quarta-feira, 30 de dezembro de 2015

Pai Nosso


Pai Nosso: - Pai de todas as criaturas, Criador supremo, de quem todos provimos.

Que estás no céu: - que ocupas o infinito da tua criação, tão acima de nós, que os nossos olhos impuros te não podem descobrir.

Santificado seja o teu nome: - que cada uma das tuas criaturas te bendiga o nome, pelos seus pensamentos e atos, como pelas suas palavras; que seus corações nada abriguem capaz de lhes macular os lábios com uma blasfêmia, tornando-os impuros para proferir o nome d’Aquele que é a pureza absoluta.

Venha a nós o teu reino: pois que o teu reino é da justiça, da paz e do amor; que a paz, o amor e a justiça reinem entre os homens.

Faça-se a tua vontade, assim na Terra como no céu: - que as leis santas, justas e imutáveis, que nos impuseste, sejam observadas e praticadas com amor e felizes, por humanidades mais adiantadas do que a nossa; como o são pelos Espíritos bem-aventurados, que na sua submissão aos teus santíssimos desígnios têm a fonte da bem-aventurança de que gozam.

Dá-nos hoje o pão de cada dia, pão que está acima de qualquer substância: - concede-nos, Senhor, o alimento necessário à sustentação do corpo material que nos deste, como instrumento para a obra da nossa purificação espiritual; mas, dá-nos, sobretudo, o pão da vida eterna, o viático indispensável a todos os Espíritos que faliram, como os nossos, para que tenham a força de subir até ao sólio da tua eternidade.

Perdoa as nossas dívidas, como perdoamos aos nossos devedores: - Perdoa-nos as ofensas que temos feito, os pecados em que a todo instante caímos, as faltas que ainda a todo momento incorremos, transgredindo os preconceitos da tua santa lei. Mas, como o amor e o perdão formam a essência dessa lei, a que se acha submetida a nossa existência, que a tua justiça caia sobre nós, pois que disseste, pelo teu Filho bem-amado, o nosso Mestre divino: “Amai os vossos inimigos; fazei bem aos que vos odeiam; abençoai os que vos amaldiçoam.” Usa, porém, de misericórdia para conosco, se misericordiosos formos para com os nossos irmãos, perdoando-nos tanto quanto houvermos perdoado as faltas dos nossos semelhantes.

Não nos deixes cair em tentação: - bem conhecendo a extensão da nossa fraqueza, forra-nos, Senhor, às provas demasiado fortes para a nossa virtude e dá-nos forças para resistirmos aos nossos maus pendores; fortalece-nos a coragem, revigora-nos as energias, a fim de que possamos vencer, sem tibiezas, nem desfalecimentos na luta que precisamos travar com as paixões grosseiras e os sentimentos inferiores, que nos tentam de contínuo para a nossa perdição.

Livra-nos de todo mal: - permite, Senhor, que cercados pelos bons Espíritos, dóceis aos seus conselhos e inspirações, possamos sempre resistir às nossas inclinações más, e repelir assim os maus Espíritos que, atraídos por essas inclinações, paixões e vícios, tentam constantemente apoderar-se de nós e arrastar-nos ao caminho do mal.

Amém, que quer dizer – assim seja: - assim seja, Senhor, pois que o reinado, o poder e a glória te pertencem a ti que és o único verdadeiramente grande, que estás acima de todas as coisas e de todas as criaturas, a ti que és o nosso Deus, o Criador único de tudo o que vive e se move no espaço infinito, a ti que, onipotente na imensidade, és o nosso juiz supremo, o nosso soberano, o nosso Rei, a quem tributamos as homenagens dos nossos corações e em cujo louvor entoarão as nossas almas cânticos eternos.

