sexta-feira, 1 de abril de 2011

Antão, o eremita... A mensagem e sua história

Anthony Abbot by Zurbaran.jpeg

Antão,
 O Eremita
psicografia de Aura Celeste  

            Bendito e louvado seja entre vós o Santíssimo Nome de N.S. Jesus Cristo. Glória a Deus na Terra e em todos os mundos que povoam o Universo.
                Tendes em vossa presença, prezados amigos, o espírito de alguém que, há muitos anos viveu na Terra, tendo a ela voltado em sucessivas encarnações, a fim de continuar a obra da sua própria evolução, segundo bem compreendeis pelo que ensina a doutrina que professais. Declarar-me-ei perante vós, porquanto é bem possível que o meu nome pareça estranho aos pouco versados nas coisas antigas da igreja.
                Fui, em tempos idos, Antão, o eremita.
                Procurando servir ao meu Deus, na medida das minhas forças, entendi que para isso, necessário se fazia me ausentasse do mundo, fugisse ao bulício da vida mundana, abandonasse a sociedade, a família, desertasse de todo lugar onde se encontrassem os homens.  Vivi no deserto, longos anos, a flagelar o meu corpo físico por meio de jejuns continuados e de penitências de toda ordem. Meu fim, aos olhos do Senhor, era justo, porque Ele lia no íntimo de minha alma e compreendia a minha cega ignorância. Pensava eu que martirizando meu corpo, conseguiria a minha purificação espiritual, o que se verifica ainda hoje entre os adeptos de muitas crenças religiosas que se sujeitam ao jejum material, à penitência, ao gasto das forças físicas que Deus concede ao homem para o seu progresso, supondo aumentar a sua força mental e espiritual. Erro esse em que labora grande parte da humanidade!
                Para que o espírito seja são, robusto e forte, de grande auxílio lhe é o corpo em idênticas condições.
                Estive, como acabo de dizer, no deserto, cuidando da purificação do meu espírito e, quando voltei ao espaço, compreendi o erro que cometera, pois só então me convenci de que, para a evolução do meu espírito, necessário se tornava que eu habitasse entre os homens, lutasse no meio deles, estivesse em contato com todas as paixões, no intuito de vencê-las, sacrificasse enfim, todos os gozos da matéria às delícias espirituais.
                Assim sendo, nas sucessivas reencarnações por que tive de passar, graças ao Senhor, consegui atingir o alvo para que fui criado, compreendendo, perfeitamente o que se faz mister à criatura para entrar no caminho do progresso.
                Como tendes discorrido sobre o tema sublime da reencarnação, não é demais vos lembrar o que vos foi dito há dias, das reencarnações sucessivas do espírito de Herodes até achar-se transformado pela misericórdia do Senhor, em espírito de luz! O espírito seráfico de Vicente de Paula goza hoje das sublimes delícias concedidas aos justos, por ter vindo sucessivas vezes a este planeta depurar-se pela prática da moral, pela prática constante das virtudes, pela prática da caridade cristã. Presentemente na Terra e nos mundos superiores, quem diz Vicente de Paula diz caridade, diz amor. Louvado seja o Senhor que tal graça concedeu a esse espírito e que concederá a todos os seus filhos que trilharem o caminho percorrido pelo divino modelo.
                A escada da perfeição, amados irmãos meus, tem que ser galgada degrau a degrau pelo espírito, na trajetória de sua evolução. Quanto maior a dedicação do espírito à prática dos ensinamentos do Divino Mestre, mais rapidamente fará a ascensão. Aqueles, porém, que se afastam da força motriz, esses mais lentamente subirão a escada que os levará à perfeição. Entretanto, na Terra, um esteve, que não precisou subir os degraus da escada das provações, porque perfeito era desde muitas eternidades. Por isso mesmo, perfeito passou entre os homens e perfeito se conservará em união com o Pai. Só o Divino Mestre, já integrado no Criador, só Ele viveu como viverá sempre, impoluto para toda a eternidade. O Cristo, o Senhor, dirigiu seus apóstolos como, invisivelmente, dirige todas as suas ovelhas.
                Trago-vos as minhas impressões, a minha experiência, para que, recordando os tempos idos, minhas palavras vos possam ser proveitosas a todos.
                Quando cairdes em tentação, lembrai-vos do Senhor. João, o evangelista, o discípulo amado disse: Não pequeis; mas, se alguém pecar, recorde-se de que tem perante o Pai um advogado amoroso, que é N. S. Jesus Cristo. Permiti-me a ousadia de fazer minhas estas sublimes palavras: Filhos, amigos e irmãos, não pequeis. Fugi de toda aparência de pecado, procurai ser bons, honestos, justos e santos, se a tanto puderdes chegar nesse mundo; mas se cairdes nas tentações, quando sentirdes que os vossos pés vacilam no caminho da justiça e do dever, que rolais imperceptivelmente para o erro, lembrai-vos de que, por grande que seja a iniqüidade, maior, infinitamente maior é a misericórdia do Divino Mestre, como ficou caracterizado nos múltiplos exemplos de que se acham repletos os Evangelhos. O Cristo falando à samaritana; o Cristo perdoando os pecados aos que Dele se aproximavam; o Cristo curando os enfermos.
                Lede, meus filhos, as páginas santas e nelas vereis exarada a verdade das palavras que vos acabo de dirigir. Por maior que seja a iniqüidade do homem, sempre a sobrepujará a misericórdia divina.
                Louvado seja o Senhor que tanto ama as suas criaturas. Glória ao Seu bendito filho, N. S. Jesus Cristo. Que Maria Santíssima vos ajude, ampare e abençoe.
                Retiro-me, suplicando ao Pai, para vós, a sua paz e a sua bênção.       Assim seja.

                                                                                                                                                                                                Fonte: Reformador (FEB) 15.10.1922




Da Wikipedia...
Santo Antão do Deserto, também conhecido como Santo Antão do Egito, Santo Antão, o Grande, Santo Antão, o Eremita, Santo Antão, o Anacoreta ou ainda O Pai de Todos os Monges, é comummente considerado como o fundador do monaquismo cristão....
... teria nascido em 251 na Tebaida, no Alto Egito e falecido em 356, portanto com cento e cinco anos de idade...
Cristão fervoroso, com cerca de vinte anos tomou o Evangelho à letra e distribuiu todos os seus bens pelos pobres, partindo de seguida para viver no deserto. Os religiosos que tornando-se monges, adaptaram o modo de vida solitário de Antão, chamaram-se eremitas ou anacoretas, opondo-se aos cenobitas que escolheram viver em comunidades monásticas...
Em 1905, foi fundada uma ordem à qual foi atribuído o seu nome: os Antonianos...



2 comentários:

  1. Obrigado pela postagem. Serviu como referência para minhas pesquisas.

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  2. Muito bom! Obrigada por partilhar conosco! Muito útil para os meus estudos no centro em que frequento.

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