Acusações contra os Fariseus e os Escribas
23,1 Dirigindo-se,
então, Jesus à multidão e aos seus discípulos, disse:
23,2 “ -Os escribas e os
fariseus estão sentados na cátedra de Moisés.
23,3 Observai e fazei tudo o que eles dizem, mas não façais como eles,
pois dizem e não fazem.
23,4 atam fardos
pesados e esmagadores e com eles sobrecarregam os ombros dos homens
mas, não querem movê-los sequer com o dedo.
23,5 fazem todas as suas ações para serem vistas
pelos homens. Por isso trazem largas faixas e longas franjas nos seus
mantos.
23,6 gostam dos 1ºs lugares nos banquetes e das 1ªs cadeiras nas sinagogas.
23,7
gostam de ser saudados nas praças públicas e de serem chamados de mestres.
23,8 mas vós não vos façais chamar de
mestre, porque um só é o Pai e vós sois todos irmãos.
23,9 e a ninguém chameis de pai sobre a terra
porque um só é o Pai: Aquele que está nos céus.
23,10 nem vos façais chamar de mestres, porque só
tendes um Mestre, o Cristo
23,11 o maior
dentre vós será vosso servo
23,12 aquele
que se exaltar será humilhado e aquele que se humilhar será exaltado. 23,13 Ai
de vós, escribas e fariseus hipócritas! Vós fechais aos homens o reino dos
céus; Vós mesmos não entrais e nem deixais que entrem os que querem entrar.
23,14 Ai de vós, escribas e fariseus
hipócritas! Devorais os bens das viúvas
fingindo fazer longas orações. Por isso, sereis castigados com muito mais
rigor.
Para
Mt (23,1-39) - Preces pagas, encontramos em “O Evangelho...”, de
Kardec, no seu Cap. XXVI, o que se segue:
“A
prece é um ato de caridade, um impulso do coração; fazer-se pagar pela que se
dirige a Deus por outrem, é transformar-se em intermediário assalariado.”
“A razão, o bom senso, a lógica dizem que Deus, a
perfeição absoluta, não pode delegar a criaturas imperfeitas o direito de pôr
preço em sua justiça. A justiça de Deus é como o Sol, que está para todo o
mundo, para o pobre como para o rico. Se se considera imoral traficar as graças de
um soberano da Terra, seria lícito vender as do soberano do universo?”
Para
Mt (23,13-14) -Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! - leiamos a Luiz Sérgio, em “Dois Mundos
Tão Meus”:
“Assistíamos a Jesus no pátio onde
se achava a arca do tesouro e observava os que ali iam depositar as ofertas. Os
ricos deitavam largas somas, mas Jesus feliz ficou quando pobre viúva
aproximou-se, hesitante, como receosa de ser observada.
Olhou de um lado para outro.
Era tão pouco o que tinha para
doar... mas o fazia com o coração, ela acreditava na obra de Deus.
Após depositar a moeda, virou-se e já ia se
afastar ligeiro, porém encontrou o olhar de Jesus cravado nela.
Quanta doçura! Quem não conhece a parábola do
óbulo da viúva?
E assim Jesus ia pregando. Ouvimos o Mestre
falar:
“Ai de vós escribas e fariseus hipócritas! pois
edificais os sepulcros dos profetas e adorais os monumentos dos justos e
dizeis: Se existíssemos no tempo dos nossos pais, nunca nos associaríamos com
eles para derramar o sangue dos profetas. Assim, vós mesmos testificais que
sois filhos dos que mataram os profetas” (Mt 23,30-31).
Os judeus eram muito zelosos com os
túmulos dos profetas mortos, mas negligenciavam os seus ensinos.
Como
somos culpados em negligenciar as viúvas, os órfãos, os doentes, em
construirmos mausoléus para os mortos!
Acompanhávamos a narrativa.