Por concluir, repitamos o conselho com que os evangelistas e os apóstolos puseram fecho a essa explicação dominical:

          “Meditai, amados irmãos, neste ensinamento que, em nome e da parte do Cristo, Espírito da Verdade, acabamos de dar-vos, acerca da oração dominical. Estudai com o coração tudo quanto esta sublime prece inspira ao homem. Para se manter no bom caminho, desenvolvendo e fortificando em si os sentimentos do dever para com Deus, para com seus irmãos e para consigo mesmo. Estudai com o coração tudo o que ela encerra de amor, de reconhecimento e de submissão Àquele que, desde toda a eternidade, foi, é e será Deus de bondade, de perfeições absolutas e infinitas. Que esse Deus, o Deus de amor vos abençoe. ”

Antônio Luiz Sayão
“Elucidações Evangélicas”

(págs. 165- 167 da 5ª edição FEB)

terça-feira, 29 de dezembro de 2015

No túmulo de Kardec


'Reformador' pág. 167-168 em Junho de 1976 'Ante a tumba de Kardec'  parte


A propósito do dólmen de Kardec, ante o qual se realizou a solenidade, vale a pena recordar o que publicou o Reformador de maio de 1960, à página 106:

"Sobre a frase - Nascer, viver, morrer, renascer ainda e progredir continuamente, esta é a lei -, vimos recebendo consultas e a elas tentaremos responder.  

A frase que se encontra no dólmen do Codificador, no Père-Lachaise, é: "Naître, mourir, renaître encore et progresser sans cesse, telle est Ia loi."

Nela não há, como se vê, o verbo "viver", inteligentemente acrescentado por alguém, aqui no Brasil, e isto faz mais de cinquenta anos. A frase ficou mais completa e até com melhor cadência.

Muitos traduziram "sans cesse" como se estivesse "toujours"; "sans cesse", porém, é uma locução francesa que significa "sans discontinuer", "continuellernent", como registra Larousse.

Alguns têm afirmado que a frase é da autoria de Allan Kardec; entretanto, parece-nos que ela foi construída por um dos seus discípulos, exatamente para figurar no túmulo do Codificador."

Ocorre, porém, que "o espírito sopra onde quer" e, no que tange a essa frase, soprou-a diversos ouvidos.  Encontramo-la, por isso, em diferentes escritos, de autores diferentes, em datas diferentes. Vemo-la na obra Clé de la Vie, de Louis Michel, organizada por C. Sardou e L. Pradel, editores, Rue du Hassard, 9, Paris, datada de 1º de agosto de 1857, página 570:

"Saturées de l'aimant divin, de l'amour divin, des provisions divines de toute nature, les âmes solaires, par cet aimant, par cet amour, par tous ces divers agents célestes, font naître, vivre, circuler, évolutionner, múrir, se transformer, monter au chemin ascendant, leurs soleils et leurs planètes, et, par les âmes de ces dernières, font jouir des mêmes avantages Ia plus obscure image de Dieu elle-même, l'homme, resté, encore, en dehors de l'unité; dès qu'il consent à s'y prêter un peu."

Em discurso pronunciado na presença de Kardec, no dia 14 de outubro de 1861, na Reunião Geral dos Espíritas de Bordéus, o Sr. Sabò disse textualmente:

"... pour aller à lui, faut naître, mourir et renaitre jusqu'à ce qu'on soit arrivé aux limites de Ia perfection ... " (Revue Spirite, 1861, p. 331.)

Vejamos também estas duas frases:.

"Tout, tout, dans cette grande unité de Ia création, existe, nait, vit, fonctionne et meurt et renaît pour l'harmonie universelle."

"( ... ) il faut naître, mourir et renaître jusqu'à ce que l'on soit parvenu aux limites de Ia perfection."

Estão elas em Les Quatre Évangiles, J.-B. Roustaing, Tome Premier, Paris, Librairie Centrale, 24, Boulevard des Italiens, 1866, às páginas 191 e 227, respectivamente. (Em português - Os Quatro Evangelhos -, às páginas 191 e 227 correspondem, respectivamente, as de nºs 305 e 339, também do 1º volume - 5.a edição, FEB, 1971.)

