Uns poucos preferem dizer: Nenhuma importância.
Outros, como por exemplo o Dr. Bezerra de Menezes, acharam o assunto importante o bastante para escrever e mandar publicar artigos e livros a respeito do tema.
Leiam abaixo:
Leiam abaixo:
''Com o pseudônimo Max, que utilizava em seus artigos publicados na imprensa, Adolfo Bezerra de Menezes escreveu para a Gazeta de Notícias, do Rio de Janeiro (à época um dos mais influentes jornais do Brasil, no qual grandes literatos colaboraram, como, por exemplo, Machado de Assis), o artigo abaixo transcrito. A inserção foi feita na 4ª coluna da página 3 (página principal do jornal), da edição de terça-feira, dia 6 de abril de 1897, três anos antes de desencarnar. Bezerra de Menezes respondia, então, à carta de um leitor, divulgada no mesmo jornal, em 23 de março de 1897, na 5ª coluna da página 2.
Eis, pois, a consulta e a resposta de Bezerra de Menezes, o Kardec Brasileiro:
“Meu caro Max. — A nossa incipiência tem encontrado sempre conforto na vossa palavra inspirada e respeitada mesmo pelos ortodoxos da fé; desde, pois, que assumistes uma tal autoridade, a vossa opinião, sem que a embarace a vossa reconhecida modéstia, é segura orientação para os que entretem Grupos Espíritas; e, nestas circunstâncias, relevareis que vos peçamos um conselho: podemos tomar os dois livros publicados pelo Dr. Sayão como normas a seguir no nosso Grupo? — Um discípulo.”
'Bem se vê que o consultante é realmente um incipiente, pois que eleva nossa individualidade a umas alturas que estamos muito longe de atingir; entretanto, por corresponder à sua confiança, dir-lhe-e-mos, com toda a lealdade e sinceridade, o que pensamos sobre os livros do Dr. Sayão.
O Espiritismo não é, como julgam os padres ser, a revelação messiânica, a última palavra sobre as verdades que Deus, em seu amor pela Humanidade, fez baixar do céu à Terra. Enquanto o homem não chegar ao último grau da perfeição intelectual, de penetrar todas as leis da criação, a revelação não chegará a seu termo, pois que ela é progressivamente mais ampla, na medida do desenvolvimento da faculdade compreensiva do homem.
O Espiritismo, pois, tendo dado mais do que as anteriores revelações,
muito terá ainda que dar, porque muito terá ainda que progredir a Humanidade terrestre. Allan Kardec, Espírito preposto por Jesus para reunir, em um corpo de doutrinas, ensinos confiados, pelo mesmo Jesus, ao Espírito da Verdade, constituído por uma legião de Altíssimos Espíritos, só apanhou o que estes deram - e estes só deram o que era compatível com a compreensão atual do homem terreal.
Mas o homem, como já foi dito, não cessa de desenvolver a sua faculdade compreensiva e, pois, os principais fundamentos da revelação espírita, compreendidos nas obras fundamentais de Allan Kardec, tendem constantemente a se alargar em extensão e compreensão, como ele mesmo veio alargar os princípios fundamentais do ensino ou revelação messiânica - e como este veio alargar os da revelação moisaica.
A Allan Kardec sobrevivem outros missionários da verdade eterna, que,
sem destruir a obra feita, porque esta é firmada na lei e a lei é imutável, darão mais luz, para mais largo conhecimento das faces mais obscuras daquela verdade.
Eis aí que já apareceu Roustaing, o mais moderno missionário da lei, que em muitos pontos vai além de Allan Kardec, porque é inspirado como este, mas teve por missão dizer o que este não podia, em razão do atraso da Humanidade.
Não divergem no que é essencial, mas sim nos modos de compreender a verdade, porque esta, sendo absoluta, aparece-nos sob mil fases relativas — relativas ao nosso grau de adiantamento intelectual e moral, que um não pode dispensar o outro, como as asas de um pássaro não se podem dispensar, para o fim de se ele elevar às alturas.
Roustaing confirma o que ensina Allan Kardec, porém adianta mais que este,
pela razão que já foi exposta acima.
É, pois, um livro precioso e sagrado o de Roustaing; mas o autor, não possuindo,
como homem, a vantagem que faz sobressair o trabalho de Kardec, de clareza e concisão, torna-o bem pouco acessível às inteligências de certo grau para baixo.
Seria obra de meritório valor dar à sua exposição de princípios relevantíssimos
a concisão e a clareza que sobram no mestre e que lhe faltam bem sensivelmente.
Foi esta, no fundo, a obra de Sayão.
Em ligeiros traços resumiu, sem lesar, longas exposições - e em linguagem didática clareou e pôs ao alcance de todas as inteligências o que era obscuro à maior parte. O livro de Sayão é um resumo de Roustaing, com as vantagens de Allan Kardec.
É, portanto, correto e adiantado, sob o ponto de vista doutrinário - e é claro e conciso sob o ponto de vista do método.
Por outra: contém as ideias de Roustaing e o método incomparável de Allan Kardec.
Quem compreende a progressividade da revelação não pode recusar preito a Roustaing - e quem quiser colher, em Roustaing, os frutos preciosos de sua inspiração, muito lucrará estudando o livro (os livros) de Sayão.
É chave de ouro, que ninguém deve desprezar - e que, além de ser tal,
encerra observações e práticas que, por si só, recomendariam o hercúleo esforço do Anteu do Espiritismo no Brasil.
Ao caro irmão em crenças, a quem agradecemos, mais uma vez, a honra que nos dispensou, com tanta gentileza, diremos, em conclusão: podeis tomar os dois livros publicados pelo Dr. Sayão como normas a seguir em vosso Grupo.
Neles encontrareis o que há de mais adiantado em Espiritismo, colhido na seara bendita, com a alma cheia de amor, humildade e fé, as virtudes que enastram a coroa do discípulo de Jesus, votado à obra do Mestre Divino, com o coração cheio de energias e de caridade evangélica.
Descansai a mente sobre esta obra preciosa, em que transluzem os clarões da verdade, como repousou a cabeça, no seio de Jesus, o discípulo amado.
E damos graças a Deus por nos ter permitido encontrar, por entre as névoas de nossa peregrinação terrestre, o raio de luz — o farol — o santelmo que nos encaminha ao porto da salvação.
MAX.''
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