos abalos, não pode exceder o limite da lei do seu equilíbrio, que é a lei eterna da sua conservação e das suas necessárias transformações.
Do mesmo modo sucede no mundo moral, ou antes, no universo moral. A ignorância, as revoltas da razão e da consciência, o fanatismo, as paixões, os interesses e o orgulho, são os ventos que revolvem as sociedades e arrancam a Humanidade do seu repouso.
Não vos perturbeis, porém, o universo moral segue sua rota, impelida pela divina lei da perfectibilidade e da purificação - e tudo, dia a dia, passo a passo, caminha para o seu providencial destino. Não penseis que em algum tempo a Humanidade retroceda; ela vacila; porém, em sua vacilação, fortifica-se para avançar com impulso mais vigoroso. Quão instrutivas e civilizadoras seriam, para o homem, as lições da História, se ela fosse o quadro fiel das vicissitudes humanas e se o homem pudesse abraça-la em sua universalidade! Porque, é preciso que o saibais, a vossa História é uma gota d’água no oceano das humanidades que se movem e se desenvolvem nas imensas campinas do infinito, e, mesmo assim, essa gota não chega a vós senão corrompida e adulterada. E tudo é por esse molde. Sempre existe o véu espesso com que a cobrem e desfiguram as paixões e os interesses de seita e de partido. Tudo por esse molde, repito, vereis na história confirmado o sucessivo e infinito progresso das sociedades humanas. E quando chegar, pois chegará o venturoso dia em que a História Universal se apresentará a vossos olhos, clara, transparente, luminosa, sem véus e sem enfeites, então caireis, tomados de surpresa, aos pés dessa eterna providência, cuja luz arrancou a Humanidade das tenebrosas imensidades do caos. João Evangelista
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