Notemos que a frase é substancialmente a mesma, sob várias formas, sempre, porém, com o mesmo sentido, em 1857, 1861, 1866 e finalmente em 1870, quando foi insculpida no frontispício do dólmen de Kardec, em três linhas:

NAlTRE MOURIR RENAiTRE ENCORE
ET PROGRESSER SANS CESSE
TELLE EST LA LOI

Ainda podemos mencionar aqui a tradução que Camille Selden (pseudônimo de Elise Krinitz) fez do romance de João Wolfgang Goethe: Die Wahlverwandtschatten (1809). Na referida tradução, sob o título Les affinités électives, publicada em Paris pelos editores G. Charpentier e E. Fasquelle (Bibliothèque-Charpentier), com prefácio da tradutora, datado de janeiro de 1872, deparamos a páginas 78 esse período do discurso que um pedreiro proferia no lançamento da pedra fundamental de uma casa:

"Naitre pour mourir, mourir pour renaître, telle est la loi universelle. Les hommes y sont soumis, à bien plus forte raison leurs travaux."

A frase grifada por nós não consta, em verdade, no original alemão (conforme certificamos em edições publicadas em Leipzig e em Basel) , que apenas fala da "efêmera passagem das coisas deste mundo". Inteiramente concorde com o alemão está a tradução em português, feita em 1948 por Conceição G. Sotto Maior, editada pelos Irmãos Pongetti.

Não cremos que Camille Selden tenha tido conhecimento da sentença gravada na pedra que serve de teto ao dólmen de Kardec. Cremos, isto sim, que o pensamento da sentença havia muito andava no ar e, tal como nos demais casos acima assinalados, fora também soprado pelo espírito aos ouvidos da tradutora.

Terá sido por tudo isso que o Espírito Emmanuel a atribui não a um ser humano em particular, mas sim ao Espiritismo. Com efeito, diz ele, na página intitulada "Problema conosco", inserta no livro Justiça Divina (F. C. Xavier, 1a edição FEB, 1974, p. 84) : E o Espiritismo acentua: "Nascer, viver, morrer, renascer de novo e progredir continuamente, tal é a lei." (Os grifos são de Reformador).




sábado, 26 de dezembro de 2015

Expiações e Provas


Expiações e provas.

Expiações ou provas.

Expiões e/ou provas.

Sutilezas doutrinárias que suscitam, com frequência, indagações: Que é expiação? Que são provas?

A nosso ver, o assunto foi claramente explicado a Allan Kardec, em "O Livro dos Espíritos", Parte Segunda, Cap. VI, "Da Vida Espírita".

Expiação é resgate, é reparão, sob o impositivo da Lei de Causa e Efeito, a que estamos submetidos na caminhada rumo ao aperfeiçoamento, em harmonia com os preceitos evangélicos "ninguém sairá daqui sem pagar o último ceitil", e "a cada um será dado de acordo com suas obras".

Na provação, há escolha de certas situações reajustadoras, algumas vezes usando o reencarnante seu livre-arbítrio; outras vezes, por sugestão de Amigos Espirituais, ou, ainda de outras, com ambas as hipóteses.

O pronunciamento dos Espíritos (questões 258 a 273) aclara suficientemente o assunto, nada obstante surgirem frequentes interrogações em nossos estudos doutrinários.

Assim como as leis humanas punem, nos Tribunais, o elemento faltoso, a Suprema Justiça corrige, instrui e ajuda o infrator, submetendo-o à expiação de seus erros.

A provação é um teste. É um experimento através do qual revela o Espírito, encarnado ou desencarnado, suas reais e efetivas possibilidades.

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A Divina Sabedoria, pelo maravilhoso mecanismo de suas leis, que o nosso atraso não permite apreender integralmente, planifica determinados tipos de provas para reajuste de nossa Alma. São provações preestabelecidas nos Conselhos Maiores da Espiritualidade, integrando o quadro de nossas lutas redentoras.