Cristo
lutava contra a hipocrisia, os erros pelos quais os homens estavam destruindo a
própria alma. O semblante de Jesus estampava divina piedade, quando falou:
“Jerusalém,
Jerusalém, que mata os profetas, e apedrejas os que te são enviados. Quantas
vezes quis Eu ajuntar os teus filhos como a galinha junta os seus pintinhos
debaixo das asas, e tu não quiseste!
Jesus já Se despedia, olhando
fixamente para cada pessoa, e falou:
Eis
que vossa casa vai ficar deserta. (Mt 23,37-39)
Lenta
e dolorosamente deixou Cristo, para sempre, os limites do templo.
O povo que amava Jesus chorou, os
sacerdotes principais encheram-se de terror. Indagaram:
Por que Ele proferiu tais palavras? Diante de nós, Cristo preparava-Se para
deixar a Crosta, ficando bem claro que Seu amor não se restringia a uma classe;
que Seus seguidores não poderiam viver separados, tinham de considerar irmãos
uns aos outros, e que um filho de Deus pratica uma boa ação a cada minuto.
Neste trecho Cristo só falou em caridade,
frisando que um bom homem tem de confortar os tristes, proteger os que estão em
perigo, abrir a porta aos necessitados e sofredores, pois não devemos
negligenciar os pobres e estropiados;
Deus deu ao rico fortuna para que
socorra e conforte Seus filhos sofredores.
Aqui encerrou a aula, mas, como
gostaríamos de permanecer mais tempo.
Logo estávamos no pátio da
Universidade...”
Acusações contra os Fariseus e os Escribas
23,15
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Percorrei mares e terras para fazer um
prosélito e, quando o conseguis, fazeis dele um merecedor de longo estágio no
umbral, duas vezes pior que o que preparais para vós mesmos.
23,16 Ai de vós, guias de cegos! Vós direis, se
alguém jura pelo templo, isto não é nada; mas se jura pelo tesouro do templo, é
obrigado pelo seu juramento.
23,17 Insensatos! Cegos! Qual é o maior? O ouro ou
o templo que santifica o ouro? 23,18 E
dizeis ainda: Se alguém jura pelo altar, não é nada; mas, se jura pela oferta
que está sobre ele, é obrigado.
23,19
Cegos! Qual é o maior? A oferta ou o altar que santifica a oferta?
23,20 Aquele que jura pelo altar, jura,
ao mesmo tempo, por tudo o que está sobre ele. 23,21 Aquele que jura pelo templo, jura, ao mesmo
tempo, pelo trono de Deus e
por Aquele que
nele está sentado.
23,22 E aquele que
jura pelo céu, jura, ao mesmo tempo, pelo trono de Deus e por Aquele que nele
está sentado.
23,23 Ai de vós escribas e
fariseus hipócritas! Pagais o dízimo da hortelã, da erva doce e do cominho e
desprezais os preceitos mais importantes da lei: A justiça, a
misericórdia e a fidelidade.
23,24 Guias cegos!
Filtrais um mosquito e engolis um camelo!
23,25
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Limpais por fora o copo e o
prato e por dentro estás cheios de roubo e de cobiça.
Para
Mt (23,15-25) -Ai de Vós, Escribas e Fariseus
Hipócritas!
- leiamos ainda a Sayão, em “Elucidações Evangélicas”:
“Escribas e fariseus hipócritas são
todos os que se abrigam por detrás de uma fé que não possuem, a fim de abusarem
da credulidade dos homens e dela se aproveitarem para a consecução de seus
fins; são os que mercadejam com as suas orações e vendem as graças do Senhor,
assim como a entrada na morada divina.
São cegos, guias de cegos, que
emaranham seus irmãos numa teia inextricável de puerilidades culposas; que
substituem os ensinamentos singelos de Nosso Senhor Jesus Cristo, constantes
nos Evangelhos, por um tecido de mandamentos mesquinhos e arbitrários que eles
mesmos elaboram; pesadas cadeias com que embaraçam o passo no sagrado carreiro
da salvação, às criaturas humanas, as quais, cegas também, mas que, no entanto,
para verem a luz, bastaria abrissem os olhos, se submetem a um jugo que a razão
repele.
