Jean-Baptiste Roustaing
Contemporâneo de Kardec, nasceu em Bordéus, cidade francesa, na Província de Gionda, no ano de 1806. Filho de família pobre, viu-se obrigado a trabalhar muito cedo para custear seus estudos. Foi com enorme sacrifício que tornou-se professor de Literatura e de Ciências na cidade de Toulouse.
Enquanto lecionava, estudava direito na faculdade local, onde tornou-se bacharel. Transferiu-se para Paris onde exerceu a advocacia a partir de 1826, indo após para Bordéus fixando residência. Lá destacou-se como jurisconsulto famoso. Como conseqüência foi levado ao cargo de Bastonário e Presidente da Ordem dos Advogados de Bordéus.
Pelo excesso de trabalho a que se dedicou, teve um esgotamento físico e psíquico, levando-o ao leito, em janeiro de 1858. Viu-se forçado a interromper suas atividades profissionais por mais de 3 anos.
Em 1861 retomou sua profissão. Enquanto isso, em 1857, Allan Kardec publicava “ O Livro dos Espíritos” e, em 1861, “O Livro dos Médiuns”, assumia a presidência da Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas e lançava a “Revue Spirite”. Roustaing o considerava “seu chefe espírita”. Enquanto doente, Roustaing leu as obras de Kardec. Concluiu tratar-se de Ciência de Observação e de Doutrina Filosófica de conseqüências morais para a Humanidade.
Escreveu a Kardec manifestando o desejo de freqüentar um centro espírita e pedindo-lhe orientação, recebida logo após. Meses passados, fez-lhe nova carta notificando-lhe os progressos alcançados onde freqüentava e só não foi a Paris conhecer o grande líder porque sua saúde não o permitia.
Em junho de 1861, Roustaing estava em sua casa em companhia de um médium amigo com quem trabalhava diariamente. Resolveu então, evocar os espíritos e obteve resposta de dois: O de João Batista e o de seu pai.
Dias passados, o espírito do apóstolo Pedro lhe anunciou que receberia mensagens psicografadas e que deveriam ser publicadas por ele.
Em outubro de 1861. Kardec vai a Bordéus, participa da reunião geral dos espíritas locais, sendo homenageado, mas Roustaing não compareceu.
Em Dezembro de 1861, Roustaing vai à casa de Mme. E. Collignon e consegue que ela entre em transe mediúnico. Surgiram, então, os 4 evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João que. assistidos pelos apóstolos, disseram a Roustaing que a explicação que seria dada aos Evangelhos seria conhecida como a “Revelação da Revelação”
Em maio de 1865, os originais de seus livros estavam prontos e preparados para a publicação, mas ele não se lembrou e nem se preocupou em levar o material a Allan Kardec, seu “chefe em Espiritismo”, para ouvir seu parecer quanto ao conteúdo. Preferiu correr à editora para publicar sua obra, que ficou pronta em princípios de 1866, ano do lançamento do 1 volume de “Os Quatro Evangelhos”.
Em maio de 1866, os três volumes já estavam à venda nas livrarias de Bordéus.
Em junho de 1866, Kardec recebeu de Roustaing os 3 volumes de sua obra, com comentário publicado na Revista Espírita de junho de 1866.
Em julho de 1867, Kardec voltou a visitar Bordéus onde no ano anterior havia sido inaugurada uma “Nova Sociedade Espírita”. Participou de duas sessões na sede desta nova instituição mas não foi procurado por Roustaing.
Em março de 1869, Kardec desencarna. Roustaing, em 2.1.1879.
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo (Abril de 1996).
Nota do Blogueiro:
Fomos à fonte - A Revue Spirite de Junho de 1866 - de onde retiramos alguns trechos para melhor entender o pensamento do Codificador:
“Até nova ordem não daremos às suas teorias nem aprovação nem desaprovação, deixando ao tempo o trabalho de as sancionar ou as contraditar. Convém pois, considerar essas explicações como opiniões pessoais dos Espíritos que as formularam, opiniões que podem ser justas ou falsas e que, em todo o caso, necessitam da sanção do controle universal, e, até mais ampla confirmação, não poderiam ser consideradas como partes integrantes da doutrina espírita...”
“...o livro do Sr. Roustaing não se afasta dos princípios do livro dos Espíritos e do dos Médiuns.”
“ Sem a prejulgar (a obra de Roustaing), dizemos que já foram feitas objeções sérias a essa teoria e que, em nossa opinião, os fatos podem perfeitamente ser explicados sem sair das condições de humanidade corporal.”
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