O Retrato de Jesus
Tudo começa quando, no 2º trimestre de 1996, fui presenteado com um texto publicado na Revista do Círculo Militar e que falava do ‘Retrato de Jesus’. Segundo esta fonte, tal documento teria origem no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa origem inquietava-me. Era vaga e certamente imprecisa. Como alcançar informação mais completa?
Semanas adiante, em estudos na Sala de Leituras da FEB, no Rio de Janeiro, deparo-me com o Reformador de 1º de Janeiro de 1903 que apresentava artigo de Leopoldo Cirne discorrendo sobre a personalidade de Jesus. Tecidas as considerações iniciais o autor refere-se a documento histórico já publicado no próprio Reformador, em sua edição de 1º de Julho de 1900, sob a epígrafe “A Fisionomia de Cristo”. Tratava-se de ‘documento do punho de um governador romano da Judéia, contemporâneo de Jesus, precedendo-o de breves comentários, que nos dispensamos, todavia, de renovar’.
Fizemos então uma primeira tentativa de abrir essa página da história. Em contato com o Presidente da FEB à época solicitamos o texto de Julho de 1900 a que se referia Leopoldo Cirne. Infelizmente não foi possível o acesso a essa informação, nos afirmou o Presidente, em carta generosa e delicada. Devido à sua importância histórica e à fragilidade material, esses exemplares do Reformador, de 1883 a 1902, só poderiam ser consultados em ocasiões excepcionais. Mesmo assim, estremado em gentilezas, o Presidente nos indica um artigo de Boanerges (Indalício Mendes) a que nos referiremos mais adiante.
Note-se bem que Leopoldo Cirne escrevia em 1903 e que o nome Emmanuel era do conhecimento dos espíritas exclusivamente por sua bela contribuição à codificação por Kardec através da página intitulada “O Egoísmo”, no capítulo XI de “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Os encarnados de então não poderiam antecipar que Emmanuel
tornar-se-ia o grande arauto do espiritismo no século XX.
Chico Xavier, por sua vez, reencarnaria em 1910, iniciaria sua missão em 1927 e teria Emmanuel perante si apenas em 1931, quando, doente dos olhos, psicografava “Parnaso de Além-Túmulo” . Em 7 de Setembro de 1938, em mensagem íntima, escreveu Emmanuel: ‘Algum dia, se Deus mo permitir, falar-vos-ei do orgulhoso patrício Públio Lêntulus, afim de algo aprenderes nas dolorosas experiências de uma alma indiferente e ingrata.
Esperemos o tempo e à permissão de Jesus’.
A permissão foi dada, o tempo chegou, e a 1ª edição de ‘Há dois mil anos” é levada a público em 1939 (Ed. FEB). Até então e por aproximadamente 70 / 80 anos o nome de Emmanuel não se ligara ao de Públio Lêntulus e à sua descrição de Nosso Senhor Jesus Cristo. Ajudou-nos nestes escritos o saudoso Clovis Tavares em...
“30 Anos com Chico Xavier” 5a Ed. IDE Agosto 1991.
Retornemos à carta do presidente da FEB. Em seu conteúdo, nos foi também indicado artigo de Boanerges, de abril de 1976, reproduzido em abril de 1996, sob o título: ‘Quando amanhecer o dia...’. Alí, o autor afirma: “No entanto, é a célebre Carta de Lentulus que exige maiores atenções de nossa parte. Os estudiosos dizem não existirem evidências históricas desse Senador, mas nós sabemos que o ‘Larousse do século XX’ registra a figura de Públio Lentulus Sura, que Emmanuel identifica como sendo ele mesmo, quando avô daquele que seria o Senador. Isso é, de fato, uma pista. No entanto, os pesquisadores preferem ter a carta na conta de apócrifa. A carta é dirigida ‘ao Senado e ao templo Romano’, e vem sendo classificada como poética, e psicologicamente de grande efeito.’
Prossegue Boanerges, agora em nota de rodapé: “De fato, a identificação de Públio Lêntulus Sura é uma pista de localização de um tronco familiar. Na realidade, existiram dezenas de Lêntulus na ocasião, além de termos de considerar que o documento, se não pode ser dito como de Públio Lêntulus, tampouco lhe pode ser negado historicamente. Existe, a rigor, um ponto apenas onde pode surgir dessemelhança válida: O Lêntulus da carta diz-se Governador de Jerusalém. De um certo modo, coonestando a complexidade do assunto, convém ressaltar que há diversos textos para a mesma carta, e até mesmo nos jornais antigos - quando o reproduziam - poder-se-ia, facilmente, detectar as diferenças.”
No “Larousse Du XXe Siècle” (4º Tomo), em 6 volumes, Copyright 1931, lê-se o que se segue:
“Lentulus, nom de l’une des branches de la famille Cornelia, à Rome. On Connait surtrout: Lentulus Sura (P. Cornelius), complice de Catilina, étranglé en prison en 63 av. J.C. - Lentulus Spinther, consul en 57, ami de Cicéron et de Pompée. - Lentulus Marcellinus, (Cneius Cornelius), consul en 50, qui défendit la liberté contre les triumvirs.- Lentulus Getulicus (Cossus Cornelius), consul l’an 1er av. J.C. (II dut son surnom à des succés contre les Getules et se distingua sons Tibère.) Lentulus (Cneius Cornelius), fils du précédent, consul en 26 de notre ére, conspira contre Calígula et périt en 39. Il avait composé une Histoire et des Poésies.”
Ainda no “Larousse Du XXe Siècle” (2º Tomo), encontramos os seguintes esclarecimentos:
“Cornelia (famille), maison patricienne de l’ancienne Rome, dont les quatre branches principales étaient celles des Lentulus, des Maluginensis, des Ruffinus et des Scipio. Aucune famille romaine n’a fourni plus de grands hommes que la gens Cornelia.”
“Cornelia (famille), maison plébéienne de l’ancienne Rome dont la branche la plus connue et celle des Cinna. Le poète Gallus, l’historien Tacite, le médecin Celsus, le biograph Cornelius Nepos se rattachaient à cette famille. On trouve des Cornelius Dolabella, Balbius, Merolla, Mammula, Blasio, etc...”
O ideal seria pesquisar sobre o tal duque Cesadini. Eles, os descendentes, devem ter alguma informação a respeito. Saudações. Miguel
ResponderExcluirQuem sabe ler em francês tudo bem...e não explicou a carta, não mostrou. Ficamos sem a descrição. E como provar? Concordo que descendentes desse Duque devem ter informações mas...a Igreja permitiria?
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