Felizmente, porém, por mais que
hajam feito e ainda façam, a luz que se irradia da santa Doutrina do divino
Mestre vai espancando as trevas das inteligências e dos corações e esses
infelizes, um dia, reconhecerão quão criminosos foram. O remorso, então, e a
expiação lhes farão curvar as frontes orgulhosas e dobrar os joelhos
inteiriçados. Queiram ou não queiram, hão de eles
convencer-se, e bem assim os que lhes obedecem ao mando, que já vai distante o
tempo das supersticiosas imposições da teocracia; que ao seu reinado sucedeu o
império da inteligência e da razão, tornadas aptas a apreender, em toda a sua
simplicidade e pureza, as verdades evangélicas, únicos fundamentos inabaláveis
da fé esclarecida e ativa.
Sim,
passou o tempo da fé cega. Os crentes, os verdadeiros crentes, se formam, e
cada vez mais assim será, pelo exercício livre do pensamento, pelo estudo, pela
observação, pela investigação, pela análise.”
Acusações contra os Fariseus e os Escribas
23,26
fariseu cego! Limpa primeiro o interior do copo e do prato para que
também o que está fora fique limpo!
23,27
Ai de vós, escribas e fariseus hipócritas! Por fora parecem formosos,
mas, por dentro, estão cheios de ossos, de cadáveres e de toda espécie de
podridão.
23,28 Assim também vós. Por
fora pareceis justos aos olhos dos homens mas, por dentro, estais cheios de
hipocrisias e de iniquidade.
23,29 Ai de
vós escribas e fariseus hipócritas! Edificais sepulcros aos profetas, adornais
os monumentos dos justos
23,30 e dizeis,
se tivéssemos vivido no tempo de nossos pais, não teríamos manchado nossas mãos
como eles no sangue dos profetas...
23,31
Testemunhais, assim, contra vós mesmos que sois de fato os filhos dos assassinos dos profetas.
23,32 Acabais, pois, de encher a medida de vossos
pais!
23,33 Serpentes! Raça de víboras!
Como escapareis ao castigo?
23,34 Vede, Eu vos envio profetas, sábios,
doutores... matareis e crucificareis uns e açoitareis outros nas vossas
sinagogas.
23,35 Para que caia sobre vós todo o sangue
inocente derramado sobre a terra, desde o sangue de Abel, o justo, até o sangue
de Zacarias, filho de Baraquias, a quem mataste entre o templo e o altar.
23,36 Em verdade vos digo, todos esses crimes pesam
sobre esta raça! 2
23,37 Jerusalém.
Jerusalém, que mata os profetas e apedrejas aqueles que te são enviados! Quantas vezes Eu quis
reunir teus filhos, como a galinha reúne seus pintinhos debaixo de suas
asas...e tu não quiseste!
23,38 Pois
bem! A vossa casa vos é deixada deserta!
23,39
Porque, Eu vos digo: Já não Me vereis de hoje em diante, até que
digais: Bendito seja Aquele que vem
em nome do Senhor!
Para
Mt (23,29-39) -Bendito seja aquele que vem em nome do
Senhor!
- leiamos, mais uma vez, a Sayão, em
“Elucidações Evangélicas”:
“O Divino Mestre aludia, para esses
versículos, à morte e às perseguições que os profetas tinham sofrido, ao
sacrifício que breve se consumaria no Gólgota, às perseguições, aos martírios e
à morte que os apóstolos, os discípulos e os primeiros cristãos viriam a
sofrer, aos esforços que Ele fizera para reunir as ovelhas em torno do cajado
do bom pastor à destruição de Jerusalém, à dispersão dos Judeus e, finalmente,
à época alegórica do fim do mundo, isto é, à época em que, operada pela
depuração e transformação do nosso planeta e da humanidade terrena a
regeneração desta, vindo o nosso protetor, governador e Mestre em toda a sua
glória, os homens (Judeus e Gentios), regenerados, clamarão, num brado uníssono
de amor, como outrora a multidão que o acompanhava à sua entrada na cidade
santa: Bendito o que vem em nome do
Senhor!”
