quinta-feira, 7 de abril de 2011

Morri! Então...?





A Morte Não Existe


            “Necessário vos é nascer de novo.”            -(Jesus a Nicodemos.)

                 Entre inúmeros benefícios que decorrem do estudo e da assimilação da Doutrina Espírita, podemos indicar, sem dificuldade, aquele que orienta acerca do milenário problema da Morte.
                Inegavelmente, sem qualquer partidarismo, somos levados a compreender que só o Espiritismo estuda o velho problema, com riqueza de pormenores, uma vez que, sobre o assunto muito pouco, ou quase nada disseram as demais religiões, que se limitaram, simplesmente, a admitir e anunciar a existência do Mundo Espiritual.
                Sem a consoladoras luzes da nossa amada Doutrina, marcharia o homem para o túmulo - diremos melhor: para a Pátria da Verdade - sem idéia segura do que lhe acontecerá após o choque biológico do desenlace.
                Nenhuma noção sobre a morte.
                Nenhum conhecimento das leis admiráveis que regem a vida no plano espiritual.
                Nenhuma informação sobre o que sucede à alma durante e depois da desencarnação.
                Em suma: verdadeiro cego, ante o mundo grandioso que o aguarda; um indígena, atônito, perplexo, nos pórticos de estranha, quão maravilhosa civilização.
                Essa ignorância, praticamente total, a respeito de tão importante problema, é a triste herança de velhas e novas religiões, mestras no ocultar e fantasiar a realidade da vida além das fronteiras terrenas.
                Religiões que procederam e procedem à maneira dos cronistas sociais modernos: Depois eu conto...
                O Espiritismo é profundamente, intensamente realista, tanto nesse, como em todos os assuntos de interesse da alma eterna.
                Identificando a criatura, sem subterfúgio de qualquer espécie, com os seus postulados, fazendo-a absorver a parcela de verdade que ela suporta, torna-a tranqüila ante a perspectiva da desencarnação...
                ...O nosso conceito, a respeito da morte e de suas conseqüências, se alicerça no Evangelho: “A cada um será dado de acordo com a suas obras.”
                Seria, naturalmente, leviandade, afirmarmos que o Espiritismo já revelou em toda a sua extensão e plenitude, a vida no plano extrafísico.
                Expressando, todavia, a misericórdia divina, vem erguendo, gradualmente, em doses nem sempre homeopáticas, a cortina que separa o mundo físico do espiritual, consentindo estendamos o olhar curioso, indagativo, sobre o belo panorama da vida além da carne.
                O espírita não teme a morte, nem para si nem para os outros, mas procura cumprir, da melhor maneira possível, apesar de suas imperfeições - imperfeições que não desconhece -, os deveres que lhe cabem na Terra, aguardando, assim confiante, a qualquer tempo, hora e lugar, o momento da Grande Passagem.
                Não a considera pavorosa, lúgubre, terrificante, tão pouco a define por suave e milagrosa porta de redenção e felicidade.
                O Espiritismo ensina, com apoio no Cristianismo, que não há duas vidas, mas, sim, duas fases, que se prolongam, de uma só vida.
                Se a Doutrina preleciona: “nascer, viver, morrer, renascer ainda, progredir continuamente”, Jesus notifica a Nicodemos: “Necessário vos é nascer de novo.”
                A uma daquelas fases, dá-se o nome de Etapa Corporal. Vai do berço ao túmulo. À outra, dá-se o nome de Etapa Espiritual. Vai do túmulo ao berço.
                A nossa alma é como o Sol, que se esconde no horizonte, ao pôr de um dia, para, no alvorecer de novo dia, retornar pelo mesmo caminho.
                A vida em si mesma, é sublime cadeia de experiências que se repetem, séculos e mais séculos, até que obtenhamos a perfeição.
                Maravilhosa cadeia, cujos elos se entrelaçam, se entrosam, se harmonizam, justapostos...
                Pensando e atuando dentro desta conceituação, estranha para muitos, por enquanto, porém muito lógica e racional para nós, sabe o espírita, em tese, o que a Morte, como fenômeno simplesmente transitivo, lhe reservará.
                Sabe que o sistema de vida adotado na Terra, o seu comportamento ético, terá justa e eqüânime correspondência no mundo espiritual, que é, indefectivelmente, um prolongamento do terráqueo...
                Boas sementes, bons frutos produzem.
                Más sementes, amargos frutos produzem.
                Seremos, aqui e em qualquer parte, o resultado de nós mesmos, de nossos atos, pensamentos e palavras, sem embargo das generosas intercessões de amigos que nos anteciparam na Grande Viagem.
                Proporcionando alegria e amparo, alimento e instrução, aqui na Terra, aos nossos semelhantes, a Lei nos assegurará, no Plano Espiritual, instrução e alimento, amparo e alegria.
                Tais noções, hauridas no Espiritismo, tornam o homem mais responsável e mais cuidadoso, mais esclarecido e mais consciente, compelindo-o a passos mais seguros, dentro da vida - em suas duas fases -, para que a Vida lhe sorria, agora e sempre.
                Evidentemente, sem subestimar, nem sobrestimar a morte, o espírita caminha, luta e sofre, trabalha e evolui, conscientemente, na direção do Infinito bem, valorizando, para sua própria felicidade, os renascimentos sucessivos a que se referiu Jesus no diálogo com Nicodemos.

Martins Peralva Reformador (FEB)
Novembro 1959

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