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O texto, conforme Leopoldo Cirne:
‘Retrato de Jesus’
“Existe atualmente na Judéia um homem de uma virtude singular, a quem chamam Jesus Cristo; os bárbaros tem-no como profeta; os seus sectários o adoram como sendo descendido dos deuses imortais.
Ele ressuscita os mortos e cura os doentes, com a palavra ou com o toque; é de estatura alta e bem proporcionada; tem semblante plácido e admirável; seus cabelos são de uma cor que quase se não pode definir, caem-lhe em anéis até abaixo das orelhas e derramam-se-lhe pelos ombros com muita graça, separados no alto da cabeça, à maneira dos Nazarenos.
Sua fronte é lisa e larga, e suas faces são apenas marcadas de admirável simetria: sua barba, densa e de uma cor que corresponde à de seus cabelos, desce-lhe uma polegada abaixo do queixo e, dividindo-se pelo meio, forma mais ou menos a figura de um forcado.
Seus olhos são brilhantes, claros e serenos.
Ele censura com majestade, exorta com brandura; quer fale, quer obre, fá-lo com elegância e com gravidade. Nunca o viram rir; tem-no, porém, visto chorar muitas vezes.
É muito sóbrio, muito modesto e muito casto. Enfim é um homem que, por sua beleza e perfeição, excede os outros filhos dos homens.”
Finalmente, apresentamos o texto em outra versão. Agora, de Gustavo Macedo:
“Vê-se agora na Judéia um homem de uma virtude singular, que chamam Jesus Cristo. Os judeus pensam que é um profeta, mas os seus sectários adoram-no como tendo descendido dos Deuses Imortais. Resuscita os mortos e cura toda a espécie de enfermidades, pela palavra ou pelo contato. É de estatura assaz alta e bem formado, de porte suave e venerável.
Os cabelos são de uma cor a que eu não poderia facilmente comparar outros; caem anelados até embaixo das orelhas, donde se espargem pelos ombros, com muita graça dividindo-o no alto da cabeça, ao modo dos nazarenos.
A sua fronte é lisa e espaçosa, as faces coloridas por um ligeiro rubor; o nariz e a boca conformados com agradável simetria.
A barba, espessa, é da cor correspondente à dos cabelos. Descendo uma polegada abaixo do queixo e dividindo-se ao centro, toma pouco mais ou menos a configuração de uma forquilha.
Os olhos brilham-lhe claros e serenos. Censura com majestade, exorta com mansidão. Ou seja que fale ou que proceda, fá-lo com elegância e gravidade.
Nunca o viram rir, algumas vezes, o viram chorar. É muito moderado no seu todo, muito modesto e discreto. Finalmente é um homem que, pela sua singular beleza e divinas proporções, ultrapassa os filhos dos homens.”
Aqui chegamos. São muitas as variantes a pesquisar. Não que busquemos o texto original. Sabemos que, como os Evangelhos, o ‘Retrato de Jesus’ deve ter sofrido alterações, interpolações, supressões etc., além do que não tem a importância daqueles. Fica, porém, esse material à disposição de algum pesquisador que queira levar o assunto adiante pelo simples prazer de viver e reviver as coisas principais.
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