“O
Livro dos Médiuns”, de Kardec, em seu Cap. XXXI, apresenta comunicação,
obtida por um dos melhores médiuns da Soc. Espírita de Paris, assinada com um
nome que o respeito não permitiu Kardec reproduzir.
Em nota de rodapé, prossegue Kardec:
“De modo algum duvidamos que Jesus de Nazaré
possa manifestar-se; mas, se os espíritos verdadeiramente superiores não o
fazem, senão em circunstancias excepcionais, a razão nos inibe de acreditar que
o Espírito por excelência puro responda ao chamado do primeiro que apareça. Em
todo caso, haveria profanação, no se lhe atribuir uma linguagem indigna dele.”
“Na comunicação abaixo, apenas uma
coisa reconhecemos: é a superioridade incontestável da linguagem e das idéias,
deixando que cada um julgue por si mesmo se aquele de quem ela traz o nome não
a renegaria.”
De parte do compilador, apenas
recusamos a afirmação “responda ao chamado do primeiro que apareça.” Parece-nos
possível que nem o próprio Kardec tivesse claro a magnitude do trabalho que
empreendia ao denominar-se, e aos seus pares, dessa forma. Leiamos o
texto:
“Venho,
eu, vosso Salvador e vosso juiz; venho, como outrora, aos filhos transviados de
Israel; venho trazer a verdade e dissipar as trevas. Escutai-me. O Espiritismo,
como outrora a minha palavra, tem que lembrar aos materialistas que acima deles
reina a imutável verdade: o Deus bom, o Deus grande, que faz germinar a planta
e que levanta as ondas. Revelei a Doutrina Divina; como o ceifeiro, atei em
feixes o bem esparso na Humanidade e disse: Vinde a mim, vós todos que sofreis
!
Mas, ingratos, os homens se desviaram do caminho reto e
largo que conduz ao reino de meu Pai e se perderam nas ásperas veredas da
impiedade. Meu Pai não quer aniquilar a raça humana; quer, não mais por meio de
profetas, não mais por meio de
apóstolos,
porém, que, ajudando-vos uns aos outros, mortos e vivos, isto é, mortos segundo
a carne, porquanto a morte não existe, vos socorrais e que a voz dos que já não
existem ainda se faça ouvir é a Ressureição, e a vida - a prova escolhida,
durante a qual, cultivadas, as vossas virtudes têm que crescer e desenvolver-se
como o cedro.
Crede nas vozes que vos respondem: são as próprias almas
dos que evocais. Só muito raramente me comunico. Meus amigos, os que hão
assistido à minha vida e `a minha morte são os interpretes divinos das vontades
de meu Pai.
Homens fracos, que acreditais no erro das vossas
inteligências obscuras,
não
apagueis o facho que a clemência divina vos coloca nas mãos, para vos clarear a
estrada e reconduzir-vos, filhos perdidos, ao regaço de vosso Pai.
Em
verdade vos digo: crede na diversidade, na multiplicidade dos Espíritos que vos cercam.
Estou infinitamente tocado de compaixão pelas vossas misérias, pela vossa
imensa fraqueza, para deixar de estender mão protetora aos infelizes
transviados que, vendo o céu, caem no abismo do erro. Crede, amai, compreendei
as verdades que vos são reveladas; não mistureis o joio com o bom grão, os
sistemas com as verdades.
Espíritas! Amai-vos, eis o primeiro ensino; instruí-vos,
eis o segundo. Todas as verdades se encontram no Cristianismo; são de origem
humana os erros que nele se enraizaram. Eis que do além-túmulo, que julgais o
nada, vos clamam vozes: Irmãos! nada perece; Jesus Cristo é o vencedor do mal,
sede os vencedores da impiedade.”