Existem, contudo, provas circunstanciais, isto é, do presente. Não m origem no passado. Não foram planificadas antes de nosso ingresso "nas correntes da vida física", atras da reencarnação.

A existência humana, com seus altos e baixos, reações e imprevistos, impõe-nos, a cada momento, os mais diversos testes, desafiando a lucidez da inteligência, a vigilância do coração, o equilíbrio do sentimento, os valores morais, a firmeza da fé e das conviões.

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Não é fácil distinguir, sem erro, as provas do pretérito das que surgem no presente. Mas, que importância tem isso? Nenhuma, a rigor.

O essencial, assim o entendemos, é superar, transpor, triunfar das provas. Resignar-nos ante as expiações, por mais dolorosas, escudando-nos em Cristo e Kardec, o Mestre e o Discípulo, ou seja, no Evangelho e assim na Filosofia Espírita.

Nas expiações e nas provas, temos, portanto, dois maravilhosos elementos de sustentação: Jesus e Kardec, coadjuvados pelos sublimes Benfeitores de Mais Alto.

O Divino Emissário e o Codificador do Espiritismo nos levarão, no tempo e no espaço, ao esclarecimento e ao progresso. A redenção e à felicidade.

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Expiar, pois, é resgatar faltas.

Ser provado é ser testado, ser experimentado em lutas e situações difíceis. Emmanuel, o abençoado Instrutor, faz, claramente, a diferenciação entre uma coisa e outra: "a prova é o mesmo teste inquietante e o golpe da expiação continua sendo a luta difícil e inevitável... " (Leia-se "Religião dos Espíritos", mensagem "Oração e Provação", edição da FEB, pág. 83

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O tema, embora explicado com clareza pelos Espíritos, apresenta, reconhecemos, sutilezas.

Embora expiações e provas sejam coisas distintas, geralmente se confundem nas conceituações humanas, bastando lembrar que, na expiação, também está o Espírito sujeito à prova da resignação e da fé, da confiança e da humildade...

Allan Kardec em "O Evangelho segundo o Espiritismo" é claro: "assim, a expiação serve sempre de prova, mas nem sempre a prova é uma expiação." ("Causas Anteriores das Aflições".)

O Espírito submetido a uma expiação é, ao mesmo tempo, provado no desejo de sair vitorioso.

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O importante para o ser humano é vencer, cristãmente, provas e/ou expiações, compreendendo e perdoando, estudando e trabalhando, eis que, segundo André Luiz: "diante de qualquer sofrimento, o trabalho é o nosso melhor caminho de libertação." ("Respostas da Vida", edição IDEAL, g. 85)

A evolução depende, essencial e basicamente, de sabermos suportar, com intrepidez, as expiações que redimem. E superar, nobremente, as provas que faceamos, eis que ambas, sintetizando lutas e experimentações, se definem por autênticos cadinhos purificadores da Alma.

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O triunfo sobre Expiações e Provas fortalece o Espírito. Liberta-o para sublimados cometimentos.

Com a libertação, novas conquistas.

A elevação do sentimento.

A iluminação da consciência.

O enobrecimento do coração.

A solidificação do caráter, construindo a dignidade pessoal.

A luz no santuário interior.

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Aluno que recusa as provas, deixando de realizá-las em tempo hábil, não recebe o diploma no final do ano letivo. Fenômeno idêntico ocorre com o Ser Imortal no Educanrio Terrestre.

Nossa luz interna brilhará, em tempo mais ou menos breve, amanhã ou daqui a séculos ou milênios, na proporção do esforço e da sinceridade em vencermos expiações e/ou provas, no círculo da parentela ou no relacionamento social.

Exercitando os valores da humildade e da paciência, virtudes realmente difíceis, mas não inatingíveis, da compreensão e da boa-vontade, do amor e do trabalho, com Jesus e Kardec, estaremos harmonizando-nos com vistas à grande jorrada.

A luz da renovação espiritual começa ...
Expiações e Provas
J. Martins Peralva

Reformador (FEB) Maio 1976