Sem data certa, estarei postando algumas biografias de Espíritas do passado que, por motivos que não compreendemos bem, foram levados ao esquecimento.
BIOGRAFIAS
Aristides Spínola
Caetité, Bahia
29-08-1850
Rio de Janeiro, RJ
09-07-1925
Advogado do Espiritismo. É o que se pode dizer, logo de início, de Aristides de Souza Spínola, nascido na Bahia, tal como outros grandes espíritas: José Petitinga, Luiz Olímpio Teles de Menezes, Leopoldo Machado e Carlos Imbassahy. Homem voltado ao bem da pátria e do povo. Herdara do pai, o Cel. Francisco de Souza Spínola, deputado geral pela Bahia em três legislaturas, o pendor para a política, onde também se destacou, criado que fora “em rígidos princípios morais, sabendo ver o valor de um nome honrado”, como se lê na sua biografia, incluída em “Grandes Espíritas do Brasil”, de Zeus Wantuil. Antes, porém, de escrevermos sobre o espírita valoroso que ele foi, sempre pronto a defender o Espiritismo de ataques levianos, tão comuns até alguns anos atrás, torna-se necessário, para que melhor o compreendamos, anotar, embora de modo sucinto, algo de sua vida de homem público.
Bacharelou-se em Direito em 1871, após cursar com brilhantismo a Faculdade de Direito de Recife, aluno assíduo, interessado em formar uma grande cultura jurídica. Advogou em sua terra natal, sem deixar de lado os estudos. A história, principalmente, o atraía. E tal era seu entusiasmo pela matéria, que percorreu, por mais de uma vez, o vale do rio são Francisco e outras regiões, para coligir apontamentos para seus estudos.
Em 1878, bem moço ainda, foi eleito deputado provincial pela Bahia; de 1879 a 1880, Presidente da Província, hoje Estado, de Goiás, tendo sido elogiado pelo Imperador Pedro II, que exaltou os predicados morais e intelectuais de que já dera provas. Em 1881, na primeira eleição direta que houve, em nosso país, representou a Bahia na Assembléia Geral do Império. Conquistou, definitivamente, o eleitorado baiano. Reelegeu-se em 1885 e de 1886 a 1889. Sempre deputado geral. Não cabe narrar, nesta página, a atuação de Spínola na política brasileira, basta que se diga que tem seu nome registrado no Dicionário Bibliográfico Brasileiro, de Sacramento Blake, 1º Volume, onde é repetida uma notícia biográfica do periódico “A Lei”: Um dia, lecionava Filosofia o sábio frei Antonio da Virgem Maria Itaparica e, num debate franco entre aluno e mestre, este, para assombro geral, convidou o moço a sentar-se na cátedra que ocupava e tomou lugar entre os discípulos, para ouvi-lo. Ao ser proclamada a República, exercia o cargo de 1º secretário da Câmara. Só em 1909 a 1911, voltou a eleger-se, afastando-se, então, definitivamente da política, para se dedicar à advocacia, ao estudo. Já era espírita. Adepto sincero e fervoroso da Doutrina Espírita. As palavras do seu biógrafo, insertas em “Reformador” e coligidas por Zêus Wantuil, sem indicação do autor, melhor do que podemos fazer, traça a figura do homem ilustre e bom: “-Dentro da política, do mesmo modo que fora dela, nunca deixou de ser impecável o seu proceder, o que, de par com a estima dos que a seu lado militavam no Parlamento, lhe assegurou a admiração e o respeito de quantos lhe apreciavam a ação parlamentar, invariavelmente visando a superior objetivo, assim como o saber e a moral postos ao serviço dessa ação. É indiscutível que, dispondo a seu talante de tantos fatores eficientes para a obra do engrandecimento humano, se em sua alma, ele encontrasse agasalho à ambição das glórias e grandezas mundanas, houvera sido um dos que os homens consideram grandes e houvera talvez vivido na opulência e nos gozos que a riqueza propicia. Tal, porém, não podia acontecer, pois seu espírito pairava acima das contingências humanas, em busca de objetivos mais altos, nobres e duradouros. Tão logo banhara a alma com as claridades do Espiritismo, pautou suas atitudes políticas pelos novos ensinos reveladores, até que, soada a hora, ele a tudo renunciou para se tornar, só e só, servo de Cristo e diligente obreiro do espiritismo.” “-Foi esse um passo difícil, - diz o “Reformador”, que exigiu de Aristides Spínola a virtude da humildade, renúncia que constituiu o ponto culminante da sua trajetória terrestre, o grande exemplo, a lição magnífica que nos legou, lição e exemplo que fazem avultar imensamente aos nossos olhos a sua grandeza moral e no-lo mostram, soberbo e admirável, na sua verdadeira grandeza espiritual.” Ingressou, em 1905, na FEB, levado por Pedro Richard, e a ela se dedicou, de corpo e alma, durante 21 anos seguidos, até a sua desencarnação. E foi vice-presidente da Casa de Ismael, substituindo o Dr. Geminiano Brazil, presidente em 1914, 1916 e 1917,1922 e 1924. Ao falecer, era, de novo, vice-presidente. Um abnegado. Não disputava cargos, mas encargos. Estava pronto a ser o porteiro da instituição, caso só ali pudesse ser útil. Outra vez damos a palavra a seu biógrafo, talvez Guillon Ribeiro, talvez o próprio Richard, seu grande amigo. “-O que queria era trabalhar. E trabalhou sempre, e muito, e trabalhou bem. Dentre os serviços prestados, merecem ser destacados os que ele teve ensejo de dispensar à FEB, como advogado, de todas as vezes que o espiritismo se viu alvejado pela ciência oficial, sob a forma de perseguições aos médiuns, por exercício ilegal da Medicina.
O último caso dessa natureza verificou-se em 1923, com a vitória de Spínola na ação que intentaram contra a médium receitista e curador Inácio Bittencourt. Em todos esses episódios jurídicos, a quem o amor que consagrava à doutrina dos espíritos o levara a especializar-se inigualavelmente nesse gênero, encontrou oportunidade para produzir trabalhos que, tendo sempre conduzido ao triunfo as causas por ele pleiteadas, ficaram e permanecerão quais padrões indestrutíveis da sua vastíssima cultura jurídica e do profundo conhecimento que tinha, não somente do conjunto da Doutrina Espírita, mas também do espírito de cada um, dos princípios que a alicerçavam, do altíssimo objetivo da seus ensinos e da sua mais ampla finalidade. “Foi homem de Direito. Amante apaixonado da justiça. Defensor corajoso da mediunidade tão incompreendida e em nossa terra, perseguida. Com sereno entusiasmo se batia pela boa causa do espiritismo. E era jornalista de mérito, que colaborou nos grandes jornais do país. Obras Publicadas: Além de trabalhos políticos e parlamentares, a tradução de ‘Ensaio de revista geral e da interpretação sintética do Espiritismo’, de E. Guel, e ‘Caridade Perseguida’, memorial de recurso criminal, ‘Estudos sobre os índios que habitam as margens do rio Araguaia (carajás).’