Allan Kardec, em “O Evangelho Segundo o Espiritismo”,
compila duas lições magistrais contadas sob a forma de simples histórias.
A primeira, sobre piedosas Senhoras, é assinada por Cáritas.
A segunda, sobre Senhores com diferentes experiências encarnatórias,
é assinada por “Um Espírito Protetor”. Vamos aos textos:
A Primeira: - “Vejo várias vezes na semana uma reunião de senhoras,
de todas as idades; para nós, como sabeis, são todas irmãs.
Que fazem elas? Trabalham depressa, depressa; os dedos são ágeis;
vede também como os rostos são radiosos e como os corações
batem em uníssono! Mas qual é seu objetivo?
É que elas vêem se aproximar o inverno que será rude para os lares
pobres; as formigas não puderam amontoar durante o verão os grãos
necessários à provisão, e a maior parte dos seus pertences está
empenhada; as pobres mães se inquietam e choram pensando
nas criancinhas que, nesse inverno, terão frio e fome!
Mas, paciência, pobres mulheres! Deus inspirou a mulheres
mais afortunadas que vós; elas estão reunidas e vos confeccionarão
roupinhas; depois, num desses dias, quando a neve tiver
coberto a terra, e murmurardes dizendo:
“-Deus não é justo,” porque é a vossa palavra habitual,
a vós que sofreis; então, vereis aparecer um dos filhos dessas
boas trabalhadoras que se constituíram em operárias dos pobres;
sim, é para vós que elas trabalham assim, e vossa murmuração
se mudará em bênçãos, porque no coração dos infelizes,
o amor segue de bem perto o ódio. Como é preciso a
todas essas trabalhadoras um encorajamento, vejo as
comunicações dos bons espíritos lhes chegar de todas
as partes; os homens que fazem parte dessa sociedade
trazem também seu concurso fazendo uma dessas leituras
que agradam tanto; e nós, para recompensar o zelo
de todos e de cada um em particular, prometemos
a essas operárias laboriosas uma boa clientela
que lhes pagará, dinheiro contado, em bênçãos,
única moeda que tem curso no céu,
lhes assegurando por outro lado,
e sem medo de muito avançarmos,
que ela não lhes faltará.”
A Segunda: - “Dois homens vieram a morrer; Deus havia dito:
Enquanto esses homens viverem, serão colocadas
em um saco cada uma das suas boas ações e,
na sua morte, serão pesados esses sacos.
Quando esses dois homens chegaram à sua hora derradeira,
Deus fez trazer os dois sacos; um estava gordo,
grande, bem cheio, ressonando o metal que o enchia;
o outro era muito pequeno, e tão fino,
que se via através deles as raras moedas que continha;
e cada um desses homens reconheceu o seu:
Eis o meu, disse o primeiro; eu o reconheço; fui rico e dei muito.
Eis o meu, disse o outro; sempre fui pobre,
ah! eu não tinha quase nada a partilhar.
Mas, ó surpresa! os dois sacos colocados na balança,
o mais gordo tornou-se leve e o pequeno se fez pesado,
tanto que dominou em muito o outro lado da balança.
Então Deus disse ao rico: Deste muito,
é verdade, mas deste por ostentação
e para ver teu nome figurar em todos os templos do orgulho,
e, além disso, dando não te privaste de nada;
vai para a esquerda e estejas satisfeito de que a esmola
te seja contada ainda por alguma pequena coisa.
Depois, disse ao pobre: Deste bem pouco, meu amigo,
mas cada uma das moedas que estão nesta balança
representa uma privação para ti; se não deste esmola,
fizeste caridade e, o que há de melhor, fizeste a caridade naturalmente,
sem pensar que te seria levada em conta; foste indulgente:
não julgaste teu semelhante, ao contrário,
desculpaste todas as suas ações;
passa à direita e vai receber tua recompensa.”
De um espírito de nome João, na mesma fonte,
tiramos as palavras finais deste artigo,
na expectativa que fiquem para sempre
gravadas no coração de todos:
“... o que quer que seja que
Deus vos tenha dado, disso
deveis uma parte àquele a
quem falta o necessário...”
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