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Logo apareceram os mercadores de mediunidade, que sempre os houve por toda parte.
- Alguns exorcistas judeus itinerantes – diz Lucas nos versículos 13 e seguintes – decidiram também invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que estavam possuídos por Espíritos maus e diziam: ‘Conjuro-te por Jesus, a quem Paulo prega’.
Esses judeus eram sete e filhos de um tal Esceva, sumo sacerdote. Pois bem, o Espírito possessor logo lhes respondeu:
- Conheço Jesus e sei quem é Paulo, mas e vocês, quem são?
Diz ainda o narrador que em seguida o homem possesso atirou-se sobre os bisonhos exorcistas e os pôs em fuga, em frangalhos e cobertos de ferimentos, o que causou grande sensação e espanto em toda a cidade de Êfeso.
O episódio é instrutivo sob vários aspectos e o desenvolvimento da prática espírita, a partir do século XIX, veio confirmar e explicar com perfeição o incidente. A mediunidade, como qualquer faculdade humana é, em si mesma, neutra. Tanto pode ser empregada num sentido como noutro, na prática do bem ou como instrumento do mal. Aqueles que a exercem ou que lidam com Espíritos, t~em que estar protegidos pelas boas intenções, pelo estudo, pela fé, pela prece, senão se tornam joguetes e vítimas de seres truculentos do mundo espiritual.. No caso narrado por Lucas, os exorcistas inexperientes invocaram Jesus e citaram Paulo, mas o Espírito que lhes conhecia as intensões interpelou-os de maneira incisiva, percebendo perfeitamente que não falavam em nome do Cristo e nem do seu apóstolo. Em Trôade, enquanto Paulo pregava, um jovem chamado Êutico cochilou e caiu de uma janela de grande altura. Ao tomatem seu corpo no chão, foi dado como morto. Aí, conta Lucas, no capítulo 20, versículos 10 e seguintes:
- Paulo desceu, curvou-se sobre ele e, tomando-o pelos braços, disse|; ‘Não, se perturbem, pois sua alma ainda está nele.’
Com seus recursos mediúnicos, Paulo conseguiu que o Espírito do jovem retomasse a posse do corpo físico. É de notável precisão doutrinária, do ponto de vista espírita, a sua afirmativa de que ‘a sua alma ainda está nele’. A despeito da imobilidade que denunciava a cessação da vida orgânica, Paulo certamente podia ver que o Espírito ainda se achava preso ao corpo e, com algum esforço e ajuda espiritual, conseguiria ‘reviver’ o jovem.
Mais uma observação apenas: o trecho é dos que foram escritos na primeira pessoa do plural. Lucas foi, portanto, testemunha ocular do fato. Narra-o em primeira mão e com precisão, o que denota que ele também, como todos os bons trabalhadores daquela época, conhecia mais acerca do mecanismo das leis espirituais do que a grande maioria haveria de conhecer nos séculos seguintes até o advento do Espiritismo.
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